A MUDANÇA RADICAL DE VIDA – Às vezes tem-se a sensação de que Deus pede demais. Mas foi sempre assim: Abraão foi chamado por Deus e deixou a sua terra, a cidade de Ur, na Caldeia, e partiu com a família para o Monte Moria para ali levantar um altar ao Deus único. O Filho de Deus fez-se homem, encarnou com o nome de Jesus, Salvador, e escondeu durante anos a sua divindade. Foi preciso subir um dia ao Monte Tabor para ali se dar a conhecer como Filho de Deus. Mas exigiu silêncio aos três discípulos que o acompanhavam, Pedro, Tiago e João. Já em tempo de Igreja, Paulo e Timóteo viveram uma experiência mudando radicalmente a vida para permanecerem fiéis ao Evangelho. Os três textos da liturgia de hoje apresentam formas de viver a radicalidade, na mudança de vida, para responder ás exigências de Deus.
Em plena Quaresma, o Domingo da Transfiguração, constitui um apelo à mudança de vida. Não se trata apenas da conversão pontual com o normal perdão de todos os pecados. Como Cristo se transfigurou tendo a seu lado Moisés e Elias, sinais da libertação e da iluminação do Povo de Israel, os cristãos são convidados a transfigurar-se também. Esta transfiguração chama o cristão a viver à imagem de Cristo Filho de Deus, a aceitar ser livre em todas as situações da vida e a deixar-se conduzir, em tudo e sempre, pela Palavra viva de Deus.
As pessoas hoje vivem dominadas pela situação económica, social e política. Paira uma nuvem de tensão permanente sobre as nossas cabeças. As notícias dos jornais, da rádio e da televisão, os debates políticos, ou intervenção dos comentadores, tudo agrava a tensão que caiu sobre a sociedade. A transfiguração dos cristãos tornou-se uma urgência. Não basta a mudança de natureza espiritual, nas orações, nas liturgias, nas coisas da Igreja. É necessária a transfiguração total, com capacidade de enfrentar a realidade, aceitar as dificuldades, dispor-se a dar a mão a quem precisar, a intervir sempre na cidade em que se está a viver.Nunca como hoje é necessário “fazer brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho” (2 Tim 1, 10).

Monsenhor Vítor Feytor Pinto
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 “SENHOR, COMO É BOM ESTARMOS AQUI!”   
(Mt 17, 4)

Transfiguração

 
 I LEITURA – Gen 12, 1-4a

 A vocação de Abraão, pai do povo de Deus.

Leitura do Livro do Génesis
Naqueles dias, o Senhor disse a Abraão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar. Farei de ti uma grande nação e te abençoarei; engrandecerei o teu nome e serás uma bênção. Abençoarei a quem te abençoar, amaldiçoarei a quem te amaldiçoar; por ti serão abençoadas todas as nações da terra». Abraão partiu, como o Senhor lhe tinha ordenado.
Palavra do Senhor.

SALMO – 32 (33), 4-5.18-19.20.22 (R. 22)

Refrão: Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia. Repete-se

Ou: Desça sobre nós a vossa misericórdia,
porque em Vós esperamos, Senhor. Repete-se

A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor. Refrão

Os olhos do Senhor estão voltados
para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome. Refrão

A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor. Refrão

II LEITURA – 2 Tim 1, 8b-10

Deus chamou-nos para sermos santos.

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo
Caríssimo: Sofre comigo pelo Evangelho, apoiado na força de Deus. Ele salvou-nos e chamou-nos à santidade, não em virtude das nossas obras, mas do seu próprio desígnio e da sua graça. Esta graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade, manifestou-se agora pelo aparecimento de Cristo Jesus, nosso Salvador, que destruiu a morte e fez brilhar a vida e a imortalidade, por meio do Evangelho.
Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO

Refrão: Glória a Vós, Senhor, Filho de Deus vivo.  Repete-se

No meio da nuvem luminosa,
ouviu-se a voz do Pai:
«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». Refrão

EVANGELHO – Mt 17, 1-9

A transfiguração.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele. Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O». Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito. Então Jesus aproximou-Se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais». Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus. Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».
Palavra da salvação.