1. A festa faz parte da vida da Igreja. Na liturgia há as grandes festas do Natal, da Páscoa e do Pentecostes. Depois, celebram-se ainda as festas do Senhor e de Maria. Na vida das famílias cristãs há festas de extraordinária importância: o Baptismo de uma criança que, filho de Deus, entra solenemente na Igreja; a Confirmação de um adolescente ou de um jovem, expressão de maturidade cristã, é o compromisso do testemunho cristão, em toda a parte; o Matrimónio, grande sacramento que consagra o amor do homem e da mulher, em comunhão ao serviço da vida e do desenvolvimento da humanidade; até os rituais de despedida, quando alguém parte ao encontro de Deus, são oportunidade de reunir a família e celebrar a certeza da Ressurreição. Na vida da Igreja há inúmeras outras festas, quando é eleito o Papa, quando é ordenado um Bispo ou um Presbítero, quando um cristão que foi considerado extraordinário é proclamado Santo, na canonização. A festa é inseparável da vida da Igreja.

2. Nas comunidades paroquiais, os meses de Maio e Junho são os meses das festas. A festa promove a proximidade entre as pessoas, proporciona um conhecimento recíproco, desafia a uma entreajuda constante, afirma que, dentro da comunidade “todos são um só coração e uma só alma”. Quais são então as grandes festas da Paróquia, para além das normais festas litúrgicas?

. As primeiras comunhões são o fecho do 3º catecismo. As crianças encontram-se com Jesus, com quem conversam na oração de todos os dias. Compreendem que Jesus, ao partir, deixou aos Apóstolos a missão de celebrarem a Eucaristia. Preparam-se também para participar no Corpo e Sangue de Jesus, pela comunhão. O dia da Primeira Comunhão é uma festa de família, oportunidade para os pais e os irmãos se aproximarem mais de Jesus.
. A Confirmação ou Crisma traz à Paróquia o Bispo da Diocese que administra o Sacramento do Espírito Santo. Durante um ano inteiro, jovens e adultos preparam este sacramento. Ao celebrá-lo envolvem toda a família. É o despertar da fé, para uma vida cristã mais comprometida, não apenas de quem recebe o Crisma, mas de toda a família que o rodeia.
.  O fecho das actividades pastorais é motivo para uma festa celebrada na comunidade cristã. As catequeses, os grupos de jovens, o catecumenato de adultos, ao mesmo tempo que as Conferências de S. Vicente de Paulo, o Apostolado da Oração, a Escola de Leigos, todos estão a terminar mais um ano pastoral. A reunião de todos na Eucaristia e na partilha da alegria é uma fonte inesgotável de vida para a comunidade.
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. O arraial tem características populares muito importantes para a partilha da alegria na comunidade cristã. Constitui uma actividade do Centro Social para integrar na comunidade cristã o Centro de Dia, o Jardim de Infância e todas as outras valências sociais que a paróquia desenvolve.
 Tudo são festas da família paroquial que nos meses de Maio e Junho congrega todas as pessoas que passam pela Paróquia, para nela receberem as imensas graças de Deus e, ao mesmo tempo, iniciarem caminhos de serviço aos outros, no mais profundo amor cristão. As festas, na comunidade cristã, são as experiências do amor fraterno.
 3. As festas da Paróquia têm um significado muito especial. Habitualmente as pessoas vêm para participar na Eucaristia Dominical, para viver um serão de oração, para celebrar o sacramento da Reconciliação com preparação comunitária e, sobretudo, para viver os grandes momentos da vida paroquial: a celebração do Natal, com a Missa do Galo, a participação nos mistérios pascais com o Tríduo Pascal e sobretudo nos cinquenta dias da festa da Ressurreição até ao Pentecostes. Quais as razões das festas da Paróquia que se promovem neste quase terminar do ano pastoral:
.  Provocar o encontro entre as pessoas. Na vida da comunidade é importante a conversa de 10 minutos no fim de cada celebração dominical. No abraço da paz, as pessoas cumprimentam-se, é certo, mas é absolutamente insuficiente as famílias cruzarem-se sem qualquer relação. Torna-se essencial, então, criar momentos de encontro mais profundo em que as pessoas se apresentem, falem das suas alegrias e sofrimentos, partilhem a preocupação que têm com um filho ou com um doente da família, façam até o luto por alguém que partiu ao encontro de Deus. Na festa da Paróquia tudo isto pode acontecer. 
. Estabelecer relação de amizade com o conhecimento recíproco. De repente as pessoas apercebem-se de que têm os filhos no mesmo colégio ou na mesma faculdade, descobrem que têm amigos comuns, por vezes até com laços pessoais de proximidade, estabelecem relações de vizinhança e criam um elo de atenção que vence os isolamentos e gera a comunhão. 
.  Criar momentos de alegria. O pic-nic em que cada um traz as suas especialidades, os momentos de convívio onde se contam as mais diversas histórias, os tempos de música e poesia em que alguns revelam as suas habilidades, tudo isto faz parte da festa que a comunidade paroquial foi criando. Recordem-se as paróquias no mundo saxónico, quando no final da Eucaristia há sempre o pequeno-almoço em comum, quando não um passo de dança entre os jovens e um tempo de conversa entre os mais velhos. É assim que se garante o conhecimento dos jovens entre si, permitindo que o casamento se faça entre cristãos. Nas comunidades cristãs de Lisboa, já quase é necessário formas de evangelização com estas características. 
. A entreajuda é consequência da fraternidade vivida. No meio da festa surge uma confidência, tem–se um desabafo, conta-se um problema. Há sempre alguém que se dispõe a aceitar o desafio da solidariedade. As pessoas, depois, visitam-se, aprofundam a realidade vivida por outros, e decidem fazer seu o pequeno ou grande drama que outros estão a viver. 
. A conversão de alguns que andam mais longe. Às festas da Paróquia vêm pessoas que perderam a fé ou que estão revoltadas com Deus. Já não têm alegria para escutar a beleza do Evangelho. A partir do ambiente que a festa proporciona inicia-se então um caminho de proximidade, sinal de uma “Igreja em saída” que os acolhe na ternura de que é capaz. Quantas pessoas, por causa de uma passagem pela Paróquia em festa, redescobrem a alegria e a beleza da fé cristã, se reaproximam e até pedem o Baptismo ou a Confirmação.

As festas na comunidade paroquial são uma forma privilegiada da Nova Evangelização. Deverão ser preparadas, não deixando nada ao acaso. Podem ser participadas por um grande número de cristãos. Só assim todos se sentem envolvidos no amor fraterno e na alegria, que é o sinal privilegiado da comunidade cristã.

4. Também na nossa comunidade paroquial os meses de Maio e Junho são o tempo das festas da Paróquia. É o tempo das Primeiras Comunhões, que movimentam inúmeras famílias, é oportunidade do Sacramento do Crisma, que leva a grandes compromissos na Igreja e no mundo, é o fecho das actividades das catequeses de crianças e de adultos, é o encerramento dos programas de acção social com um grande arraial, expressão de alegria, e é sobretudo o encontro de jovens que antes de partirem para férias querem celebrar a sua fé. Há dias dizia-se numa revista de grande expansão que a Igreja em Portugal era uma Igreja triste. Depois da visita do Papa Francisco a Fátima, perante aquela grande assembleia em festa, todos os cristãos compreendem que a expressão mais bela da sua fé está na alegria pascal que mora no seu coração e que partilham com todos os outros.

Pe. Vítor Feytor Pinto  –  Prior