1. A saúde adquiriu um lugar muito importante na vida das pessoas. Não há canal de televisão ou jornal de grande circulação que não tenham programas de saúde. A grande preocupação está em conhecer os sinais que podem revelar alguma doença e, daí, os inúmeros conselhos para garantir a mais saúde e a melhor saúde. Houve mesmo em 1977 um programa da Organização Mundial de Saúde (OMS) que tinha como título “Saúde para todos até ao ano 2000”. Este programa continha 37 metas entre as quais algumas paradigmáticas: “Mais anos à vida”, “Mais vida aos anos”, “Mais qualidade de vida para todos”. A partir de todos estes movimentos, o que se pretende não é apenas cuidar de doentes, como é sobretudo prevenir as doenças. Estão nesta linha de acção: a luta contra o tabaco, a preocupação pelo não consumo de drogas, a prevenção do alcoolismo, mas também o alerta contra o cancro, contra o Alzheimer, contra algumas doenças que caracterizam o nosso tempo como as cardiopatias e o stress. Hoje toda a gente se preocupa com a sua saúde e procura quanto possível um estilo saudável de vida.
Com João Paulo II a Igreja tornou-se sensível a esta preocupação. A pouco e pouco, vai convertendo a Pastoral dos Doentes (o cuidado dos enfermos) em Pastoral da Saúde (educação para a saúde, prevenção de acidentes, atenção à qualidade de vida). Quatro grandes dimensões marcam a Pastoral da Saúde:
• Educar para estilos saudáveis de vida: os cuidados de higiene, o controlo dos consumos, as atitudes de cansaço físico-psicológico, o descontrolo das relações, tudo reclama uma formação integral da pessoa humana para que tenha sempre mais vida com melhor qualidade.
• Cuidar da pessoa doente: dar saúde a quem a perdeu, é necessariamente uma preocupação das comunidades cristãs. É muito importante conhecer os que têm uma saúde mais débil, e tentar, por todos os meios, proporcionar-lhes a recuperação que os tornará capazes de se sentirem mais felizes.
• Acompanhar as pessoas em etapas difíceis da vida: a compaixão não consiste em ter pena das pessoas, consiste antes em fazer seu o sofrimento delas e tentar estar ao lado para ser o suporte na dificuldade. Os doentes crónicos, os deficientes, as pessoas de muita idade, e aqueles que estão em fase terminal, além dos cuidados técnicos precisam sobretudo da afectividade que a presença amiga pode oferecer.
• Assistir espiritual e religiosamente o doente: este apoio de natureza afectiva e espiritual é essencial para a mais vida dos nossos enfermos. Só esta assistência vence a solidão e oferece a presença cristã que, para além de companhia, é sobretudo um dom de Deus.
Nesta visão global, João Paulo II definiu saúde como “a harmonia integral da pessoa humana, apesar dos seus limites, para a realização completa de cada um, na idade da vida que é a sua”. É definição paradigmática para o trabalho que a Igreja realiza em Pastoral da Saúde.
2. O mês de Novembro está consagrado, desde há quase 25 anos, a trabalhos sobre a Pastoral da Saúde. Em Roma, decorre agora uma convenção internacional sobre “A Humanização e igualitarização dos cuidados, à luz da Caritas in Veritate”. É a Igreja a pedir que nos cuidados de saúde se tenha em atenção o trato humano e que, para além disso, todos sejam tratados de igual maneira. Em Fátima, na próxima semana, a Pastoral da Saúde em Portugal realiza um encontro sobre “A Espiritualidade em Saúde, novos desafios”. A Igreja quer afirmar o que os cientistas já descobriram, que a espiritualidade tem uma dimensão terapêutica. Por isso, qualquer pessoa ao adoecer pode ser ajudada espiritualmente pela relação fraterna dos que a visitam, pela oração dos que com ela falam a Deus, e pelos Sacramentos que o sacerdote oferece como sinal de salvação. Cada comunidade cristã deveria ser capaz de se organizar em Pastoral da Saúde, uma vez que esta é uma forma nova de evangelização. O que se pretenderá com esta acção pastoral? Contribuir para que todos cultivem um estilo saudável de vida, quer nas experiências pessoais, quer na relação com todos os outros, proporcionando felicidade através de cada palavra, cada gesto, cada atitude. O que fazer em Pastoral da Saúde?
