Acreditamos que Jesus é Deus verdadeiro e homem verdadeiro. Acreditamos que, do momento da Anunciação até à morte na cruz, percorreu um caminho semelhante ao nosso. A epístola aos Hebreus afirma que Ele precisou de aprender (Heb.5/18). Precisou que Maria e José o ensinassem a andar e a falar. Precisou de aprender o amor sendo muito amado em criança, crescendo entre uma mulher e um homem  que gostavam muito dele e que gostavam um do outro, sem condições, na alegria, na paz. Por isso a Sagrada Família;  por isso, para  cada um dos homens, a família. É certo que a família não pode cristalizar, tem de evoluir com a História para ser ela mesma. É claro  que, neste inicio do século, a dignidade e a liberdade do homem e da mulher, da criança e do adulto têm expressões que não cabem nos moldes do passado. Mas parece igualmente claro que a civilização atual enfrenta um risco muito grave. Cada vez mais o amor do homem e da mulher está a definir-se como provisório: o exercício intenso e fascinante da afetividade e da sexualidade «enquanto for bom para os dois» – uma espécie de bem de consumo, que se gasta como os outros bens de consumo. A confirmar-se esta tendência, cada vez haverá mais crianças, mais jovens, mais adultos, que não tiveram aquela experiência que foi fundamental para o próprio Senhor: ter nascido e ter crescido num ambiente de dom. A 2ª leitura, de S.Paulo aos Colossenses, recorda uma coisa que é ignorada por muitos: toda a relação humana, e nomeadamente a existência em família, só consegue ser uma contínua alegria se houver bom senso e também um bocadinho de paciência. (Não haja espanto: já alguém definiu o génio como uma longa paciência).

Uma homilia do Pe. João Resina (in a Palavra no Tempo)

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LITURGIA DA PALAVRA:

«O Menino crescia, e enchia-Se de sabedoria»

I LEITURA – Sir 3, 3-7.14-17a (gr. 2-6.12-14)

O elogio da vida familiar.

Leitura do Livro de Ben-Sirá
Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe. Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem honra sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe. Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados.
Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL -127 (128), 1-2.3.4-5 (R. cf. 1)

Refrão: Felizes os que esperam no Senhor
e seguem os seus caminhos. Repete-se.

Ou: Ditosos os que temem o Senhor,
ditosos os que seguem os seus caminhos. Repete-se.

Feliz de ti, que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem. Refrão

Tua esposa será como videira fecunda,
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa. Refrão

Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida. Refrão

II LEITURA – Col 3, 12-21

A unidade, a harmonia e o amor na vida de familia.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos: Como eleitos de Deus, santos e predilectos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em acção de graças. Habite em vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.
Palavra do Senhor..

ALELUIA – Col 3, 15a.16a

Refrão: Aleluia. Repete-se
Reine em vossos corações a paz de Cristo,
habite em vós a sua palavra. Refrão

EVANGELHO – Forma longa – Lc 2, 22-40

A apresentação no Templo

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino, para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia, tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.
Palavra da salvação.