A MISSÃO DO PROFETA – A liturgia deste domingo priviligia a vocação daquele que é chamado a profetizar. Profeta do original grego “pro-femi”, falar em nome de outro, é aquele que é chamado a falar em nome de Deus. Há profetas do Antigo Testamento, mas também há profetas do Novo Testamento. Estes são os Apóstolos e os Discípulos que foram chamados por Deus para anunciarem a Boa Nova em Jesus Cristo. No Antigo Testamento há profetas incómodos. Amós é um deles. De tal maneira contrariava o mau viver do povo que o próprio sacerdote Amasias lhe pediu para se retirar e não interpelar mais ninguém (1ª leitura). Depois, Jesus escolheu Apóstolos e Discípulos para irem por todo o mundo anunciar a Boa Nova a toda a criatura. São profetas do Novo Testamento que, possuídos por Deus, proclamam que Jesus é o Senhor. É corrente saber que outra coisa não viveram Pedro e Paulo, ao fazerem discípulos de todas as nações e todos baptizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. No seu profetizar começaram sempre por anunciar a paz que vem de Jesus Cristo (Evangelho). Instaurar todas as coisas em Cristo (Ef 1, 10) é, no dizer de Paulo, a missão fundamental do cristão. Nesta perspectiva todos os cristãos se tornam profetas convidando a todos a abraçarem a fé e a deixarem-se conduzir pelo Espírito Santo. É esta a profecia do Novo Testamento, realizada onde quer que esteja um cristão, iluminando tudo com a luz de Cristo e irradiando em tudo os valores do Evangelho (2ª leitura).
1. Um profeta incómodo
De entre os profetas menores Amós é sem dúvida o mais interpelativo. Deus chamou-o dos campos onde trabalhava como pastor, ele desceu à cidade que encontrou cheia de injustiças e de corrupção. Conduzido por Deus profetiza clamando à justiça, ao perdão, à reconciliação. Reveste a sua profecia de denúncia clara dos mais ricos e poderosos que desprezavam os pobres e os abandonados. O sumo sacerdote do santuário de Betel, Amasias, não gostou e mandou-o partir. Amós invoca a sua vocação e missão de profeta afirmando que “foi o Senhor que me enviou a profetizar junto do povo de Israel”. Profeta incómodo acabou por retirar-se de novo para os campos. Em todos os tempos há profetas que foram silenciados.
2. A missão dos Discípulos
Jesus, na sua vida pública, não se limitou a escolher doze Apóstolos, escolheu também 72 Discípulos que enviou, dois a dois, a anunciar a Boa Nova (cf Lc 10, 4). A estes Jesus convidou a uma grande austeridade na forma de viver, dizendo-lhes: não leveis bolsa, nem cajado, tenham apenas um par de sandálias e uma túnica, e não percam tempo a conversar com as pessoas que encontram no caminho. Para estes profetas do Novo Testamento Jesus convida a uma pobreza radical, mas diz-lhes também qual é a sua missão: dar a paz em toda a casa onde entrarem, curarem os doentes e expulsarem os demónios. É uma acção evangelizadora com todos os sinais da Boa Nova que Jesus queria anunciar. A paz interior, a cura dos sofrimentos, a vitória sobre a tentação são paradigmas de um projecto cristão de vida. Desde a missão dos discípulos, esta acção de profetizar está definida. Profetas do Novo Testamento, hoje, são todos os cristãos que, pelo testemunho de vida e pelo anúncio de Jesus Cristo, abrem a todos a salvação esperada.
3. Escolhidos para ser santos
A santidade é, em última análise, a vocação do cristão. Ser discípulo de Cristo implica ser santo de verdade, isto é, “viver em comunhão plena e perfeita com Cristo” (LG 50). Paulo na Carta aos Efésios usa para os “santos” alguns verbos extraordinariamente significativos. Os cristãos são escolhidos, predestinados, redimidos, perdoados dos pecados, introduzidos no mistério da salvação, por tudo isso são, em Cristo, herdeiros. Então, instauram todas as coisas em Cristo e ajudam todos a abraçar a fé, a deixar-se conduzir pelo Espírito, a viverem o Evangelho.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto
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LITURGIA DA PALAVRA:
“DEU-LHES PODER SOBRE OS ESPÍRITOS IMPUROS E
ORDENOU-LHES QUE NADA LEVASSEM PARA O CAMINHO,
A NÃO SER O BASTÃO: NEM PÃO, NEM ALFORGE, NEM DINHEIRO”.
(Mc 6, 7-8)I LEITURA – Amós 7, 12-15
Deus arranca Amós dos seus afazeres e envia-o a pregar. Como mensageiro de Deus é preciso escutá-lo e acolher a sua palavra.
Leitura da Profecia de Amós
Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: «Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’».
Palavra do Senhor.
SALMO – 84 (85), 9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)
Refrão: Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor e dai-nos a vossa salvação. Repete-se
Ou: Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia. Repete-se
Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis
e a quantos de coração a Ele se convertem.
A sua salvação está perto dos que O temem
e a sua glória habitará na nossa terra. Refrão
Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,
abraçaram-se a paz e a justiça.
A fidelidade vai germinar da terra
e a justiça descerá do Céu. Refrão
O Senhor dará ainda o que é bom,
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará à sua frente
e a paz seguirá os seus passos. Refrão
II LEITURA – Forma longa Ef 1, 3-14
As bênçãos de Deus.
Leitura da Epístola do Apóstolo São Paulo aos Efésios
Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção e a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio de benevolência n’Ele de antemão estabelecido, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra. Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo. Foi n’Ele que vós também, depois de ouvirdes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, abraçastes a fé e fostes marcados pelo Espírito Santo. E o Espírito Santo prometido é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que Deus adquiriu para louvor da sua glória.
Palavra do Senhor.
II LEITURA – Forma breve Ef 1, 3-10
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção e a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio de benevolência n’Ele de antemão estabelecido, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra.
Palavra do Senhor.
ALELUIA – cf. Ef 1, 17-18
Refrão: Aleluia. Repete-se
Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
ilumine os olhos do nosso coração,
para sabermos a que esperança fomos chamados. Refrão
EVANGELHO – Mc 6, 7-13
Quando o Senhor Jesus envia em missão os discípulos, recomenda-lhes que sejam simples e pobres.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.
Palavra da salvação.