1. A liturgia é, no dizer do Concílio Vaticano II, o exercício da função sacerdotal de Cristo (S.C. 7). A vida de uma comunidade cristã tem inúmeros ritos litúrgicos que exprimem o louvor e a glória de Deus, o mistério de Cristo, Profeta, Sacerdote e Pastor, as formas mais diversas de adorar, agradecer, reparar ou pedir, e tantas outras expressões religiosas que são manifestação da Igreja, assembleia dos fiéis. A liturgia tanto pode desenvolver-se em grandes celebrações, com solenidade invulgar, como em pequenos momentos de oração que reflectem a intimidade de pequenos grupos que se relacionam com Deus. Nenhum destes tempos pode ser vivido sem a dignidade exigida, porque está a afirmar-sesempre o “exercício da função sacerdotal de Cristo”.Em qualquer momento da liturgia é o próprio Jesus que, de muitas formas, se torna presente na oração que se faz ao Pai. Cristo está presente na Palavra de Deus, na Eucaristia através do seu Corpo e Sangue, na assembleia dos crentes porque todos estão reunidos no nome do Senhor, no Presidente da celebração que representa Cristo Jesus, e em cada pessoa que se congrega para a celebração litúrgica. Ao falar-se do ministério sacerdotal na comunidade cristã, está a referir-se a forma organizada com que se realiza a relação da pequena ou grande assembleia com Deus, por Cristo, na força do Espírito Santo. A liturgia é sempre celebração orante e comunidade fraterna, tem momentos de beleza, provoca e aprofunda a intimidade com Deus e gera harmonia na relação fraterna dentro da assembleia. Desde o primeiro século que os cristãos se reúnem para prestar culto a Deus, por Cristo Ressuscitado.

    • A liturgia, com os seus rituais, congrega a comunidade cristã, na oração e na caridade, para o compromisso que a fé exige.

    • A liturgia abre o caminho para a relação organizada de todos, no seu encontro com o Senhor, Criador, Redentor e Salvador.

    • A liturgia oferece a alegria de estar com Deus e com os irmãos, no mesmo movimento de amor que a todos faz felizes.

Uma comunidade paroquial não pode viver e crescer sem os grandes momentos litúrgicos e os pequenos tempos de oração comunitária. Em todos estes ritos se celebra a função sacerdotal de Cristo Jesus.

2. Os Sacramentos são sinais que exprimem a fé e a fortalecem (CDC can nº840). Os sacramentos não dão a fé, fortalecem-na. O grande sacramento é Cristo Jesus, enviado pelo Pai como Salvador. Ao longo da vida, esta presença de Cristo vai-se revelando nos sacramentos da Igreja. O Baptismo revela a fé aprofundada durante o catecumenato, o Crisma afirma a disposição do cristão em ser testemunha de Cristo em toda a parte, a Eucaristia revela o amor e a unidade que se está a viver, a Reconciliação é o convite à mudança de vida depois do arrependimento, a Unção dos Enfermos confirma a fidelidade a Cristo mesmo na enfermidade, o sacramento da Ordem imprime a resposta a uma vocação de serviço à Igreja e ao mundo, o sacramento do Matrimónio afirma um amor que é social para o crescimento da Igreja e de toda a humanidade. Assim sendo, através de ritos sacramentais, o cristão exprime socialmente a sua fé e fortalece-a para ser cada vez mais fiel, em cada etapa da vida, aos ditames do Evangelho.

    • Os Sacramentos de iniciação cristã são o Baptismo, a Confirmação e a Eucaristia. Com estes gestos rituais, o cristão proclama a sua fé, compromete-se a dar testemunho dela e alimenta-se espiritualmente, sentindo assim força para vencer as dificuldades.

    • Os Sacramentos de renovação interior são a Reconciliação e a Unção dos Doentes. Com os respectivos rituais litúrgicos, purifica-se o coração de toda a maldade, que se tenha vivido e de que se está arrependido: é a Reconciliação. Pela Unção dos Enfermos, pede-se a Deus a cura do corpo e do espírito para retomar as normais actividades: este é um sacramento de vida.

