A liturgia desta festa em que se celebra o Corpo e Sangue de Cristo, convida os cristãos a reflectirem sobre o sacerdócio que Cristo viveu, oferecendo a sua vida de uma vez por todas, no sacrifício da cruz. De facto, Jesus tinha prometido ser o pão vivo descido do céu, tinha garantido que só quem comesse deste pão viveria, tinha afirmado que a partilha deste pão era universal. Todos eram chamados a participar deste pão e deste vinho, Seu Corpo e Seu Sangue. Tudo isto realizou Jesus sofrendo a Paixão, a Morte e a Ressurreição. Para que este sacrifício fosse repetido por todos, na ùltima Ceia, Jesus antecipou o Seu sacrifício. Para isso, pegou no pão e disse: “Tomai e comei, isto é o meu Corpo, tomai e bebei, este é o cálice do meu Sangue” e disse ainda, “fazei isto em memória de Mim”. Estava instituido o Sacrifício incruento que se realiza plenamente na Eucaristia. Jesus afirmava-se sacerdote eterno, sacerdote para sempre.
Neste dia do Corpo de Deus, celebra-se o sacerdócio de Cristo. O Vaticano II disse mesmo que a liturgia era “o exercício da função sacerdotal de Cristo” (SC 7). Este sacrifício realiza-se plenamente na Eucaristia com a consagração do pão e do vinho, tornando-se assim “sinal de unidade, vínculo de amor, sacramento de piedade, banquete de alegria pascal, memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo” (SC 47). Com a celebração da primeira Eucaristia na Última Ceia, Jesus instituía um sacerdócio novo, o sacerdócio da Nova Aliança. E o Seu sacrifício, à semelhança do sacerdote rei, Melquisedec, era um sacrifício no pão e no vinho, transfigurados agora, no Corpo e no Sangue de Cristo.
Hoje, a Igreja celebra em festa o mistério da Eucaristia. Na presença real de Jesus, no SS. Sacramento, compreende-se o extremo amor de Jesus para com a humanidade, não se limitando a dar a vida no sacrifício da cruz, mas eternizando a proximidade deste sacrifício na oferta do sacrifício celebrado à mesa, no pão e no vinho. Por amor, Jesus que deu a vida, continua a fazer-se próximo de todos que n’Ele crêem.
Se a Eucaristia, é por excelência, o sacramento do amor, a atenção aos outros é uma expressão clara desse mesmo amor. Por isso, a celebração da Eucaristia se prolonga na relação com todos os outros, sobretudo com os mais pobres. Talvez por isso, a liturgia de hoje coloque no Evangelho a preocupação de Jesus pelos que têm fome. A multiplicação dos pães, outra coisa não é, do que uma parábola de partilha em que todos são convidados a darem daquilo que têm. Quem participa na Eucaristia do altar, tem necessariamente que se preocupar com a partilha da vida no tempo presente, multiplicando o amor, na família, no local de trabalho, nas relações sociais. Em tudo, a Eucaristia faz apelo ao amor e por ela todos participam no sacerdócio de Cristo, os sacerdotes celebrando, os fieis participando no sacerdócio comum.
Monsenhor Feytor Pinto *************************************************
(Lc 9, 17)
I LEITURA – Gen 14, 18-20
«Ofereceu pão e vinho»
Leitura do Livro do Génesis
Naqueles dias, Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho. Era sacerdote do Deus Altíssimo e abençoou Abraão, dizendo: «Abençoado seja Abraão pelo Deus Altíssimo, criador do céu e da terra. Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou nas tuas mãos os teus inimigos». E Abraão deu-lhe a dízima de tudo.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 109 (110), 1-4 (R. 4bc)
Refrão: O Senhor é sacerdote para sempre. Repete-se
Ou: Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedec. Repete-se
Disse o Senhor ao meu Senhor:
«Senta-te à minha direita,
até que Eu faça de teus inimigos escabelo de teus pés. Refrão
O Senhor estenderá de Sião
o ceptro do teu poder
e tu dominarás no meio dos teus inimigos. Refrão
A ti pertence a realeza desde o dia em que nasceste
nos esplendores da santidade,
antes da aurora, como orvalho, Eu te gerei». Refrão
O Senhor jurou e não Se arrependerá:
«Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedec». Refrão
II LEITURA – 1 Cor 11, 23-26
A instituição da Eucaristia.
Leitura da Primeira Epístola do Apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos:: Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim». Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha».
Palavra do Senhor.
ALELUIA – Jo 6, 51
Refrão: Aleluia. Repete-se
Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor.
Quem comer deste pão viverá eternamente. Refrão
EVANGELHO – Lc 9, 11b-17
A multiplicação dos pães.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, estava Jesus a falar à multidão sobre o reino de Deus e a curar aqueles que necessitavam. O dia começava a declinar. Então os Doze aproximaram-se e disseram-Lhe: «Manda embora a multidão para ir procurar pousada e alimento às aldeias e casais mais próximos, pois aqui estamos num local deserto». Disse-lhes Jesus: «Dai-lhes vós de comer». Mas eles responderam: «Não temos senão cinco pães e dois peixes… Só se formos nós mesmos comprar comida para todo este povo». Eram de facto uns cinco mil homens. Disse Jesus aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta». Assim fizeram e todos se sentaram. Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu e pronunciou sobre eles a bênção. Depois partiu-os e deu-os aos discípulos, para eles os distribuírem pela multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e ainda recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram.
Palavra da salvação.