A RIQUEZA DA FIDELIDADE – O texto mais significativo da liturgia de hoje é da Carta aos Hebreus quando se fala da fé de Abraão. Foi pela fé que deixou a sua terra para ir ao encontro de Deus no Monte Mória. Pela fé, com Sara, aceitou um filho na sua velhice, com a promessa de Deus de que dele nasceria um povo com “descendentes mais numerosos do que as estrelas do céu e as areias do mar” (Heb 11, 12). Pela fé Abraão aceitou oferecer seu filho Isaac, ele que se tornaria um sinal profético do Redentor que um dia haveria de chegar. A fé de Abraão é paradigma da fidelidade de todos os que aceitam a promessa de Deus e querem viver segundo o que Deus pede para a renovação constante da humanidade. Quem lê a Carta aos Hebreus compreenderá que a fé dos patriarcas e dos profetas não é nada comparada com a fé dos cristãos alicerçada na Pessoa de Cristo Ressuscitado.
A fidelidade dos cristãos implica estarem disponíveis para servir. Por isso o Evangelho de Lucas pede aos discípulos de Jesus que não tenham medo, que estejam preparados, sempre atentos ao seu Senhor quando Ele chegar. A dinâmica do serviço, expressão da fé, supõe a vigilância constante. Estar sempre à espera do Senhor significa ser fiel sem condições. É isto que é pedido aos cristãos. Não basta confiar em Jesus Cristo, não basta conhecer intelectualmente a doutrina de Jesus, não basta ter notícia dos seus mandamentos. A fidelidade implica a identificação completa com o projecto de Cristo, ao ponto de ser capaz de segui-l’O em todas as etapas da vida sem condições. Pode haver crises de fé, o que até é normal. É necessário, porém, ultrapassar essas mesmas crises, enriquecendo cada vez mais a relação com Cristo, numa fidelidade que não tem limites.
A liturgia traz-nos uma pequena nota suplementar no texto da Sabedoria, quando fala nos justos que em todas as situações são solidários com o Povo de Deus. Praticar a justiça, para um cristão, é identificar-se incondicionalmente com Cristo em todas as opções da vida, e, depois, ser fiel às opções feitas.
Monsenhor Vitor Feytor Pinto *************************************************************
«ONDE ESTIVER O VOSSO TESOURO,
AÍ ESTARÁ O VOSSO CORAÇÃO.»
(Luc 12, 34)
I LEITURA – Sab 18, 6-9
A primeira leitura aponta o exemplo dos judeus que aguardavam a libertação do Egipto para afirmar que os justos devem ser solidários quer nos bens quer nos perigos.
Leitura do Livro da Sabedoria
A noite em que foram mortos os primogénitos do Egipto foi dada previamente a conhecer aos nossos antepassados, para que, sabendo com certeza a que juramentos tinham dado crédito, ficassem cheios de coragem. Ela foi esperada pelo vosso povo, como salvação dos justos e perdição dos ímpios, pois da mesma forma que castigastes os adversários, nos cobristes de glória, chamando-nos para Vós. Por isso os piedosos filhos dos justos ofereciam sacrifícios em segredo e de comum acordo estabeleceram esta lei divina: que os justos seriam solidários nos bens e nos perigos; e começaram a cantar os hinos de seus antepassados.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33), 1.12.18-19.20.22 (R. 12b)
Refrão: Feliz o povo que o Senhor escolheu
para sua herança. Repete-se
Justos, aclamai o Senhor,
os corações rectos devem louvá-l’O.
Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus,
o povo que Ele escolheu para sua herança. Refrão
Os olhos do Senhor estão voltados
para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome. Refrão
A nossa alma espera o Senhor,
Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor. Refrão
II LEITURA – Forma longa – Hebr 11, 1-2.8-19
A segunda leitura é uma meditação profunda sobre a Fé. Começa por uma definição lapidar: «A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se vêem». Prossegue afirmando que «pela Fé, Abraão obedeceu ao chamamento e partiu sem saber para onde ia».
Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se vêem. Ela valeu aos antigos um bom testemunho. Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento e partiu para uma terra que viria a receber como herança; e partiu sem saber para onde ia. Pela fé, morou como estrangeiro na terra prometida, habitando em tendas, com Isaac e Jacob, herdeiros, como ele, da mesma promessa, porque esperava a cidade de sólidos fundamentos, cujo arquitecto e construtor é Deus. Pela fé, também Sara recebeu o poder de ser mãe já depois de passada a idade, porque acreditou na fidelidade d’Aquele que lho prometeu. É por isso também que de um só homem – um homem que a morte já espreitava – nasceram descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia que há na praia do mar. Todos eles morreram na fé, sem terem obtido a realização das promessas. Mas vendo-as e saudando-as de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Aqueles que assim falam mostram claramente que procuram uma pátria. Se pensassem na pátria de onde tinham saído, teriam tempo de voltar para lá. Mas eles aspiravam a uma pátria melhor, que era a pátria celeste. E como Deus lhes tinha preparado uma cidade, não Se envergonha de Se chamar seu Deus. Pela fé, Abraão, submetido à prova, ofereceu o seu filho único Isaac, que era o depositário das promessas, como lhe tinha sido dito: «Por Isaac será assegurada a tua descendência». Ele considerava que Deus pode ressuscitar os mortos; por isso, numa espécie de prefiguração, ele recuperou o seu filho.
Palavra do Senhor.
II LEITURA – Forma breve – Hebr 11, 1-2.8-12
Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos: A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se vêem. Ela valeu aos antigos um bom testemunho. Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento e partiu para uma terra que viria a receber como herança; e partiu sem saber para onde ia. Pela fé, morou como estrangeiro na terra prometida, habitando em tendas, com Isaac e Jacob, herdeiros, como ele, da mesma promessa, porque esperava a cidade de sólidos fundamentos, cujo arquitecto e construtor é Deus. Pela fé, também Sara recebeu o poder de ser mãe já depois de passada a idade, porque acreditou na fidelidade d’Aquele que lho prometeu. É por isso também que de um só homem – um homem que a morte já espreitava – nasceram descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia que há na praia do mar.
Palavra do Senhor.
ALELUIA – Mt 24, 42a.44
Refrão: Aleluia. Repete-se
Vigiai e estai preparados,
porque na hora em que não pensais
virá o Filho do homem. Refrão
EVANGELHO – Forma longa – Lc 12, 32-48
S. Lucas tenta despertar o povo que, adormecido pela falsa ideia da proximidade do fim do mundo, se deixara cair na inactividade.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. Vendei o que possuís e dai-o em esmola. Fazei bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável nos Céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração. Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que esperam o seu senhor ao voltar do casamento, para lhe abrirem logo a porta, quando chegar e bater. Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes. Em verdade vos digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e, passando diante deles, os servirá. Se vier à meia-noite ou de madrugada, felizes serão se assim os encontrar. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não o deixaria arrombar a sua casa. Estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho do homem». Disse Pedro a Jesus: «Senhor, é para nós que dizes esta parábola, ou também para todos os outros?». O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá à frente da sua casa, para dar devidamente a cada um a sua ração de trigo? Feliz o servo a quem o senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado. Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens. Mas se aquele servo disser consigo mesmo: ‘O meu senhor tarda em vir’, e começar a bater em servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no dia em que menos espera e a horas que ele não sabe; ele o expulsará e fará que tenha a sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou ou não cumpriu a sua vontade, levará muitas vergastadas. Aquele, porém, que, sem a conhecer, tenha feito acções que mereçam vergastadas, levará apenas algumas. A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá».
Palavra da salvação.
EVANGELHO – Forma breve – Lc 12, 35-40
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que esperam o seu senhor ao voltar do casamento, para lhe abrirem logo a porta, quando chegar e bater. Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes. Em verdade vos digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e, passando diante deles, os servirá. Se vier à meia-noite ou de madrugada, felizes serão se assim os encontrar. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não o deixaria arrombar a sua casa. Estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho do homem».
Palavra da salvação.