Neste dia em que se celebra a festa da Assunção da Virgem Santa Maria, os cristãos são convidados a meditar a Palavra de Deus em três momentos: o capítulo 12 do Apocalipse – a exaltação de Maria e a sua glorificação como Mãe do Filho Unigénito de Deus; a Primeira Carta aos Coríntios – a ressurreição de Cristo como primícia de toda a Ressurreição, com Maria também ela ressuscitada com Cristo; o Evangelho de Lucas – a proclamação de Maria, bendita entre todas as mulheres da Terra. Vale a pena ler neste dia a Palavra de Deus com uma ordem diferente nas leituras. Pode começar-se pelo Evangelho, para entender a generosidade de Maria ao visitar a sua prima Isabel, recebendo dela um grito de louvor. Compreender-se-á, então, facilmente, com Coríntios, que esta mulher não podia ficar na mansão dos mortos. A Mãe do Ressuscitado tinha de ressuscitar, no corpo e no espírito, para se encontrar definitivamente com Cristo. Finalmente, a última leitura, o Apocalipse, permitirá reconhecer Maria, assumpta ao Céu.
- BENDITA ENTRE TODAS AS MULHERES DA TERRA
Quando Maria soube, pelo anjo Gabriel, que a prima estava à espera de um menino, logo se pôs a caminho, numa caridade sem limites, para a acompanhar nesse tempo difícil. O diálogo das duas mulheres recorda muitos outros diálogos da Sagrada Escritura, no Antigo Testamento. Era o cumprir da promessa, no Filho de Deus, o Messias, que Maria trazia no seu seio. Era o preparar da aventura da redenção, no precursor, João, que haveria de nascer na velhice de Isabel. As palavras que as duas mulheres trocam entre si são um hino à generosidade de Maria que estava a colaborar com Deus no mistério da redenção. Com razão Maria podia dizer: «Deus fez maravilhas, Santo é o seu nome.» (Lc 1,49) O corpo de Maria, que acolheu Jesus durante nove meses, não pode desaparecer no coração da Terra. - A PLENITUDE DA RESSURREIÇÃO
Maria é diferente de todos na sua peregrinação no tempo. Será diferente de todos, também, no limiar da eternidade. Desde a morte, vai ressuscitar no corpo e na alma. E o seu corpo é assumido ao Céu. É a plenitude da Ressurreição. Se todos os homens hão de ressuscitar no fim dos tempos, Maria foi privilegiada ressuscitando também no corpo logo no momento do seu encontro com Cristo. De facto, os que morrem com Cristo ressuscitam também com Cristo para a vida eterna. O privilégio de Maria foi este: o seu corpo não foi corrompido pela morte. Logo após o seu adormecer no tempo, o seu corpo foi assumido na casa de Deus, participando desde momento da glória dos santos. - A VITÓRIA DA MULHER SOBRE O DRAGÃO
Um grande sinal no céu, uma mulher vestida do sol, com a lua a seus pés e com uma coroa de estrelas na cabeça. Está para dar à luz um filho varão. O dragão quer devorar o filho da mulher. É um cântico maravilhoso, expressão de uma luta que se trava entre a mulher e o dragão, entre os princípios do bem e as forças do mal. O “menino” será salvo, mas o dragão continuará a perseguir os outros filhos da mulher. A maternidade de Maria, a sua influência no mundo, na Igreja, na vida dos homens irá continuar. Mas a Virgem Santa Maria, vencidas as mortes, irá triunfar.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto
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LITURGIA DA PALAVRA:
«O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome.»
(Lc 1, 49)
I LEITURA – Ap 11, 19a; 12, 1-6a.10ab
«Uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés»
Leitura do Apocalipse de São João
O templo de Deus abriu-se no Céu e a arca da aliança foi vista no seu templo. Apareceu no Céu um sinal grandioso:
uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava para ser mãe e gritava com as dores e ânsias da maternidade. E apareceu no Céu outro sinal: um enorme dragão cor de fogo,
com sete cabeças e dez chifres e nas cabeças sete diademas. A cauda arrastava um terço das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra. O dragão colocou-se diante da mulher que estava para ser mãe, para lhe devorar o filho, logo que nascesse. Ela teve um filho varão, que há-de reger todas as nações com ceptro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus: «Quem é inexperiente venha por aqui». E aos insensatos ela diz: «Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei. Deixai a insensatez e vivereis; segui o caminho da prudência».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 44 (45), 10.11.12.16 (R. cf. 10b)
Refrão: À vossa direita, Senhor, a Rainha do Céu,
ornada do ouro mais fino.
Ou: À vossa direita, Senhor, está a Rainha do Céu.
Ao vosso encontro vêm filhas de reis,
à vossa direita está a rainha, ornada com ouro de Ofir.
Ouve, minha filha, vê e presta atenção,
esquece o teu povo e a casa de teu pai. Refrão
Da tua beleza se enamora o Rei;
Ele é o teu Senhor, presta-Lhe homenagem.
Cheias de entusiasmo e alegria,
entram no palácio do Rei. Refrão
II LEITURA – 1 Cor 15, 20-27
«Primeiro, Cristo, como primícias; depois os que pertencem a Cristo»
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Corintios
Irmãos:
Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. Depois será o fim, quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai depois de ter aniquilado toda a soberania, autoridade e poder. É necessário que Ele reine, até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser aniquilado é a morte, porque Deus tudo colocou debaixo dos seus pés. Mas quando se diz que tudo Lhe está submetido é claro que se exceptua Aquele que Lhe submeteu todas as coisas.
Palavra do Senhor.
ALELUIA – Jo 6, 56
Refrão: Aleluia. Repete-se
Maria foi elevada ao Céu:
alegra-se a multidão dos Anjos. Refrão
EVANGELHO – Lc 1, 39-56
«De hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor». Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e depois regressou a sua casa.
Palavra da salvação.