Quarenta dias 
Para aprender a escolher,
Para se libertar do que é inútil,
Como quando se faz a travessia do deserto!
Quarenta dias
Para ensinar o coração a amar,
Para aprender a amar de novo,
Ao jeito dos tempos de outrora
Em que o amor, pela primeira vez, nos foi revelado!
Quarenta dias
Para educar o entendimento,
Para largar as obsessões, as ideias velhas,
Para aceitar abrir-se à verdade!
Quarenta dias
Para educar o olhar
Para aprender a ir para além das máscaras, das aparências,
Para aceitar abrir-se à novidade que cada dia traz consigo!
Quarenta dias
Para caminhar com outro ritmo,
Para mudar de estilo,
Para mudar de vida!
Quarenta dias
Para olhar para os outros, para olhar para Deus,
Para nos pormos à escuta da Palavra de Cristo,
Para deixar que essa Palavra, no segredo, penetre na nossa vida
E realize a obra da nossa transfiguração!
Quarenta dias
Para deixar que Deus nos encontre!
In www.prier.be (Tradução de Judite Grilo)
Estamos a preparar o Sínodo Diocesano
O grande desafio é o da conversão com a mudança de vida; entrando na 2º etapa da preparação do Sínodo vamos pedir a todas as pessoas da comunidade que, em caminho quaresmal, se ponham em questão. Começamos pelas tentações que nos podem dominar (1º Domingo da Quaresma). Cada domingo apresentaremos tês perguntas cujas respostas entregarão no ofertório do Domingo seguinte.
O Papa Francisco diz na Evangelii Gaudium que os cristãos têm o dever de dizer não a uma série de coisas:
1. Eu preocupo-me mais com o dinheiro do que com as pessoas?
2. O que me impede de reparar nos mais pobres ou nos que mais sofrem?
3. Neste sentido, que tipo de conversão quaresmal procuro?
Na segunda etapa do caminho quaresmal escutamos o Papa Francisco no 2º capítulo da Evangelii Gaudium. Este capítulo fala da crise do compromisso comunitário dos cristãos.
Continuamos a viver uma “fé privatizada”, para cada um, sem suficiente sentido comunitário. A transfiguração que hoje se celebra neste II Domingo da Quaresma, se levou Pedro, Tiago e João a quererem ficar a contemplar Jesus, o Senhor desafiou-os a regressar ao mundo para o transformar. Tal não seria possível sem o compromisso comunitário, a comunhão com Jesus e a comunhão com os outros.
1. Que lugar tem Jesus na minha família?
2. Como torno Jesus presente no meu espaço de trabalho?
3. Como torno Jesus presente no meu grupo de amigos?
Neste tempo de Quaresma em que a Igreja nos pede uma mudança de vida, vale a pena reflectir à luz da liturgia deste 3º Domingo, com a expulsão dos vendilhões do Templo.
Até que ponto o templo de Deus, que somos, está atravancado? Quando Jesus entrou no templo encontrou-o cheio de vendilhões que negociavam animais e trocavam moedas. Os que estavam no templo eram religiosos mas queriam viver à custa do próprio templo. Jesus indignou-se. as novas “bancas” no tempo de hoje são o egoísmo, pessimismo, e o mundanismo espiritual. Podemos perguntar-nos:
1. Ainda me coloco no centro do universo e ponho tudo a depender de mim? (É o problema do egoísmo)
2. Sou pessimista, estou sempre a dizer mal de tudo, não descobrindo nas diversas situações, os maravilhosos dons de Deus? (Francisco diz que o pessimismo é o diabo). Onde e como vejo Deus presente no mundo de hoje?
3. Para mim ser cristão, pertencer a um movimento, ou ir a uma determinada Igreja constituirá uma moda? (os critérios mundanos invadem muitas vezes as nossas praticas religiosas). Porque sou cristão?
Para o compromisso comunitário de que tanto fala o Papa Francisco, é urgente descobrir linhas de força que, transformando a Igreja, podem transformar também o mundo. O sentido comunitário não permite divisões entre os cristãos. Se se celebra a comunhão eclesial, então, descobre-se a essência da espiritualidade, isto é, deixar-se cada um possuir pelo Espírito Santo. A partir daí será fácil construir “uma Igreja em saída” para a transformação do mundo.
Jesus a Nicodemus disse três coisas fundamentais: que Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu próprio Filho; que o Filho de Deus veio ao mundo não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo; que todos os que seguirem Jesus vão ser baptizados na água e no fogo, isto é, no Espírito Santo. Para o compromisso comunitário levantam-se três questões:
1. A minha fé provoca divisões e guerrilhas ou aproximação de todos com a esperança de salvação universal?
2. A minha espiritualidade está centrada em mim ou é missionária, isto é, preocupada por levar a todos a Boa Nova da salvação? A quem sinto o dever de levar a salvação? Como o poderei fazer?
3. Jesus Cristo gera relações novas segundo os valores do Evangelho. Recordo situações em que tenha sido anunciador da verdade, da justiça, da liberdade e do amor? Quero relatar alguma?
Veja também a mensagem do Papa Francixco para a Quaresma 2015