1. O Papa Francisco declarou o mês de Outubro de 2019 “Mês Missionário Extraordinário”, tendo como objectivo despertar para uma maior consciência da missão e retomar, com novo impulso, a transformação missionária da vida e da pastoral.
  • A missão consiste em levar o Evangelho às pessoas com quem o cristão se encontra, porque o anúncio do Evangelho, Jesus Cristo, é o anúncio essencial, o mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, o mais necessário (EG 127).
  • Todo o cristão, em qualquer situação, é convidado a renovar o seu encontro pessoal com Cristo, a tomar a decisão de se deixar apanhar por Ele, de procurá-l’O, dia a dia, sem cessar.
  • A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece. A nova evangelização dos povos cristãos há-de encontrar também inspiração e apoio no empenho pela missão universal (RM 1 e 2).
  • A acção missionária é o “paradigma” de toda a obra da Igreja, quer dizer, é em missão que toda a vida da Igreja se desenvolve, no anúncio da Palavra, na celebração da Liturgia e no exercício da Caridade.

No início do seu pontificado, Francisco dizia que “o sonho missionário deve chegar a todos, incentivando que se torne às periferias, a ir até junto dos pobres, convidando os jovens a “fazer ruído”, a “não ficar nos sofás”, mas ter a coragem de ser uma Igreja viva, acolhedora, ao serviço dos excluídos e dos estrangeiros.

  1. Todo e qualquer cristão é missionário. Desde o baptismo que se é chamado a anunciar Jesus Cristo pelo testemunho em todas as circunstâncias. É esse o sentido do óleo do Crisma, óleo perfumado, com que todos os cristãos são ungidos. O chamamento para a missão foi feito por Jesus, desde o princípio.
  • Ao escolher os apóstolos, logo lhes deu a missão de serem “pescadores de homens” (cf Mt 4).
  • Ao enviar os 72 discípulos, também lhes disse que “em qualquer casa onde entrassem deveriam dar a paz, curar os doentes e transmitir a força do Espírito” (cf Lc 10, 5 e ss).
  • Depois, no Monte da Ascensão Jesus disse aos irmãos “Ide por todo o mundo, anunciai o Evangelho a toda a criatura, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19-21).
  • Finalmente, na manhã de Pentecostes, os apóstolos reunidos no Cenáculo receberam o Espírito Santo e, com o dom das línguas, ficaram marcados com o carisma da missão evangelizadora. Dali, partiram para o mundo todo, a anunciar o Evangelho.

Quem um dia se deixou apaixonar por Jesus, não pode guardá-l’O para si próprio, tem de “apregoar” o seu nome. Anunciará, então, a vida d’Aquele que veio para redimir e salvar toda a humanidade.

  1. A Conferência Episcopal Portuguesa correspondeu ao apelo do Papa para a missão, de uma forma extraordinária, proclamando o Ano Missionário, desde 18 de Outubro de 2018 a Outubro de 2019. Assim, a Igreja portuguesa associa-se ao centenário da Carta Apostólica Maximum Illud, escrita pelo Papa Bento XV, sobre a acção missionária da Igreja. Para centrar neste dinamismo missionário, os Bispos portugueses escreveram uma nota pastoral a que deram um título da maior exigência: “Todos, tudo e sempre em missão”. Neste documento referem três linhas de força: o encontro pessoal com Jesus Cristo, viver em missão, e renovação missionária.
  • Encontro pessoal com Jesus. De facto, no primeiro passo, a missão começa em nós mesmos. Se eu não estiver “encharcado” de Cristo eu não sou capaz de O revelar aos outros. A minha relação pessoal com Jesus deve crescer continuamente na oração de intimidade com Ele, na Eucaristia como memorial da sua morte e ressurreição, e nos gestos de caridade como relação pessoal com o outro, que, em última análise, é sempre Jesus. Estas são atitudes essenciais a quem quer ser evangelizador, estar em missão.
  • Viver em missão. Cada cristão deve ser digno da vocação a que foi chamado. Em cada palavra, gesto ou atitude, o cristão revela-se como identificado com Cristo. Daí que a fé sem obras seja morta; a prática religiosa sem o testemunho cristão revele um certo farisaísmo; e a preocupação por fazer muitas coisas, o activismo, sem uma relação pessoal com Jesus, seja infrutífera. É urgente viver em missão, sentir-se sempre como enviado, tornar-se próximo dos outros com o amor que é paradigma do cristão.
  • A renovação missionária. Foi S. João Paulo II que falou da nova evangelização com novo ardor, novos métodos e novas expressões. O desafio da mudança é fundamental para a criatividade essencial ao anúncio do Evangelho do Reino. A missão pede necessariamente a beleza da forma e a alegria da atitude, valores que podem envolver os jovens, levando-os a descobrir como é apaixonante seguir Jesus. Também os mais velhos, mesmo na etapa avançada da vida, podem encontrar na loucura do Evangelho a serenidade e a paz para se sentirem felizes. Todos são evangelizados, mas todos são evangelizadores também. Com Jesus no coração o anúncio é mais fácil porque se fala daquele que se ama.

O Papa Francisco, numa Igreja em missão, pede o encontro pessoal com Jesus, o testemunho cristão em toda a parte, a formação indispensável para os valores do Evangelho e a caridade missionária que semeia o amor.

  1. A nossa Paróquia está em missão. O nosso Prior está a preparar iniciativas extraordinárias de sentido missionário que a todos nos vão envolver. Tornemo-nos missionários de verdade.

        P. Vítor Feytor Pinto