    • Os Sacramentos de compromisso social são a Ordem e o Matrimónio. Pela Ordem, os cristãos consagram-se em Cristo, para O anunciarem pela Palavra e O oferecerem pela consagração do pão e do vinho, tornando-O presente na Eucaristia. A matéria do sacramento do Matrimónio é o amor entre os esposos: por ele a família colabora no poder criador de Deus e, simultaneamente, educa os mais novos para uma fé esclarecida.

Os rituais litúrgicos, de uma beleza extraordinária, são sempre um sinal de alegria pela relação que se estabelece com Deus e pela fraternidade conseguida na comunidade cristã. É claro que cada sacramento deve ser preparado, para que com a celebração todos cresçam, se assumam fiéis ao Evangelho, capazes de viver o sonho de Deus que éde felicidade para todos.

3. A liturgia, na comunidade paroquial, tem agentes de quem depende a dignidade e a beleza da celebração. Quem são estes agentes?

    • Os sacerdotes presidem a cada celebração litúrgica, especialmente a Eucaristia, o momento mais nobre da vida de uma comunidade, enquanto “sinal de unidade, vínculo de amor, banquete de alegria pascal e memorial da Ressurreição de Jesus” (S.C. 47).

    • Os colaboradores das celebrações são muitos: os acólitos, os leitores, os ministros extraordinários da comunhão, os cantores nos coros litúrgicos e, ainda, os cristãos que colaboram na recolha de bens durante o ofertório.

    • Os coordenadores de cada celebração são elementos indispensáveis para que os rituais decorram com serenidade, sem falhas nem sobressaltos, que iriam perturbar a beleza daquele encontro com Deus, na fraternidade da comunidade cristã.

O templo é o lugar privilegiado da celebração litúrgica: o altar, o ambão e a cadeira do presidente marcam o presbitério. A partir deles, a liturgia decorre com a maior simplicidade.

4. A nossa comunidade paroquial tem celebrações litúrgicas que marcam toda a nossa vida. É de privilegiar sempre a Eucaristia, o momento mais importante da oração. Depois, há momentos litúrgicos muito profundos, como sejam as celebrações de reconciliação, as vigílias, as via-sacras e outras. Há também pequenas celebrações, quer na igreja, quer na pequena capela do 5º andar. Tudo isto dá à Paróquia uma espiritualidade profunda. São de referir as mais importantes celebrações litúrgicas que temos na nossa comunidade:

    • As Eucaristias Dominicais são momentos únicos da vida comunitária. Por oito vezes, em cada fim de semana, os cristãos têm oportunidade de vir participar na Eucaristia. São cerca de 5.000 fiéis que estão connosco nestas muitas celebrações e têm oportunidade de celebrar a sua fé. Cada Eucaristia reúne uma pequena família com ritmo próprio. Apesar das diversidades, caracterizadas pelo presidente da celebração, em todas estas “missas” celebra-se a unidade da comunidade, o vínculo do amor e a alegria pascal.

    • As celebrações penitenciais são momentos de reconciliação comunitária. Duas vezes por ano, a assembleia dos fiéis centra-se na misericórdia infinita de Deus. Quem o deseja, reúne-se no templo com orações de reconciliação, recebendo depois, individualmente, o perdão de Deus pela absolvição dada pelo sacerdote.

    • A Vigília Pascal é a celebração mais bela da comunidade. A proclamação da Ressurreição do Senhor, a aclamação da Luz de Cristo, a celebração do Baptismo de adultos e a Eucaristia constituem um ritual de beleza extrema. Aliás, a Vigília Pascal encerra as cerimónias da Semana Santa em que se vive, com toda a intimidade, o mistério de Jesus que ofereceu a vida por todos os homens.

    • Há outras celebrações mais simples, como o mês de Maria em Maio, a novena da Misericórdia depois da Páscoa, a celebração das primeiras sextas-feiras de cada mês e tantos outros momentos da vida comunitária em que se exprime o amor a Deus e a solidariedade com todos os cristãos.

A participação na liturgia, para os cristãos que têm a nossa paróquia como referência, ajudará cada um a crescer na fé, a relacionar-se melhor com Deus, a ensaiar formas de solidariedade com os mais pobres, a inundar a sua vida, durante a semana, com a riqueza da Eucaristia que celebrou. Pela liturgia todos participam da função sacerdotal de Jesus Cristo.

Padre Vitor Feytor Pinto – Prior