A GENEROSIDADE DOS SIMPLES – Por vezes na leitura da Palavra de Deus é-se surpreendido com episódios reveladores de uma grande generosidade. É esta capacidade de dar que marca dois dos textos hoje proclamados na liturgia. Elias é ajudado pela viúva de Sarepta, Jesus dá-se conta do óbolo da viúva. De facto, são duas pessoas pobres, simples, humildes, que no meio das suas grandes dificuldades ainda conseguem repartir os bens. A viúva de Sarepta não tinha mais nada para sobreviver do que um punhado de farinha e um fio de azeite. Apesar disso sentiu-se capaz de ajudar Elias que precisava de um pãozinho e de um copo de água (I Leitura). Do mesmo modo, quando Jesus se coloca em frente do tesouro do templo a ver multidões que passavam e depositavam quantias no lugar do ofertório é surpreendido por uma viúva pobre que não tem mais do que duas moedas. Na sua generosidade são estas que ela oferece (Evangelho). A Carta aos Hebreus considera também Jesus como um pobre cheio de generosidade que oferece o que tem, a vida, de uma vez por todas para o perdão dos pecados e para que a humanidade seja salva (II Leitura).

1. A viúva de Sarepta
No texto do Livro dos Reis há duas personalidades diferentes mas que se aproximam num problema que é dos dois. Elias tem sede e fome, a viúva de Sarepta prepara o que lhe resta para fazer pão com que alimentará o seu filho. São dois pobres: Elias marcado pelo cansaço e pela solidão; a viúva de Sarepta dominada por uma pobreza extrema. Ao desafio do profeta, para uma generosidade aparentemente exagerada, aquela mulher responde com uma partilha ainda maior, dando do último pão que lhe resta. Porque Elias fala em nome de Deus, a viúva de Sarepta é recompensada: “Desde aquele dia, nem a panela da farinha se esgotou, nem se esvaziou a almotolia do azeite” (1 Reis 17, 16).

2. O óbolo da viúva
Muita gente passava no átrio do templo. Era natural participar nas despesas do culto, na sustentação dos sacerdotes e no cuidado a ter com os mais pobres. Todos os crentes passavam junto do tesouro e deitavam esmolas segundo a sua capacidade económica. Uns deitavam muito, pela sua riqueza, outros deitavam pouco, por causa dos seus limites. Até aqui tudo foi normal. Mas aconteceu que uma mulher viúva, no limiar da sua pobreza extrema, não se resignou a ficar sem dar e “deitou duas pequenas moedas” (Mc 12, 42). Talvez fosse o último dinheiro que lhe restava. Assim o compreendeu Jesus que disse aos discípulos: “eles (os ricos) deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha” (Mc 12, 44). Lição maravilhosa da generosidade dos simples. Cristo aproveitou o episódio para convidar os discípulos e, neles, todos os cristãos a serem simples e generosos em todas as situações.

3. O sacrifício único
Na Carta aos Hebreus fala-se hoje de um sumo sacerdócio diferente, não na opulência mas na pobreza, não na vitória a qualquer preço mas na aceitação da morte como grande sacrifício, não na multiplicidade dos holocaustos mas na oferenda única da vida de uma vez por todas para a remissão dos pecados. Cristo fez-se simples no dom da própria vida para a todos chamar à generosidade da entrega. Em Cristo aprende-se a dar a vida.

Monsenhor Vitor Feytor Pinto
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«ESTA POBRE VIÚVA DEU MAIS DO QUE TODOS OS OUTROS.»

(Mc 12, 43)

I LEITURA – 1 Reis 17, 10-16

A viúva de Sarepta. Em tempo de fome, numa terra estrangeira, o profeta Elias é ajudado por uma viúva que se encontra à mingua de recursos. Não nos é dito se ela acreditava no Deus verdadeiro; tem, certamente, a generosidade dos pobres; e recebe, através do profeta, a retribuição de Deus. (Pe. João Resina in A Palavra no Tempo).

Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias, o profeta Elias pôs-se a caminho e foi a Sarepta. Ao chegar às portas da cidade, encontrou uma viúva a apanhar lenha. Chamou-a e disse-lhe: «Por favor, traz-me uma bilha de água para eu beber». Quando ela ia a buscar a água, Elias chamou-a e disse: «Por favor, traz-me também um pedaço de pão». Mas ela respondeu: «Tão certo como estar vivo o Senhor, teu Deus, eu não tenho pão cozido, mas somente um punhado de farinha na panela e um pouco de azeite na almotolia. Vim apanhar dois cavacos de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho. Depois comeremos e esperaremos a morte». Elias disse-lhe: «Não temas; volta e faz como disseste. Mas primeiro coze um pãozinho e traz-mo aqui. Depois prepararás o resto para ti e teu filho. Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘Não se esgotará a panela da farinha, nem se esvaziará a almotolia do azeite, até ao dia em que o Senhor mandar chuva sobre a face da terra’». A mulher foi e fez como Elias lhe mandara; e comeram ele, ela e seu filho. Desde aquele dia, nem a panela da farinha se esgotou, nem se esvaziou a almotolia do azeite, como o Senhor prometera pela boca de Elias.
Palavra do Senhor.

SALMO – 145 (146), 7.8-9a.9bc-10

Refrão: Ó minha alma, louva o Senhor. Repete-se

Ou: Aleluia. Repete-se

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos. Refrão

O Senhor ilumina os olhos do cego,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos. Refrão

O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores. Refrão

O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações. Refrão

II LEITURA – Hebr 9, 24-28

«Cristo ofereceu-Se uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão.»

Leitura da Epístola aos Hebreus
Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro, mas no próprio Céu, para Se apresentar agora na presença de Deus em nosso favor. E não entrou para Se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote que entra cada ano no Santuário, com sangue alheio; nesse caso, Cristo deveria ter padecido muitas vezes, desde o princípio do mundo. Mas Ele manifestou-Se uma só vez, na plenitude dos tempos, para destruir o pecado pelo sacrifício de Si mesmo. E, como está determinado que os homens morram uma só vez e a seguir haja o julgamento, assim também Cristo, depois de Se ter oferecido uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão, aparecerá segunda vez, sem a aparência do pecado, para dar a salvação àqueles que O esperam.
Palavra do Senhor.

ALELUIA – Mt 5, 3

Refrão: Aleluia. Repete-se

Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus. Refrão

EVANGELHO – Forma longa – Mc 12, 38-44

Jesus critica os escribas e elogia uma viúva pobre. 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas, com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa». Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
Palavra da salvação.

EVANGELHO – Forma breve – Mc 12, 41-44 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
Palavra da salvação