I DOMINGO DO ADVENTO – 28 de Novembro de 2010

  “VIGIAI, PORQUE NÃO SABEIS EM QUE DIA VIRÁ O VOSSO SENHOR”.

                                                                                                                                                                   (Mt 24, 42)

I LEITURA – Is 2, 1-5

A esperança na justiça e na paz.

Leitura do Livro de Isaías
Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e de Jerusalém: Sucederá, nos dias que hão-de vir, que o monte do templo do Senhor se há-de erguer no cimo das montanhas e se elevará no alto das colinas. Ali afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão, dizendo: «Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos e nós andaremos pelas suas veredas. De Sião há-de vir a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor». Ele será juiz no meio das nações e árbitro de povos sem número. Converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices. Não levantará a espada nação contra nação, nem mais se hão-de preparar para a guerra. Vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor.
Palavra do Senhor.

SALMO – 121 (122), 1-2.4-5.6-7.8-9 (R. cf. 1)

Refrão: Vamos com alegria
                 para a casa do Senhor. Repete-se

Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém. Refrão

Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor,
segundo o costume de Israel,
para celebrar o nome do Senhor;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David. Refrão

Pedi a paz para Jerusalém:
«Vivam seguros quantos te amam.
Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios». Refrão

Por amor de meus irmãos e amigos,
pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor,
pedirei para ti todos os bens. Refrão

II LEITURA – Rom 13, 11-14

«São horas de acordar»

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Vós sabeis em que tempo estamos: Chegou a hora de nos levantarmos do sono, porque a salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçámos a fé. A noite vai adiantada e o dia está próximo. Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, evitando comezainas e excessos de bebida, as devassidões e libertinagens, as discórdias e ciúmes; não vos preocupeis com a natureza carnal para satisfazer os seus apetites, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.
Palavra do Senhor.

EVANGELHO Mt 24, 37-44

A vinda do «Filho do Homem»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do homem. Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada. Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem.
Palavra da salvação.

 I DOMINGO DO ADVENTO – Comentários do P.e João Resina (in a Palavra no Tempo II)

            Vamos celebrar o Natal, isto é, o nascimento de Jesus. Acreditamos que Jesus é Deus, Filho de Deus Pai, por Ele enviado aos homens. Veio na simplicidade, deixou no Céu a glória e o poder. Nasceu numa cabana, cresceu numa família de pequenas posses, ganhou a vida com o trabalho das suas mãos. Anunciou o Reino de Deus. Disse que os pobres, os doentes, os pecadores, são cidadãos normais deste Reino. Disse que os ricos, os poderosos, os sábios, os que estão cheios de si mesmos, só entrariam no seu Reino se mudassem os corações. Ensinou que Deus não precisa de ordem, precisa de amor. As autoridades religiosas de Jerusalém viram nele um profeta perigoso e não tiveram dificuldade em convencer o procurador romano de que ele era um agitador que convinha eliminar. Por isto e por dizer que era o Filho de Deus foi condenado a morrer numa cruz, o suplício reservado aos escravos e aos grandes criminosos.
            Por triste ironia, a data do seu nascimento foi recuperada, primeiro para ser a festa mais ou menos pagã da família, depois para se tornar num dos grandes marcos da sociedade do consumo. Até se paga um 13º mês para que toda a gente tenha possibilidade de participar neste ritual que não tem nada com Deus e bastante pouco com o verdadeiro amor aos irmãos.
            Não me interessa combater a festa pagã do Natal, interessa-me recordar aos cristãos que precisamos de celebrar o nascimento de Jesus de outra maneira. De resto, a Igreja gosta de sobrepor três perspectivas: a vinda de Jesus à Terra há cerca de 2000 anos; a vinda de Jesus ao coração daqueles que acreditaram nele; e a vinda no final do tempo, para inaugurar o Reino definitivo. Isso explica a escolha dos textos desta missa: a primeira leitura, do Profeta Isaías (Is 2,1-5), é um apelo à intervenção de Deus, para que um dia os homens possam “converter as espadas em relhas de arado e as lanças em foices”. A segunda leitura, de S.Paulo (Rom 13,11-14), recorda que Cristo já veio e é preciso que cada um de nós “ponha de parte as obras das trevas”. O Evangelho (Mat 24,37-44) afirma que Cristo há-de voltar, e manda que estejamos atentos à sua vinda (no dia da nossa morte, no dia do “fim do mundo”).
            Aceitemos, por um momento, os costumes à nossa roda. Quando um dos nossos amigos faz anos, tentamos descobrir uma prenda que lhe dê alegria. Neste caso, não precisamos de pensar muito. A prenda de anos que agrada a Jesus é a nossa conversão.
            Jesus disse que a Lei se resume em dois mandamentos, amar a Deus e amar os irmãos (Mat 22,34-40; cf. Mt 5,44 e 7,12); a 1ª epístola de S. João ensina que “nós sabemos que passámos da morte para a vida (isto é, para a graça de Deus) porque amamos os irmãos” (I J.o 3, 14).
            Sugiro então um “trabalho de casa” para esta primeira semana do Advento: a revisão das nossas vidas no que diz respeito ao amor do próximo. Será que marido e mulher têm um ao outro verdadeiro amor, acontece ou não que a comunhão das suas vidas os faz dia a dia mais encontrados com Deus? São capazes de ter tempo para brincar com os filhos pequenos e conversar com os filhos adolescentes, ou já acham normal que eles estejam até às sete da tarde em actividades várias e estejam depois com a televisão? Como lidam com os pais, os sogros e com os idosos da família?  Será que a sede de triunfo na profissão leva algum (ou ambos) a deixar para trás a relação pessoal com o outro e com os filhos?
            Será que todos nós já descobrimos que há pobres? E que efeito tem em nós essa descoberta? Seremos capazes de renunciar a algum dinheiro, a algum tempo, a alguma comodidade, para ajudar uma família na penúria?
            Será que já percebemos que é absurdo que um ser humano, e ainda mais um cristão, participe em intrigas e calúnias? E que significa para nós a justiça?

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