1. Uma comunidade cristã é um lugar de encontro em que todos participam. Já era assim na primeira comunidade em Jerusalém: num só coração e numa só alma, todos estavam unidos na doutrina dos Apóstolos, na fracção do pão e nas orações, pondo em comum o que eram e o que tinham (cf. Act 2, 47. 4, 32). Na Paróquia do Campo Grande trabalham inúmeras pessoas. Se são muitos os profissionais, quer na vida da igreja, quer na vida do Centro Social, o maior número de colaboradores são os voluntários, pessoas de muitas idades que gratuitamente prestam os mais diversos serviços à comunidade que somos. Pode então falar-se da importância dos voluntários nos trabalhos que aqui se desenvolvem, com tarefas específicas em áreas bem definidas. Porque é que as pessoas gostam de ser voluntárias?
• Porque se dispõem a trabalhar em campos onde a sua acção é útil para fazer crescer a Igreja que somos. São eles os voluntários da catequese, dos ministérios e da liturgia.
• Porque contribuem com a sua presença e acção para a humanização do ambiente paroquial, acolhendo com igualdade todos os que procuram a Paróquia. Há imensa gente que não seria atendida sem a colaboração constante de voluntários extremamente generosos.
• Porque participam em missões específicas de apoio aos mais carenciados, mais pobres ou que mais sofrem. A acção social que a Paróquia desenvolve sem os voluntários ficaria muito aquém do sonho para responder a quantos a nós recorrem.
• Porque também se valorizam pessoalmente como cidadãos e como cristãos. De facto, não vivemos só para receber, e sentimo-nos realizados quando nos damos gratuitamente aos outros.
Sem as centenas de voluntários que temos e sem a organização do seu trabalho, a Comunidade Paroquial do Campo Grande ficaria muito aquém da acção que lhe é pedida, quer ao nível da dimensão religiosa, quer na perspectiva de uma acção social eficaz.
2. Vale a pena fazer uma viagem através do mundo de generosidade que os voluntários realizam no seu trabalho diário. Provavelmente, os milhares de pessoas que vêm aqui à missa dominical e as centenas daqueles que durante a semana batem à porta da Paróquia não se apercebem do trabalho anónimo, realizado gratuitamente pelos voluntários que nos apoiam, colaborando com os profissionais em exercício. Não se julgue que ser voluntário é fazer apenas umas coisinhas ao bel-prazer de cada um. O voluntariado está organizado. Cada pessoa recebeu uma formação específica, está integrada num grupo, tem uma tarefa bem definida e é avaliada frequentemente. Uma estrutura de voluntariado, com todos os níveis de exigência que procura ter, é garantia para a eficácia do trabalho e para a realização das pessoas que se ofereceram a trabalhar como voluntários. É por isso que nos momentos de avaliação os voluntários partilham com alegria o que fizeram. Ou na beleza da sua acção litúrgica, na formação cristã das crianças ou jovens, no apoio dos mais débeis ou que têm mais necessidades. O trabalho voluntário desenvolve-se em 4 grandes áreas:
• Na pastoral profética são 70 os catequistas da primeira infância, 38 os líderes dos grupos de jovens, 14 os animadores das catequeses de adultos. Todos eles têm reuniões semanais para a preparação do trabalho evangelizador que realizam na tarefa que lhes foi confiada.
• Na pastoral litúrgica são 60 os leitores, 23 os acólitos, 10 os animadores litúrgicos, 94 os ministros extraordinários da comunhão, 30 os cantores dos vários coros que animam a liturgia em cada celebração. Também estes têm uma formação específica para saber ler, saber cantar, saber movimentar-se no serviço que lhes é pedido.
• Na pastoral social multiplicam-se os voluntários. Há 20 que acompanham os séniores no Centro de Dia. Há 12 que dão apoio ao Clube de Jovens e aos ATL, há 25 que ajudam os profissionais na Creche e no Jardim-de-Infância, além dos 35 que em Pastoral da Saúde associam o apoio social ao apoio espiritual.
• Na organização da comunidade o trabalho realizado pelos sacerdotes não seria possível sem os voluntários que prestam serviços específicos na administração da Paróquia e do Centro Social, da gestão financeira, e até no intenso trabalho do secretariado. Sem este trabalho gratuito destes voluntários, a Comunidade Paroquial parava, ou ficaria limitada à acção sacramental.
Como pode verificar-se a vida de uma comunidade paroquial e a sua resposta aos problemas da cidade onde está implantada só é possível com o corpo de voluntários organizado, exigente, eficaz e, para todos, fonte de realização e de alegria. Acrescente-se apenas que o trabalho de um voluntário é sempre um acto de amor.
3. No ano europeu do voluntariado, também aqui na Comunidade Paroquial se torna indispensável reflectir sobre o caminho já percorrido e sobre a renovação sempre necessária. Há atitudes comunitárias indispensáveis:
• A reestruturação do voluntariado para se conseguir sempre melhor eficácia. Cada pessoa e cada serviço têm que saber claramente o que fazer, quando fazer e como fazer.
• A formação e a reciclagem de todos os voluntários constituem um trabalho que nunca se esgota. Sobretudo quando se interage com pessoas, a formação psicológica, social e espiritual constituem uma urgência permanente.
• A clarificação do âmbito de cada serviço que o voluntário realiza. Também aqui se aplica o dito de João XXIII: “é preciso trabalhar, saber trabalhar, deixar trabalhar e dar trabalho aos outros.”
• A relação permanente de todo o voluntário com a evangelização, elemento essencial numa comunidade cristã. Nesta, tanto os profissionais como os voluntários têm que ser apóstolos, anunciando Jesus Cristo, Salvador.
• A partilha das experiências mais significativas. Uma vez que ninguém pode guardar para si os êxitos ou os fracassos, todos se devem ajudar, pelo repartir fraterno, pela correcção amiga e pelo fortalecimento mútuo na acção. A sempre maior comunhão entre todos. Profissionais ou voluntários, jovens ou adultos, séniores ou crianças, nos serviços de evangelização ou nos serviços sociais, todos somos companheiros da mesma aventura e colaboradores no mesmo projecto de salvação.
O Ano Europeu do Voluntariado tem em Portugal um lema: “Sê voluntário! Faz a diferença!” Também para a Comunidade Paroquial do Campo Grande este lema é desafio dirigido a todos aqueles que passam pela nossa igreja ou pelo nosso espaço social. Que cada um possa dar um tempo gratuitamente a uma acção que enriqueça o trabalho que aqui se desenvolve. Que todos se dêem as mãos para, na generosidade maior, estar ao serviço dos mais pobres, dos mais carenciados, ou ao serviço daqueles que andam à procura de Deus.
4. Toda a Comunidade Paroquial do Campo Grande agradece, com muita ternura, aos voluntários que trabalham connosco. Sem a sua entrega generosa ficávamos todos aquém do sonho.