Reflexão do Grupo João XXIII da Paróquia do Campo Grande
Com o texto abaixo inserido dá-se inicio a uma reflexão sobre um documento emanado da IV Vigararia refente à temática da Nova Evangelização. Os diversos grupos de catequese da Paróquia podem, se assim o entenderem, entregarem as suas reflexões na Secretaria, que serão depois publicadas neste local. (Clique aqui para ler o documento da IV vigararia)
1.INTRODUÇÃO
1.1. No documento emanado da IV Vigararia explicita-se o que se pretende:
a) Renovar a comunidade cristã na sua dimensão pastoral.
b) Reforçar a presença da Igreja na comunidade envolvente.
E objectiva-se o que se quer:
c) Afirmar uma igreja de comunhão
d) Estar mais atenta aos acontecimentos;
e) Suscitar uma fidelidade nova à nossa condição de baptizados.
1.2. O facto de pertencermos a uma Paróquia viva e actuante mas também com pontos fracos, pode trazer o inconveniente de fazermos uma extrapolação indevida (não podemos ver o mundo, pensando que ele se resume àquilo que se vê no nosso campanário) de que não existem problemas nas comunidades eclesiais. De facto não podemos dizer que a Igreja, no seu todo, está muito bem, a partir dos sinais de vitalidade que a Comunidade do Campo Grande tenta discernir e realizar, sem percepcionarmos que se trata de excepções.
Na verdade em Portugal,
• A participação nas missas dominicais (que, parece, continua a ser o indicador mais fiável), baixou 14% entre 1991 e 2001, último ano em que foram feitas estatísticas (Na Diocese de Lisboa, o decréscimo era de 9%).
• 85% das pessoas são baptizadas; contudo, só 50% dos casamentos se fazem na Igreja.
• No Parlamento onde, se supõe que a maioria dos deputados são baptizados, logo membros da Igreja, aprovam-se leis contra a moral natural e contra as leis da Igreja.
• A pequena corrupção é aceite socialmente; a corrupção de grandes dimensões indigna a opinião pública, mas não leva ninguém à cadeia.
1.3. Mas o que pode ser feito, que soluções podem ser encontradas na linha do pensamento cristão, para melhorar a situação. Retomemos as questões levantadas no documento da IV Vigararia.
2. O ENVELHICIMENTO DAS NOSSAS COMUNIDADES CRISTÃS
• Não obstante o envelhecimento da população ser um facto, devemos ter consciência de que “somos só um “Corpo” independentemente da idade, extracto social ou nível de bens. O carimbo que a sociedade civil estabelece e que põe cada um no seu lugar com várias designações: “abaixo do nível de pobreza, famílias desestruturadas, não inseridos socialmente”, também se usa na Igreja, embora com modalidades semânticas diferentes, mas com o mesmo sentido discriminatório: “utentes, pobres, carenciados …”. É natural que os cristãos mantenham os conceitos da sociedade civil em que se inserem: quem vai à Igreja, cai por vezes na tentação de considerar “os outros”, talvez como irmãos, mas não como membros da comunidade. Pensam-se coisas para eles, mas não com eles. Parece-nos que é uma falha grave a ser colmatada, a falta de formação dos cristãos, sobretudo dos leigos, destinada a suprir esta incapacidade de construirmos comunidades de fé, verdadeiramente abertas à diversidade sócio – económico – cultural. Esta discriminação não desejada, mas consentida, que muitas vezes se mantém nas nossas comunidades, será um ponto a merecer atenção da Nova Evangelização.
• O envelhecimento sentido de uma forma sensível na população urbana, originando solidão diluída na multidão, e igualmente solidão por esvaziamento populacional em zona rural, determina a adaptação da Igreja a uma realidade completamente nova.
Há aqui 2 problemas a considerar:
a) Acresce com frequência que, no que respeita à fundamentação da fé, se conservam formas de olhar, de pensar, de julgar e de agir, bastante semelhantes às que se aprenderam na infância. Nestas condições é importante que a catequese de adultos seja incrementada e que os documentos e orientações da hierarquia sejam conhecidos, explicados e aplicados na vida. Na nossa Paróquia ela já existe, embora se expresse em poucos grupos de oração e reflexão. Se estamos interessados em evangelizar no sec. XXI é a Igreja toda que tem de organizar-se para que aqueles que se dizem cristãos conheçam as razões da sua esperança e possuam instrumentos conceptuais que permitam torná-las entendíveis no mundo de hoje.
b) Há que chegar aos idosos, mesmo quando estes estão impedidos de se deslocarem. Isto pressupõe fortalecer as equipas ao domicílio que já existem na nossa Paróquia, levando não só o apoio necessário, como a Palavra de Deus e os Sacramentos, dando ao mesmo tempo conhecimento da acção evangélica comunitária, em que apesar das suas dificuldades, os idosos deverão sentir-se participantes.
3. COM QUEM?
• È necessário interligação entre todas as formas de evangelização paroquiais e diocesanas, evitando os grupos fechados nos seus métodos, mesmo quando válidos.
• Para isso torna-se premente a existência de um ou mais grupos coordenadores que estabeleçam uma ligação activa e efectiva para garantir uma actuação comum. Nomeadamente na paróquia é indispensável que se saiba quem são essas pessoas e que essa estrutura (a nível vertical e transversal) funcione verdadeiramente..
4. O DINAMISMO DA ACÇÃO
• Baseados na Palavra de Deus os cristãos deverão revelar uma vida autêntica de verdade pelo seu testemunho alicerçado nos valores do Evangelho, dando a conhecer a todos que merece a pena seguir Jesus Cristo.
• Depois de analisada a situação e os recursos existentes deverá ser elaborado um programa – base de acção de carácter anual que fomente um elo comum entre todos os movimentos, revelando os carismas de cada um. No final do ano, deverão ser analisados os objectivos alcançados.
• Deverão ser promovidos encontros intra-paroquiais, intra-vicariais e intra-diocesanos.
5. COMO ACTUAR
• Detalhar a nível de cada movimento/grupo/serviço as acções concretas a realizar.
• Avaliar a sua eficácia, em articulação com os outros movimentos da Igreja
6. A DEFINIÇÃO DOS PROBLEMAS FUNDAMENTAIS DA SOCIEDADE, PROBLEMAS ESSES QUE PEDEM UMA RESPOSTA EVANGÉLICA
A actuação da Hierarquia e da Comunidade deverá ter em atenção os fenómenos da crise actual, mormente:
• Mutação da civilização (a alteração da pirâmide demográfica;
• Modificação de formato, e da concepção de família;
• Deslocação de eixo do desenvolvimento dos países emergentes e da secundarização política e económica do “ocidente”, nomeadamente da Europa;
• Desemprego e pobreza
• Perda de valores; sincretismo religioso; relativismo moral e individualismo
Para o efeito deverá efectuar:
• A partilha de gerações, com o aproveitamento da experiência dos mais velhos e também do dinamismo e dos conhecimentos dos mais novos. Desse diálogo, procurar obter sínteses.
• A promoção de contactos com paroquianos que revelam somente presença em missas, em outras cerimónias litúrgicas ou em funerais.
7. DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS DE ACÇÃO
• Os programas gerais e detalhados deverão ser elaborados e realizados, definidas as prioridades e escolhidos os executantes de acordo com as capacidades de cada um ou de cada grupo.
8. CALENDÁRIO A DEFINIR
• As tarefas devem ser calendarizadas e periodicamente avaliadas, de acordo com a metodologia, estabelecida nas alíneas a) b) c) do documento orientador da IV Vigararia.
Grupo de Reflexão e Oração João XXIII
10 de Março de 2011