XV DOMINGO DO TEMPO COMUM – 11 de Julho de 2010

«QUEM É O MEU PRÓXIMO?»
                                                                (Lc 10, 29)

I LEITURA –  Deut 30, 10-14

Esta palavra está perto de ti, está na tua boca e no teu coração, para que a possas pôr em prática».

SALMO – 68 (69), 14.17.30-31.33-34.36ab.37 (R. cf. 33)

Refrão: Procurai, pobres, o Senhor e encontrareis a vida.

Ou SALMO – 18 B, 8-11 (R. 9a)

Refrão: Os preceitos do Senhor alegram o coração.

II LEITURA – Col 1, 15-20

Em Cristo Jesus tudo adquire novo sentido: «Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus».

EVANGELHO – Lc 10, 25-37

«O bom samaritano».

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XV DOMINGO DO TEMPO COMUM

            Um dos mandamentos da Lei era amar o próximo. Mas os judeus entendiam que o próximo era o familiar, o amigo, o compatriota.
            Um doutor da Lei que fala com Jesus pressente que ele tem um horizonte mais vasto. Pergunta, e Jesus responde com a parábola:

“Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu em poder dos salteadores…”. A estrada em declive, cheia de curvas e esconderijos, com pouco movimento, era azada para emboscadas. O homem é despojado e deixado meio morto na berma.
Passam, com algum intervalo, dois outros homens. Vêem, mas não se detêm. Têm pena, não podem fazer nada. Não sabem tratar de feridos, receiam que os salteadores estejam escondidos e prontos a atacá-los também. Jesus acrescenta que um dos homens era sacerdote e o outro levita. O primeiro talvez se tenha lembrado de que a Lei proibia aos sacerdotes que tocassem em sangue, o segundo pode ter tido medo de se atrasar e não chegar a tempo às cerimónias.
Passa um terceiro. Por acaso, é samaritano, e entre samaritanos e judeus existia uma antiga malquerença. Mas, neste, pôde mais a compaixão. Aproximou-se, ligou as feridas do homem, deitando azeite e vinho, colocou-o em cima da sua montada e levou-o para uma estalagem. Aí continuou a assisti-lo. No dia seguinte, deixou dinheiro ao estalajadeiro para que continuasse a tratar dele.

O doutor da Lei entendeu a parábola. O próximo é todo o homem que precisar da minha ajuda. “Então vai, e faz da mesma maneira”.
            Hoje temos uma dificuldade suplementar. Os meios de comunicação social contam-nos todos os dramas da Terra. “Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”. Sabíamos que havia cerca de 40 milhões de seres humanos infectados com sida; os jornais desta semana contam que, só nestes últimos 12 meses, foram contagiados mais 5 milhões, quase metade com idades entre os 15 e os 24 anos. Sabemos que está em curso mais um genocídio em África, no Sudão. Sabemos, e “temos pena”.
            Somos tentados a pensar que, como estes problemas transcendem as nossas possibilidades, o melhor é ignorá-los. Mas é claro que problemas como estes pertencem hoje a todos e a cada um. Sem dúvida, são precisas acções muito vastas que só os governos e as estruturas internacionais têm capacidade para realizar. Mas as estruturas internacionais e os governos têm de ser despertados e urgidos; e, quando que se resolvem a agir, precisam do apoio e do sacrifício de todos.
            Já o Concílio II do Vaticano ensinava que “a profunda e rápida transformação da vida exige com grande urgência que ninguém, por despreocupação ou por inércia, se conforme com uma ética meramente individualista. Os deveres da justiça e da caridade cumprem-se cada vez mais contribuindo para o bem comum de acordo com a capacidade própria e a necessidade do próximo, promovendo e ajudando as instituições, públicas ou privadas, que se dedicam a melhorar as condições de vida dos homens. Há quem tenha teorias vastas e generosas, mas continue a viver sem reflectir nas necessidades sociais. Há até quem fuja aos impostos justos e a outros deveres para com a sociedade (…) A aceitação das relações sociais e suas exigências é um dos principais deveres do homem contemporâneo” (Gaudium et Spes, 30).
            O mundo contemporâneo precisa de homens e mulheres capazes de imaginar e propor caminhos novos. Precisa de homens e mulheres que saibam gerir de maneira adequada as novas estruturas que forem surgindo. Precisa que apoiemos a procura e forneçamos condições para que os projectos promissores se desenvolvam.

P.e João Resina Rodrigues (in a Palavra no Tempo II)

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