• Tentar dar qualidade de vida a todas as pessoas que passam pela comunidade, sabendo que a qualidade de vida “não consiste na eficiência económica, na beleza e prazer da vida física, no consumismo desenfreado, mas consiste sim, nas dimensões mais profundas da existência humana como são as relações interpessoais, espirituais e sobrenaturais” (EV 23).
• Prevenir as doenças para uma alegria de viver que evite comportamentos de risco. A saúde também se conquista. Conhecer todas as pessoas que estão em casa, incapazes de se deslocar à comunidade porque foram surpreendidas por doenças inesperadas ou por uma idade que dificilmente se aceita ser avançada.
• Visitar os enfermos, apoiando-os em tudo aquilo de que precisam: o apoio social, as ajudas em saúde e também, se o desejam, numa relação espiritual mais profunda, que pode, inclusivamente ter em conta a oração e os Sacramentos.
• Organizar celebrações festivas da Unção dos Doentes proporcionando um convívio em que pessoas mais velhas ou marcadas pelo sofrimento se apercebam que são amadas não apenas por Deus, mas pela comunidade a que pertencem.
A Pastoral da Saúde é uma forma privilegiada de Nova Evangelização. Evangeliza pedindo às pessoas para terem uma vida saudável, evangeliza ajudando os enfermos a redescobrirem a dimensão da esperança, evangeliza motivando todos os cristãos a irem ao encontro de todos os que sofrem para lhes transmitirem serenidade e paz. A Pastoral da Saúde não pára nas orações e nos Sacramentos, mas envolve numa vida mais conseguida e mais feliz. Foi o que Jesus fez quando curou os doentes e lhes disse “A tua fé salvou-te”.
3. A nossa Comunidade Paroquial do Campo Grande está a trabalhar já em Pastoral da Saúde, mobilizando todas as forças vivas que podem, em tempo de sofrimento, ajudar as pessoas a vencer as dificuldades e a reencontrar a alegria de viver. Como o faz?
• É notável a disponibilidade do Centro Social para o acompanhamento das pessoas em dificuldade. Os nossos profissionais não só escutam como acompanham os nossos doentes estando com eles nos Centros de Saúde ou nas Urgências do Hospital de Santa Maria.
• O grupo de visitadores voluntários faz um trabalho extraordinário, não apenas no serviço de refeições ao domicílio, como sobretudo nas muitas horas passadas em casa dos doentes tentando resolver-lhes todos os problemas e dar-lhes a melhor companhia.
• A Equipa Sacerdotal tem a preocupação de responder a todos os pedidos que lhe são feitos. Entrando na casa de todos, além de testemunharem a amizade oferecem o perdão dos pecados, o bálsamo do Sacramento da Unção e o dom da Eucaristia.
• Até as crianças e os jovens em datas especiais vão estar com os doentes para lhes transmitir a sua alegria. São dos momentos mais belos para pessoas votadas à solidão por não poderem sair de casa.
Uma vez que a Pastoral da Saúde domina as preocupações da Igreja neste mês de Novembro é bom ter-se consciência que a Comunidade Paroquial do Campo Grande trabalha em pleno nesta área da evangelização. Por muitos que sejam os cristãos que intervêm na Pastoral da Saúde, todos são sempre de menos.
4. Um convite. Quem quiser ser voluntário neste campo da Pastoral pode colaborar em processos de educação para a saúde, em cuidados espirituais para com os doentes e, até, no acompanhamento de alguns casos mais difíceis. Todos somos precisos.