HISTÓRIA E PATRIMÓNIO

Fique a conhecer um pouco melhor a história da nossa Paróquia, dos seus elementos arquitectónicos e artísticos, e também as várias transformações causadas pelos sucessivos restauros e remodelações.

Paróquia do Campo Grande

Igreja Paroquial

dos Santos Reis Magos

Desde o século XVI que é conhecida a existência de uma pequena Ermida da invocação dos Três Santos Reis, no local do Campo Grande, nessa altura, subúrbio de Lisboa.

A Ermida dos Três Santos Reis começou por estar integrada na freguesia de Santa Justa de Lisboa, mas o desenvolvimento demográfico da zona levou à sua desanexação da Paróquia de Santa Justa, tendo então sido agregada à de São João Baptista do Lumiar. Pouco tempo depois, no século XVIII, passa a ter o estatuto de Paróquia independente. 

O terramoto de 1775 e a reconstrução

O terramoto que aconteceu em Lisboa, em 1755 destruiu quase por completo a Ermida dos Três Santos Reis.

Mas rapidamente se gerou um amplo movimento de recuperação e de adaptação da antiga Ermida às necessidades de desenvolvimento do Campo de Alvalade e, em particular, do Campo Grande. A esta ideia se associaram, com grande empenho, os paroquianos com os seus donativos, a Santa Casa da Misericórdia, e a Rainha D. Maria I, autorizando o funcionamento de uma feira livre na zona circundante da Ermida cujas receitas eram exclusivamente destinadas às obras de reconstrução do templo.

E foi assim que, a partir do final desta campanha de angariação de fundos e donativos, que terminou em 1778, se deu inicio à reconstrução da Igreja dos Santos Reis Magos, tratando-se de uma edificação com uma arquitectura relativamente simples, possivelmente devido à crise económica pós-terramoto.

A frontaria é constituída por um portal de entrada com sobrecarga de cantaria. Sobre o entablamento frontal existe um óculo e frontão triangular, situando-se a única torre na prumada ocidental. O interior do templo é constituído pela nave e pela capela mor, sobre cujo arco se ostenta o escudo real de D. Luís, com as armas de Portugal. 

O tecto da capela-mor, em abobadilha de aresta, apresenta pinturas seiscentistas que foram restauradas em 1880 por Pereira Júnior, constituindo o documento mais antigo do Templo. 

O retábulo de talha dourada é de estilo neoclássico, rematada por esplendor, com colunas de fustes canelados e capitéis coríntios. A esconder o trono onde se fazia a adoração do Santíssimo Sacramento, uma pintura de Pedro Alexandrino com a Adoração dos Reis de belíssima qualidade. Nos alçados laterais da capela-mor, outras duas telas do mesmo autor figuram, do lado da Epístola, a Natividade de Jesus e do lado do Evangelho, a Circuncisão de Jesus.

Na face interna da fachada, encontra-se um duplo coro alto, guarnecido de balaustrada suportado por duas colunas facetadas.

São dignos de nota, os dois painéis de azulejos datados de 1798, agora na sacristia, representando um, Nossa Senhora da Conceição, Santo António e São Marçal e o outro Cristo Crucificado e São Caetano.

Obras de conservação e alterações

Com o tempo, a Igreja veio a carecer de novas obras de conservação e reparação no final do século XIX, que alteraram a arquitectura de 1778, sobretudo a sua frontaria.

No inicio do século XX, foi retirado o adro murado que circundava a Igreja  o bonito cruzeiro, datado de 1646, que foi, na altura, instalado no pátio interior do edifício.

Pouco depois do Concílio Vaticano II, a Igreja viu o seu interior ser radicalmente transformado, numa tentativa de o adaptar às necessidades da época. Foram retirados os altares laterais, assim como os retábulos, a teia e a capela do Santíssimo. Da mesma maneira, foi drasticamente reduzida a quantidade de imagens dos Santos postas ao culto dos crentes. Os belos marmoreados que revestiam as paredes foram pintados de branco e as molduras de gesso foram pintadas para imitar o gesso, numa tentativa de imitar o betão que estava na moda à época.

Em 1996, foi executada nova obra de restauro, manutenção e conservação da Igreja e feita a ampliação do espaço celebrativo com a  construção de um salão paroquial que permitia acolher o número sempre crescente de paroquianos. É da mesma data o edifício paroquial, da autoria de Frederico Valssassina, construído para criar espaços de reunião e encontro para os grupos paroquiais e instalações para o Centro Social Paroquial do Campo Grande.

Com a demolição do edifício da antiga Casa Paroquial, abriu-se espaço para um adro onde foi recolocado o cruzeiro setecentista.

Em 2018, devido a problemas com infiltrações e ao desgaste do edifício procedeu-se a novas obras de manutenção e restauro, levadas a cabo pelos Arquitectos Marina e Rui Charnock, que procuraram criar um ambiente mais acolhedor através de um novo sistema de iluminação e devolvendo a policromia às paredes, proporcionando uma leitura mais próxima da que teria com os marmoreados originais. São da autoria dos mesmos arquitectos as cadeiras presidenciais e as mísulas onde se encontram as imagens de Nossa Senhora de Fátima e de São José.

É urgente que a beleza, reflexo da santidade, seja o grande testemunho da Igreja à humanidade.
O testemunho da beleza converte, pois Deus é o belo dos belos.

Essa beleza reflete-se também no interior dos edifícios, na celebração da Liturgia,
nas obras de arte que nascem no seio da Igreja.

Papa Bento XVI