O MESMO PÃO PARA TODOS, SINAL DE UNIDADE  – Há muitas páginas da Sagrada Escritura que falam da importância do pão. O pão é alimento universal, não há quem não participe dele nas suas refeições. Quando se fala de fome é sempre o pão que está a faltar. Daí que, a linguagem do pão seja um desafio muito belo para a reflexão que os cristãos podem fazer. Há duas leituras que falam expressamente do pão: os pães levados a Eliseu e os pães multiplicados por Jesus na montanha. Num e noutro caso todos comeram do pão e ficaram saciados (1ª leitura e Evangelho). A Carta de S. Paulo aos Efésios fala da unidade quando refere uma só fé, um só Batismo, um só Deus que é Pai de todos. Poderia acrescentar-se o mesmo pão, em Eucaristia, como o mesmo alimento universal para todos os cristãos, também ele sinal de unidade (2ª leitura).

1. Os pães levados a Eliseu
Este episódio do Livro dos Reis, na sua simplicidade, contém lições maravilhosas: a generosidade do homem que levou pão fresco a Eliseu; a sensibilidade do profeta que se apercebeu de que muitos tinham fome; a confiança de quantos estavam com Eliseu e acreditaram que o pão, embora pouco, chegaria para todos. A alegria porque o pão chegou e a todos saciou. No Antigo Testamento, muitas vezes e de muitas formas, Deus sacia o Povo de Israel. Fala-se do maná no deserto (Ex 16, 4), fala-se dos pães da proposição (Mt 12, 4), que eram destinados aos sacerdotes, fala-se hoje da oferta do pão a Eliseu, o que está sempre em causa é o dom de Deus que não esquece o seu povo.

2. A multiplicação dos pães
Várias vezes aparece no Evangelho o episódio da multiplicação dos pães. Em S. João há uma relação estreita entre o “milagre” e o anúncio da Eucaristia. O acontecimento, em si, pode explicar-se pela solidariedade e pela partilha. Muitos foram solidários com a multidão que seguia Jesus há três dias. Filipe e André até procuraram uma solução normal, que todos fossem às cidades comprar alimentos. Houve, porém, um “rapazito” que tinha levado 5 pães e dois peixes e foi capaz de os partilhar com todos. Provavelmente Jesus convidou muitos outros à partilha e os pães multiplicaram-se por encanto, chegando para todos e sobrando 12 cestos. Para além do poder de Jesus, há um milagre de solidariedade e de partilha. A multiplicação dos pães anunciará o pão vivo que desceu do céu, a Eucaristia que Jesus vai prometer e, mais tarde, irá instituir.

3. Desafio para a unidade
Todos os cristãos devem ser dignos da vocação a que foram chamados. Se o Senhor os chamou à verdade e ao bem, convida-os também à unidade: “empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, há uma só fé e um só Batismo, há um só Deus e Pai de todos”. Se todos comemos do mesmo pão, todos devemos estar unidos no mesmo Espírito. É a vocação à unidade. Esta, porém, não será possível sem algumas virtudes fundamentais que Paulo também refere: a humildade, a mansidão, a paciência, suportando-se todos uns aos outros com caridade, deixando-se apanhar pelo vínculo da paz.

Monsenhor Vítor Feytor Pinto
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LITURGIA DA PALAVRA

«ENTÃO JESUS TOMOU OS PÃES, DEU GRAÇAS E DISTRIBUIU-OS…

E COMERAM QUANTO QUISERAM.»

                                                       (Jo 6, 11)

I LEITURA – 2 Reis 4, 42-44

A multiplicação dos pães pelo profeta Eliseu.

Leitura do Segundo Livro dos Reis
Naqueles dias, veio um homem da povoação de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus, pão feito com os primeiros frutos da colheita. Eram vinte pães de cevada e trigo novo no seu alforge. Eliseu disse: «Dá-os a comer a essa gente». O servo respondeu: «Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?». Eliseu insistiu: «Dá-os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor: ‘Comerão e ainda há-de sobrar’». Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor.
Palavra do Senhor.

SALMO – 144 (145), 10-11.15-16.17-18 (R. cf. 16)

Refrão: Abris, Senhor, as vossas mãos e saciais a nossa fome. Repete-se

Graças Vos deem, Senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos. Refrão

Todos têm os olhos postos em Vós,
e a seu tempo lhes dais o alimento.
Abris as vossas mãos
e todos saciais generosamente. Refrão

O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade. Refrão

II LEITURA – Ef 4, 1-6

S. Paulo encontra-se preso e escreve aos Efésios, recomendando-lhes que construam a santidade na humildade e na paciência, «suportando-se uns aos outros» na caridade.

Leitura da Epístola do Apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como há uma só esperança na vida a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos Se encontra.
Palavra do Senhor.

ALELUIA – Lc 7, 16

Refrão: Aleluia. Repete-se

Apareceu entre nós um grande profeta:
Deus visitou o seu povo. Refrão

EVANGELHO – Jo 6, 1-15

A multiplicação dos pães por Jesus.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.
Palavra da salvação.