É da tradição da Igreja celebrar no IV domingo da Páscoa, a Festa do Bom Pastor. O Evangelho de João atribui a Jesus afirmar-se Ele como o Bom Pastor: as ovelhas conhecem-me e Eu conheço as minhas ovelhas; as ovelhas escutam a minha voz e elas seguem-me; o Bom Pastor entra pela porta das ovelhas e protege-as para que não se percam; o grande objectivo é que haja um só rebanho e um só pastor (cf. Jo 10).
A alegoria do Bom Pastor faz um apelo profundo à comunhão total dentro da Igreja. Se Cristo é o Bom Pastor, todos conhecemos a sua Palavra e a seguimos. Ele conhece-nos e preocupa-se connosco. À sua volta, tendo-O como referência, construimos a Igreja, a assembleia dos cristãos, o novo povo de Deus. Nesta total comunhão, por Ele chegamos ao Pai. Se Ele e o Pai são um só, por Ele e com Ele, todos vivemos a comunhão do novo povo de Deus. A alegoria do Bom Pastor reforça a necessidade de viver a unidade da Igreja. Podem ser diferentes as vocações, as funções e os carismas, mas é um só o Senhor e Pai de todos.
Este Domingo do Bom Pastor convida à oração pelos sacerdotes, pastores da comunidade cristã. Não é fácil a missão dos pastores. Têm a responsabilidade de proclamar a Palavra para que todos ouçam a mensagem do Evangelho. É-lhes dada a missão de presidir à Eucaristia, sinal de unidade e vínculo de amor. Devem estimular a preocupação pelos outros, sobretudo pelos mais pobres. Viver a vocação com exigência não é fácil, foi o que aconteceu com Paulo e Barnabé em Antioquia da Pisídia. Perante a universalidade da Boa Nova, anunciada também aos gentios, foram perseguidos pelos judeus que acabaram por expulsá-los da cidade. Partiram para Icónio mas não deixaram de proclamar a Boa Nova do Reino. A comunidade cristã de Antioquia, em grande parte constituída pelos gentios, pelo anúncio de Paulo e Barnabé, deixou-se possuir pelo Espírito e celebrou a verdadeira alegria (cf Act 15). Hoje como em todos os tempos, os pastores podem ser incompreendidos mas, fieis à missão evangelizadora, darão sempre à comunidade a força do Espírito, a alegria de Deus.
A liturgia do Bom Pator contempla ainda a comunhão final de todos os que lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro e que celebram definitivamente a paz na casa de Deus (cf. Apoc 7).
Monsenhor Feytor Pinto
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I LEITURA – Actos 13, 14.43-52
Rejeitado pelos judeus de Antioquia, S. Paulo começa a pregar aos pagãos. Foi um passo decisivo na vida da Igreja.
Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias, Paulo e Barnabé seguiram de Perga até Antioquia da Pisídia. A um sábado, entraram na sinagoga e sentaram-se. Terminada a reunião da sinagoga, muitos judeus e prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, que nas suas conversas com eles os exortavam a perseverar na graça de Deus. No sábado seguinte, reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra do Senhor. Ao verem a multidão, os judeus encheram-se de inveja e responderam com blasfémias. Corajosamente, Paulo e Barnabé declararam: «Era a vós que devia ser anunciada primeiro a palavra de Deus. Uma vez, porém, que a rejeitais e não vos julgais dignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, pois assim nos mandou o Senhor: ‘Fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da terra’». Ao ouvirem estas palavras, os gentios encheram-se de alegria e glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que estavam destinados à vida eterna abraçaram a fé e a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região. Mas os judeus, instigando algumas senhoras piedosas mais distintas e os homens principais da cidade, desencadearam uma perseguição contra Paulo e Barnabé e expulsaram-nos do seu território. Estes, sacudindo contra eles o pó dos seus pés, seguiram para Icónio. Entretanto, os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 99 (100), 2.4.5.6.11.12.13b (R. 3c)
Refrão: Nós somos o povo de Deus,
somos as ovelhas do seu rebanho. Repete-se
Ou: Nós somos o povo do Senhor;
Ele é o nosso alimento. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Aclamai o Senhor, terra inteira,
servi o Senhor com alegria,
vinde a Ele com cânticos de júbilo. Refrão
Sabei que o Senhor é Deus,
Ele nos fez, a Ele pertencemos,
somos o seu povo, as ovelhas do seu rebanho. Refrão
O Senhor é bom,
eterna é a sua misericórdia,
a sua fidelidade estende-se de geração em geração. Refrão
II LEITURA – Ap 7, 9.14b-17
A multidão dos eleitos.
Leitura do Livro do Apocalipse
Eu, João, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. Um dos Anciãos tomou a palavra para me dizer: «Estes são os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, servindo-O dia e noite no seu templo. Aquele que está sentado no trono abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais terão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles. O Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água viva. E Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos».
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO
Refrão: Aleluia. Repete-se
Eu sou o bom pastor, diz o Senhor:
conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me. Refrão
EVANGELHO – Jo 10, 27-30
Deus quer ter com cada um de nós uma relação pessoal. Para isso nos enviou o Seu Filho. Que nos conhece e nos chama pelo nome, como o pastor a cada uma das ovelhas
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».
Palavra da salvação.