1- É missão da Igreja evangelizar, isto é, levar a Boa Nova do Evangelho a todos os povos. Esta missão não compete apenas à Igreja em termos globais, pertence a cada cristão que, porque baptizado, assumiu o dever de testemunhar Cristo em toda a parte. A responsabilidade evangelizadora deriva do pedido expresso de Jesus:
· Foi antes de partir que Jesus disse aos discípulos “ide por todo o mundo, fazei discípulos em todas as nações”, acrescentando logo depois: “baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. É este o envio feito por Jesus a todos os cristãos, convidando-os a revelá-l’O como o Salvador.
. Também um dia, entrando na sinagoga de Nazaré, fez suas as palavras de Isaías: “Venho para dar a Boa Nova aos pobres, a liberdade aos cativos, a vista aos cegos, a alegria aos que sofrem”. Todo o cristão viria a receber de Jesus esta mesma missão para que a seu exemplo a boa notícia do Evangelho chegasse a toda a parte.
· Quando Jesus enviou 72 discípulos às aldeias e lugares, Ele soube pedir-lhes que a todos dessem a paz com expressos gestos de amor como a cura dos enfermos. É sempre o mesmo anúncio de boas notícias de que todo o cristão é portador.
· Compreende-se assim que a mulher samaritana, contagiada por Cristo, tenha ido dizer que encontrara o Messias. Pelo seu testemunho os samaritanos reconheceram o Salvador.
Neste contexto é fácil compreender que é missão da Igreja evangelizar. Que todo e qualquer cristão tem o dever de participar nesta missão evangelizadora.
2- O termo “Nova Evangelização” foi usado pela primeira vez por João Paulo II nos Sínodos da Europa e de África. Bento XVI dá um impulso novo a esta preocupação dos Papas introduzindo a expressão “Evangelização Renovada”. Compreende-se a preocupação dos Papas quando se vive num mundo que progressivamente vai perdendo a fé. De facto, os países do primeiro mundo, há muito evangelizados, têm-se afastado progressivamente das exigências do Evangelho. Mesmo as mais rudimentares normas de uma vida cristã se perderam. Não só na prática dominical e na estabilidade da família, mas também nas responsabilidades sociais, económicas e políticas. O Evangelho alicerça-se na verdade, na justiça, na liberdade, no amor, na paz. A sociedade actual fundamenta-se no ter, no poder e no prazer, relativizando tudo o resto. É com a preocupação de levar o Evangelho a este mundo que os Papas falam de Nova Evangelização com novo ardor, novos métodos, novas expressões.
· Novo ardor reclama cristãos convertidos, conscientes da sua fé, capazes de anunciar, apaixonados pela pessoa de Jesus, dando com alegria testemunho d’Ele em toda a parte.
· Novos métodos supõem a descoberta de formas de anúncio que sejam eficazes. O melhor dos anúncios é o testemunho cristão que só é possível acolhendo e compreendendo toda a gente, sendo solidário com os mais pobres, vivendo em comunhão de vida e de destino com todos os outros homens, semeando no entanto sempre razões de esperança.
· Novas expressões convidam à criatividade pastoral, deixando a repetição constante de rituais que nada dizem aos homens do nosso tempo. As novas ciências, a nova maneira de comunicar, a diferente forma de organização constituem desafios pastorais do maior interesse.
O desafio de uma evangelização renovada constitui uma fonte de entusiasmo em todos aqueles que, apaixonados por Cristo, querem vê-l’O anunciado nos diversos mundos de convivência, na família, na profissão, no grupo social.
3- “A Nova Evangelização, um desafio pastoral” é o título de uma carta que o Patriarca de Lisboa quis enviar a todas as comunidades cristãs. Como Bispo desta grande Diocese, tem a mesma sensibilidade dos últimos Papas, querendo dar prioridade à evangelização. Tem consciência da paganização da cidade dos homens, paganização esta que se sente não apenas no esvaziamento de muitas igrejas, mas sobretudo nas grandes decisões económicas, sociais e políticas que nada têm a ver com os valores do Evangelho. Mesmo os baptizados, muitas vezes, em nada se referem às exigências cristãs, seguindo apenas a moda, o politicamente correcto, o mais fácil, “o que todos fazem”. Falando de evangelização renovada o Patriarca sugere:
· Vencer quer as rotinas, com repetições ritualistas, quer a racionalidade, com a redução nas ideologias e nas doutrinas, quer o estruturalismo, em organizações fechadas que não se abrem ao mundo.
· Exigências fundamentais de evangelização, entre as quais se sublinham a prioridade absoluta à Palavra de Deus, para o conhecimento da pessoa de Jesus. A necessidade de uma oração intensa, suporte para todo o anúncio a fazer, o dinamismo da caridade porque só através desta se revela a presença de Jesus Salvador.
· O plano pastoral do Patriarcado aponta dois caminhos que concretizam também a evangelização: assumir a Palavra de Deus como luz, sem a qual não se conhece o projecto de Deus para o mundo, e aceitar esta luz para a vida, a vida de cada cristão, a vida da Igreja, a vida da humanidade.
Nesta Carta Pastoral facilmente se compreende a preocupação do nosso Bispo na renovação da vida dos cristãos, de tal forma que se tornem evangelizadores, mesmo levando a Boa Nova de Jesus aos não crentes.
4- A Comunidade Paroquial do Campo Grande quer estar ao serviço da evangelização. Evangelizar é responsabilidade de qualquer comunidade cristã. Os cristãos não estão voltados para dentro, têm o dever de se voltar para o mundo, acolhendo a todos os que os procuram e indo ao encontro daqueles que de alguma maneira deles precisam. Toda esta acção está centrada em três preocupações pastorais da nossa Comunidade Paroquial.
· Conhecer a pessoa de Jesus que só é possível estudando e fazendo oração sobre a Palavra de Deus. Só a Palavra de Deus nos revela a verdade de Jesus.
· Centrar a vida da comunidade e do cristão na Eucaristia, sinal da unidade, vínculo do amor, banquete de alegria, e memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
· Estar disponível para os não crentes ou para os cristãos que perderam a fé, ou estão mais afastados. Muitos, apesar da distância, continuam à procura de Deus. A resposta a esta procura é um dos maiores desafios que é feito aos cristãos.
· Inovar a acção que realizamos, com novos dinamismos de evangelização que passam sobretudo pelos gestos novos de caridade verdadeira.
Conhecer Jesus é descobrir o Amor. Aproximarmo-nos dos não crentes é acreditar no Amor. Inovar na acção é reafirmar a prioridade do Amor. Só o Amor pode salvar.