MISSA DA MEIA NOITE – Os textos desta liturgia, nesta festa de Natal, tem três expressões que marcam a reflexão a fazer: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9,1) é a concretização da esperança; «manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação, para todos os homens» (T 2,11) é a certeza de que Deus enviou o seu Filho, luz que veio a este mundo para redimir a Humanidade inteira; «chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu filho primogénito» (Lc 2,6-7) é o nascimento do Menino Jesus, o Filho de Deus que Se fez homem. Este dia de Natal convida todo o Povo de Deus a celebrar a presença viva de Jesus no mundo. Ele vai fazer um percurso humano, «em tudo igual a nós, exceto no pecado» Hb 4,15). Nasce criança, vive como adolescente e jovem, insere-Se no mundo do trabalho ao lado de José e, depois, aceitando a missão que o Pai lhe confiara, vai anunciar a Boa Nova do Reino na Galileia e na Judeia, acabando por ser condenado à morte e sofrer a crucificação. É o seu percurso humano que hoje se começa a celebrar, com o nascimento. Síntese da sua vida, apenas o amor, porque «Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho Unigénito» (Jo 3,16).
O profeta Isaías, por antecipação ao nascimento de Jesus, anuncia-O como alguém que virá vencer as trevas do mundo. Na sua profecia, aparecem duas comparações para justificar a esperança. É a vida dos lavradores que, apesar das dificuldades, esperam a colheita; é a vida dos soldados, que regressam a casa repartindo os despojos (naquele tempo, vencer a guerra era apoderar-se das coisas dos vencidos). A última razão da esperança é o facto de ter nascido um menino que será conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz. Estes títulos dados ao menino que vai nascer consagram a sua missão. Irá aconselhar todos os que têm algum poder, está revestido de fortaleza para apoiar todos os que precisam, construirá a paz que é o último objetivo no querer instaurar um mundo novo.
Paulo na sua carta a Tito, fala de uma manifestação única, a da graça de Deus que chega a todos aqueles que a aceitam. Esta intervenção generosa de Deus na vida dos homens tem três consequências: ensina a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos, convida a viver com justiça e piedade, revela a glória do nosso Deus e salvador Jesus Cristo. Estas são três linhas em que Deus se revela ao Homem, convidando-o a chegar sempre mais longe. A renúncia ao que pode ser negativo só se consegue com a graça de Deus. Paulo dirá: «Tudo posso naquele que me dá força.» (Cf. 2Cor 12,10) É a força de Deus que permite vencer as «cargas» humanas. Depois, viver com justiça na relação com os outros e com piedade na relação com Deus. Não é fácil, mas é a síntese da vida cristã. Daí sempre a urgência da força de Deus. Finalmente, celebrar a glória do nosso Deus, porque somos indignos, só se realiza na identificação plena e perfeita com Cristo, pela graça de Deus que nos foi dada. Este é o caminho da salvação que, em Jesus, urge percorrer.
A narrativa que o Evangelho nos oferece tem três pormenores notáveis de grande importância para os cristãos. «Não havia lugar para eles na hospedaria» (lc 2,7) – cada um de nós será hospedaria que tem lugar para Jesus? «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria» (Lc 2,10) – nós teremos medo do que Jesus, ao chegar, nos quer pedir? «Glória de Deus nas alturas e, na Terra, paz aos homens» (Lc 2,14) – é a dupla intervenção do cristão no mundo, com intensa relação com Deus e fortíssimo compromisso na transformação da ordem temporal.
