O ano litúrgico aproxima-se do fim. A liturgia deste domingo tem como referência fundamental a preparação para a vinda do Senhor. Se é certo que o Senhor vem na sua glória, no fim dos tempos, é certo também que Ele vem ao nosso encontro quando cada um de nós se aproxima do fim da vida. Ninguém sabe quando é o fim, por isso é importante estar preparado  para o encontro com o Senhor, estar vigilante, porque o tempo do encontro é sempre inesperado. Na Carta aos Tessalonicenses (segunda leitura), Paulo pede aos cristãos que acreditem na ressurreição de Cristo. Por isso, no que se refere aos que partem, «os cristãos não podem ficar tristes como os pagãos, que não têm esperança» (1Ts 4,13). A referência, porém, perante o mistério da vida e da morte é a sabedoria de Deus. A sabedoria humana não permite uma leitura sobre a eternidade, porém, ao contrário, a sabedoria de Deus garante-nos que há uma vida  para além da vida e é esta que marca o caminho no tempo (primeira leitura). O Evangelho conta-nos uma história muito curiosa, a das virgens desprevenidas e das virgens prudentes. Só as prudentes se prepararam para a chegada do noivo.

1. A VERDADEIRA SABEDORIA É DEUS – O livro do Antigo Testamento fala-nos de uma sabedoria diferente. A sabedoria é muito mais do que a ciência humana, do que o conjunto de conhecimentos, do que um quadro cultural completo. Só Deus é a sabedoria. Por isso se diz que ela é luminosa e o seu brilho inultrapassável, que se antecipa e se dá a conhecer, que é cheia de benevolência para com tofos aqueles que a procuram. Numa linguagem carregada de simbolismo, o Livro da Sabedoria quer apenas revelar o mistério de Deus único, fonte de toda a verdadeira sabedoria.

2. HÁ UMA VIDA PARA ALÉM DA MORTE – Para o crente, a vida encontra a sua plenitude na eternidade. Por isso, São Paulo pôde dizer que «a vida não acaba, apenas se transforma, e, desfeita a tenda do exílio terrestre, adquire-se no Céu uma morada para sempre» (2 Cor 5,1). O fundamento desta vida eterna é Cristo Ressuscitado, Cristo que venceu a morte e vive para sempre na casa do Pai. É possível vencer todos os perigos e alcançar a salvação definitiva. Paulo termina a sua reflexão dizendo aos cristãos que se confortem uns aos outros com esta certeza da vida eterna.

3. O DESAFIO DA PREPARAÇAO PARA A VINDA DO SENHOR – Jesus falava dos problemas mais difíceis através de parábolas que estavam integradas na cultura do tempo. Quando havia um casamento, todas as raparigas da aldeia se preparavam para acolher o noivo ao chegar para as núpcias. Nesta pequena história, Jesus refere que algumas se prepararam para a festa, outras se descuidaram e não organizaram bem a sua vida para participarem na alegria geral. Umas podem ter as lâmpadas acesas, outras não as puderam acender porque não estavam preparadas. É uma história simples que nos revela como devemos estar preparados para a vinda do Senhor, com uma vida marcada pela luz que nos vem do Evangelho. A lâmpada é a nossa própria vida, a luz é a fidelidade às exigências do Evangelho, a hora do noivo é o momento da morte, a festa é a alegria a que todos têm direito, no Céu, se viverem ao ritmo de Jesus que, tendo muita exigência, faz constantemente um enorme desafio de amor.

Monsenhor Vitor Feytor Pinto

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LITURGIA DA PALAVRA:

«AÍ VEM O ESPOSO; IDE AO SEU ENCONTRO» .

I LEITURA – Sab 6, 12-16 

«A Sabedoria faz-se encontrar aos que a procuram»

Leitura do Livro da Sabedoria
A Sabedoria é luminosa e o seu brilho é inalterável; deixa-se ver facilmente àqueles que a amam e faz-se encontrar aos que a procuram. Antecipa-se e dá-se a conhecer aos que a desejam. Quem a busca desde a aurora não se fatigará, porque há-de encontrá-la já sentada à sua porta. Meditar sobre ela é prudência consumada e quem lhe consagra as vigílias depressa ficará sem cuidados. Procura por toda a parte os que são dignos dela: aparece-lhes nos caminhos, cheia de benevolência, e vem ao seu encontro em todos os seus pensamentos.
Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL –  Salmo 62 (63), 2.3-4.5-6.7-8 (R. 2b)

Refrão: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus. Repete-se

Senhor, sois o meu Deus: desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida, sequiosa, sem água. Refrão

Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais que a vida;
por isso, os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores. Refrão

Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei. Refrão

Quando no leito Vos recordo,
passo a noite a pensar em Vós.
Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas. Refrão

II LEITURA – Forma longa – 1 Tes 4, 13-18

«Jesus morreu e ressuscitou. Do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido.»

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos, para não vos contristardes como os outros, que não têm esperança. Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido. Eis o que temos para vos dizer, segundo uma palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido. Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
Palavra do Senhor.

ALELUIA – Mt 24, 42a.44

Refrão: Aleluia. Repete-se

Vigiai e estai preparados,
porque, na hora em que não pensais,
virá o Filho do homem. Refrão

EVANGELHO – Mt 25, 1-13

«O Reino dos Céus pode comparar-se a dez virgens …»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, foram ao encontro do esposo. Cinco eram insensatas e cinco eram prudentes. As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo, enquanto as prudentes, com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias. Como o esposo se demorava, começaram todas a dormitar e adormeceram. No meio da noite ouviu-se um brado: ‘Aí vem o esposo; ide ao seu encontro’. Então, as virgens levantaram-se todas e começaram a preparar as lâmpadas. As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, que as nossas lâmpadas estão a apagar-se’. Mas as prudentes responderam: ‘Talvez não chegue para nós e para vós. Ide antes comprá-lo aos vendedores’. Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial; e a porta fechou-se. Mais tarde, chegaram também as outras virgens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta’. Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço’. Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora».
Palavra da salvação.