A VINDA DO ESPÍRITO SANTO – Por duas vezes o Espírito Santo foi dado aos Apóstolos. Primeiro, no dia da Ressurreição, quando Jesus entrou no Cenáculo com as portas fechadas, saudou os discípulos com palavras de paz e lhes impôs as mãos, dizendo: recebei o Espírito Santo (Jo 20, 22).  Uma outra vez o Espírito desceu sobre os Apóstolos. Foi 50 dias depois da Ressurreição. Os discípulos estavam no Cenáculo e línguas de fogo desceram sobre eles. Era o fogo do Espírito Santo que os levaria a proclamar as maravilhas de Deus. Poderá dizer-se que no dia da Ressurreição lhes foi dado o Espírito e que no dia de Pentecostes o Espírito se manifestou, pelos discípulos, a todos os habitantes de Jerusalém. Uma coisa é a dádiva do Espírito, outra a sua manifestação. Há, porém, sempre, uma certeza é a de que o Espírito Santo foi dado aos discípulos para que, conduzidos por Ele, pudessem proclamar o Evangelho a todos os povos. Esta complementaridade aparece em dois textos da Palavra de hoje, no Evangelho de João que conta o dia da Ressurreição e os Atos dos Apóstolos que descrevem o primeiro dia de Pentecostes. S. Paulo, na segunda leitura, vem completar esta reflexão sobre o Espírito Santo ao revelar que muitos são os dons, mas é um só o Espírito que está em todos. A diversidade de dons não destrói, antes completa, a unidade que vem do Espírito. Como o Espírito é um só, todos os cristãos, no Espírito, fazem um só Corpo (cf 1Cor 12, 12ss).

1. A dádiva do Espírito
Foi no dia da Ressurreição, ao entardecer, que Jesus Ressuscitado se encontrou com os discípulos na sala do Cenáculo. Por várias vezes lhes disse, a paz esteja convosco, impôs sobre eles as mãos e lhes concedeu o Espírito Santo. Logo depois, na força do mesmo Espírito, Jesus deu aos discípulos o dom de perdoar: “àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos” (Jo 20, 23). Depois disso, Jesus enviou-os em missão, dizendo com toda a clareza que como Ele foi enviado pelo Pai, também Ele agora os envia. Qualquer cristão se deve sentir também possuído pelo Espírito, para, enviado ao mundo, anunciar o Evangelho.

2. A manifestação do Espírito Santo
Foi no dia de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa, que o Espírito Santo se manifestou a toda a cidade de Jerusalém. O vento impetuoso, as línguas de fogo, no contexto da Palavra de Deus, são sempre sinal da presença do Senhor. Então, todos os Apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo e proclamavam em muitas línguas as maravilhas de Deus. Judeus, vindos de toda a parte, compreendiam a mensagem e abriram o coração ao discurso que depois Pedro proclamou da varanda do Cenáculo. Que disse ele afinal? Apenas, que Jesus ressuscitou e que na sua ressurreição Ele é fonte de vida nova para toda a gente. No seu discurso Pedro convidou todos a reconhecerem a senhoria absoluta de Jesus (cf. Act 2, 32-33).

3. O Espírito Santo é fonte de unidade
São muitos os dons do Espírito: a sabedoria, o entendimento, o conselho, a ciência, a fortaleza, a piedade e o temor de Deus (cf. Is 9, 2; Lc 4,18). São muitos também os frutos do Espírito: a caridade, a alegria, o amor, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, a temperança (Gl 5, 22). O fundamental porém, do Espírito é que é fonte de unidade. Na comunidade cristã há muitas vocações, muitas funções, muitos carismas, mas é um só o Espírito.

Monsenhor Vítor Feytor Pinto
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LITURGIA DA PALAVRA:

ASSIM COMO O PAI ME ENVIOU, TAMBÉM EU VOS ENVIO A VÓS:

RECEBEI O ESPÍRITO SANTO.»

(Jo 20, 21-22)

I LEITURA – Actos 2, 1-11

A descida do Espírito Santo.

Leitura dos Atos dos Apóstolos
Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».
Palavra do Senhor.

SALMO – 103 (104), 1ab e 24ac.29bc-30.31.34 (R. 30)

Refrão: Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra. Repete-se

 Ou: Mandai, Senhor o vosso Espírito, e renovai a terra. Repete-se

Ou: Aleluia. Repete-se

Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas. Refrão

Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra. Refrão

Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor. Refrão

II LEITURA – 1 Cor 12, 3b-7.12-13

«Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela acção do Espírito Santo.»

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela ação do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo¬¬. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.
Palavra do Senhor.

SEQUÊNCIA
Vinde, ó santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.

Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.

Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.

Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.

Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.

Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.

Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.

Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.

Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:

Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.

ALELUIA

Refrão: Aleluia. Repete-se

Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor. Refrão

EVANGELHO – Jo 20, 19-23

A missão que Jesus confiou à sua Igreja – anunciar a todos os homens a Boa Nova – é a mesma que ele realizou na sua vida terrena.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».
Palavra da salvação.