1. O mês de Outubro está, na Igreja, consagrado à sensibilização de todos para a acção missionária que urge desenvolver, a fim de que a mensagem do Evangelho chegue a todos os povos. Este ano celebra-se o 84º Dia Mundial das Missões que tem como apelo uma expressão muito forte: “a construção da comunhão eclesial é a chave da missão”. Esta proposta é a de Jesus quando faz oração pelos seus discípulos dizendo: “que todos sejam um, como Eu e Tu, ó Pai, somos um, e por isso, creia o mundo que Tu me enviaste” (Jo 17, 21). Nesta página do Evangelho de S. João, é fácil compreender que o anúncio da Boa Nova passa pelo testemunho de comunhão de todos os cristãos, membros da Igreja. De facto, a comunhão eclesial é a chave da missão. Mas todos são enviados em missão, porque o Senhor, quando chama, desde logo envia.
. Disse-o aos Apóstolos: “Vinde comigo, e farei de vós pescadores de homens” (Mt 4,19). E eles deixaram logo as redes e o pai, para segui-l’O e se tornarem anunciadores do Reino.
. Disse-o aos 72 discípulos: “Em qualquer casa onde entrardes, dai a paz, curai os enfermos que lá houver e anunciai que o Reino de Deus está próximo” (Lc 10, 5-9). O Senhor não se limitou a falar-lhes e lhes pedir pobreza, deu-lhes também uma missão.
. Disse-o a todos os irmãos: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo” (Mc 16, 15-16). Cativados por Jesus, acompanharam no depois de O ver ressuscitado. Aos onze, sentados à mesa, deu-lhes a missão de fazer discípulos em todas as nações.
. Às comunidades cristãs, disse-o também, quando lhes definiu a acção a desenvolver: “Dar a Boa Nova aos pobres, a libertação aos oprimidos, a liberdade aos cativos, a vista aos cegos, a alegria aos que sofrem” (Lc 4, 16-19). É a missão d’Ele de que o Senhor entrega também os seus discípulos.
O envio faz parte da vocação cristã. Talvez por isso o Senhor tenha querido falar da messe que é grande e tem poucos operários. Mas os que são chamados, têm o dever de anunciar. Esta vocação missionária realiza-se em todo o lugar, pelo exemplo, pelo testemunho, pela palavra oportuna. Exerce-se na família, na profissão, na vida social e cultural, em toda a parte. Missionários são todos os cristãos, pelo simples facto de serem cristãos.
2. Renovar o compromisso de anunciar o Evangelho é o que se atribui a todas as actividades, sobretudo às pastorais, à construção missionária. É um pedido de Bento XVI na sua mensagem para este dia. Com uma precisão extraordinária, o Papa acentua a construção missionária de toda a Igreja. Ser e agir como missionário passa:
.“Por uma fé adulta, capaz de entregar-se totalmente a Deus, em atitude filial alimentada pela oração, pela leitura da Palavra de Deus e pelo estudo das verdades da fé”. Esta é a primeira exigência para o missionário.
.“Por um amor profundo a Deus Pai que nos chama filhos, em seu Filho muito amado”, o que gera um renovado amor a todos os irmãos”. A preocupação pelos outros, pela salvação da humanidade, é uma marca de toda a acção missionária.
. Pela capacidade de resposta a quantos querem conhecer Jesus. Quantos gregos, ao chegarem a
Jerusalém diziam a João: “Queremos ver Jesus” (Jo 12, 21). Esta cena do Evangelho, alerta para quantos, neste nosso tempo, querem também conhecer Jesus. Procuram-no à sua maneira. É preciso inventar a forma de O anunciar.
.Pela alegria de saber que Jesus está vivo. Os homens do nosso tempo, nem sempre conscientemente, pedem aos cristãos que não se limitem a “falar” de Jesus, mas que o “apresentem”, o mostrem na maneira como eles próprios vivem o seu ser cristão, porque Ele, Cristo, é a verdade e n’Ele têm sentido as suas vidas.
. Pela conversão, pela mudança de vida. E esta “metanóia” não é apenas pessoal, é comunitária e
pastoral. É a Igreja toda, no seu ser e na sua acção, que tem de se renovar, para que apareça com outro rosto aos homens do nosso tempo. Como dizia o nosso Patriarca: “é preciso vencer as rotinas, as intelectualidades racionais, e as estruturas que já não têm sentido” (cf. J. Policarpo, Nova Evangelização – Desafio Pastoral).
. Pela cooperação missionária entre as diversas comunidades cristãs, as várias igrejas. Promover a comunhão é também, na vida eclesial, promover a interculturalidade, de tal maneira que o Evangelho seja fermento de liberdade e progresso, fonte de fraternidade, humildade e paz. (cf. Ad gentes 8). É uma tarefa vastíssima esta de renovar o compromisso missionário de todos os cristãos e de todas as comunidades. Só se consegue pelo mandamento do amor e com a consagração da acção na Eucaristia.
Assim se torna presente Cristo em todo o universo. Onde estiver um cristão, ali está Cristo a ser anunciado.
3. Também a nossa paróquia tem o dever de ser missionária, sempre. Tem procurado sê-lo e quer continuar a sê-lo. As iniciativas missionárias marcam a nossa vida comunitária. Como consegue realizar esta missão?
.Ajudando várias dioceses de África, cooperando com elas, na formação de sacerdotes para uma acção pastoral mais eficaz. Agora estão connosco o P. Arcanjo, de Quelimane, Moçambique, e o P. Joaquim, de Lubango, Angola.
. Criando grupos de apoio a algumas comunidades cristãs do terceiro mundo. Há uma parceria permanente com a paróquia de S. João Baptista do Fomento, em Maputo, Moçambique. Todos os anos, uma dúzia de jovens ali realizam um trabalho missionário, ajudando a reestruturar a vida paroquial daquela comunidade.
.Organizando o grupo missionário de jovens fraternos que estiveram agora um mês em Timor, em duas grandes paróquias. Foi um trabalho intensíssimo de evangelização que agora se prolonga com o envio de material escolar para duas escolas onde trabalham Salesianos.
. Colaborando com as iniciativas de uma congregação missionária que já está na paróquia há cerca
de 30 anos: as Irmãs Verbum Dei. É uma actividade constante que valoriza extraordinariamente a vida da nossa comunidade.
E muitas outras iniciativas poderão vir a fazer-se, na oração, na partilha de bens e na cooperação missionária. Ainda agora partiram para África dois jovens da paróquia, a Treca e o Pedro, integrados no movimento “Leigos para o Desenvolvimento”. Estão em Benguela, Angola.
4. Se a nossa paróquia souber ser missionária “Ad gentes” também a missão evangelizadora se
desenvolverá entre nós, nesta cidade que anda à procura de Deus.