Monsenhor Vitor Feytor Pinto ----------------------------------------------------------
MISSA DA NOITE
I LEITURA – Is 9, 2-7 (1-6)
O Profeta anuncia o aparecimento de uma criança que será chamado «Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz»
Leitura do Livro de Isaías
O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem despojos. Vós quebrastes, como no dia de Madiã, o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros e o bastão do opressor. Todo o calçado ruidoso da guerra e toda a veste manchada de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão pasto das chamas. Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado «Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz». O seu poder será engrandecido numa paz sem fim, sobre o trono de David e sobre o seu reino, para o estabelecer e consolidar por meio do direito e da justiça, agora e para sempre. Assim o fará o Senhor do Universo.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 95 (96), 1-2a.2b-3.11-12.13
Refrão: Hoje nasceu o nosso salvador,
Jesus Cristo, Senhor. Repete-se
Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira,
cantai ao Senhor, bendizei o seu nome. Refrão
Anunciai dia a dia a sua salvação,
publicai entre as nações a sua glória,
em todos os povos as suas maravilhas. Refrão
Alegrem-se os céus, exulte a terra,
ressoe o mar e tudo o que ele contém,
exultem os campos e quanto neles existe,
alegrem-se as árvores das florestas. Refrão
Diante do Senhor que vem,
que vem para julgar a terra:
julgará o mundo com justiça
e os povos com fidelidade. Refrão
II LEITURA – Tito 2, 11-14
O Filho de Deus nasceu para que, uma vez feito homem, pudesse oferecer a vida em sacrifício ao Pai por nós, Ele, o Sacerdote e a Vítima, que nos vem conduzir ao Pai.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo a Tito
Caríssimo: Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos, para vivermos, no tempo presente, com temperança, justiça e piedade, aguardando a ditosa esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que Se entregou por nós, para nos resgatar de toda a iniquidade e preparar para Si mesmo um povo purificado, zeloso das boas obras.
Palavra do Senhor.
ALELUIA – Lc 2, 10-11
Refrão: Aleluia. Repete-se
Anuncio-vos uma grande alegria:
Hoje nasceu o nosso salvador, Jesus Cristo, Senhor. Refrão
EVANGELHO – Lc 2, 1-14
«Nasceu-vos hoje um Salvador»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».
Palavra da salvação.
MISSA DO DIA
I LEITURA – Is 52, 7-10
O anúncio da alegria
Leitura do Livro de Isaías
Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que proclama a salvação e diz a Sião: «O teu Deus é Rei». Eis o grito das tuas sentinelas que levantam a voz. Todas juntas soltam brados de alegria, porque vêem com os próprios olhos o Senhor que volta para Sião. Rompei todas em brados de alegria, ruínas de Jerusalém, porque o Senhor consola o seu povo, resgata Jerusalém. O Senhor descobre o seu santo braço à vista de todas as nações e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIA- Salmo 97 (98), 1.2-3ab.3cd-4.5-6 (R. 3c)
Refrão: Todos os confins da terra
viram a salvação do nosso Deus. Repete-se
Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória. Refrão
O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel. Refrão
Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai. Refrão
Cantai ao Senhor ao som da cítara,
ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei. Refrão
II LEITURA – Hebr 1, 1-6
O mistério do Filho de Deus.
Leitura da Epístola aos Hebreus
Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo. Sendo o Filho esplendor da sua glória e imagem da sua substância, tudo sustenta com a sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, sentou-Se à direita da Majestade no alto dos Céus e ficou tanto acima dos Anjos quanto mais sublime que o deles é o nome que recebeu em herança. A qual dos Anjos, com efeito, disse Deus alguma vez: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei»? E ainda: «Eu serei para Ele um Pai e Ele será para Mim um Filho»? E de novo, quando introduziu no mundo o seu Primogénito, disse: «Adorem-n’O todos os Anjos de Deus».
Palavra do Senhor.
ALELUIA
Refrão: Aleluia. Repete-se
Santo é o dia que nos trouxe a luz.
Vinde adorar o Senhor.
Hoje, uma grande luz desceu sobre a terra. Refrão
EVANGELHO – Forma longa – Jo 1, 1-18
«O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d’Ele, exclamando: «É deste que eu dizia: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim’». Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.
Palavra da salvação.
EVANGELHO – Forma breve – Jo 1, 1-5.9-14
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade.
Palavra da salvação.