Em Janeiro de 2016, o Apostolado da Oração lançou uma iniciativa que, embora muito simples, teve um grande impacto mundial: o vídeo do Papa. Trata-se de um pequeno vídeo em que o Papa Francisco propõe aos católicos de todo o Mundo uma intenção concreta de oração para esse mês.

No seu vídeo do mês de Julho, o Papa Francisco convida-nos a rezar pelos sacerdotes. Falando num tom muito paternal e carinhoso, diz-nos:

“O cansaço dos sacerdotes… sabem quantas vezes penso nisto? Os sacerdotes, com as suas virtudes e os seus defeitos, desenvolvem o seu trabalho em muitos campos. Diante de tantos desafios não podem ficar parados depois de uma desilusão. Nesses momentos, é bom que se lembrem que as pessoas amam os seus pastores, precisam deles e confiam neles. Rezemos juntos para que os sacerdotes que vivem com fatiga ou dificuldade no seu trabalho pastoral, se sintam ajudados e confortados pela amizade com o Senhor e com os irmãos.”

CANSAÇO E DESILUSÃO

Toca-me muito esta sensibilidade do Santo Padre para com os seus sacerdotes. Ele, mais do que ninguém, conhece a Igreja na sua globalidade e sabe das dificuldades em que muitos vivem o seu ministério: perseguidos, clandestinos, doentes, isolados e sós… Há pouco tempo tivemos aqui na Paróquia uma conferência do Padre Luigi Maria Epicoco, um jovem que passou pela dura prova do terramoto que aconteceu em Aquila em 2009, onde era responsável por uma Residência Universitária. Cinquenta e quatro dos rapazes que lá viviam, morreram. Na altura, numa entrevista, fizeram-lhe uma pergunta que – disse ele num desabafo – foi terrivelmente séria: “Como se pode acreditar em Deus depois do terramoto?” Quando o Papa fala do cansaço, das desilusões, dos muitos campos de acção em que se vive o sacerdócio hoje em dia, fala de coisas como estas – e de muitas mais – que são verdadeiros desafios humanos e espirituais para aqueles que são chamados a ser homens de Deus, testemunhas da esperança, mas que não deixam de experimentar algumas fragilidades e duras provas. Alguns desses desafios surgem do exterior, do mundo e do contexto em que os padres vivem e, outros, emergem do seu interior, confrontados com o cansaço, a desilusão, a solidão ou o medo que não estão livres de experimentar.

AMOR E CONFIANÇA

Em 1975, numa missa crismal o Cardeal-Patriarca António Ribeiro, disse assim ao clero reunido à sua volta: “A consciência viva da nossa missão situa-nos, constantemente, no meio do Povo de Deus e dentro da sociedade humana à qual pertencemos. Não temos horas para servir. Dia e noite, estamos sempre disponíveis e muitas são as ocasiões em que sacrificamos a saúde e o repouso, no altar do serviço abnegado e humilde em favor dos irmãos. Saímos do povo e sempre experimentamos a sorte do povo. Conhecemos as carências e necessidades que ele experimenta. Sofremos com os seus sofrimentos e alegramo-nos com as suas alegrias.” É uma homilia belíssima e cheia de conteúdo que tenho de me conter para não citar na íntegra e que menciono aqui, apenas porque nos faz entrar na identificação profunda entre o padre e as pessoas que serve e socorre nas suas inúmeras necessidades, pessoalmente ou através da pastoral que encabeça. Quando a generosidade do pastor é reconhecida, então ele sabe-se amado. E esse amor, juntamente com a firme certeza do Amor de Deus, é um grande suporte nos momentos de prova e dureza do caminho.

AJUDA E CONFORTO

Quantos padres cruzaram a nossa vida e nos marcaram? Em quantos reconhecemos os traços da generosidade e do cuidado do Bom Pastor? Em muitos, com certeza! Rezar pelos sacerdotes é rezar por nós mesmos: para que nunca nos falte a proximidade paternal de Deus Pai, a presença misericordiosa de Deus Filho e a acção transformadora de Deus Espírito. Como foi importante, para o Padre Bellière, a ajuda da oração de Santa Teresinha do Menino Jesus que cumpria a missão que a levou ao Carmelo: “Vim para salvar as almas e, especialmente, para rezar pelos sacerdotes”!

Como o Santo Padre peço a vossa oração:

pelo Papa Francisco;

pelo nosso Patriarca Manuel e os seus bispos auxiliares Joaquim e Nuno;

pelos nossos padres Vítor, António, João e eu próprio;

por todos os sacerdotes que, na nossa Diocese ou por todo o mundo, se dão por Jesus para darem Jesus às pessoas.

 

Padre Hugo Gonçalves