II DOMINGO DA PÁSCOA – 27 de Abril de 2014

«ASSIM COMO O PAI ME ENVIOU,

TAMBÉM EU VOS ENVIOS A VÓS.»

(Jo 20, 22)

I LEITURA – Actos 2, 42-47

Os primeiros cristãos formvam uma comunidade unida na fé e na partilha dos bens espirituais e materiais.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, toda a gente se enchia de temor. Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam propriedades e bens e distribuíam o dinheiro por todos, conforme as necessidades de cada um. Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem uma só alma, e partiam o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava todos os dias o número dos que deviam salvar-se.
Palavra do Senhor.

SALMO – 117 (118), 2-4.13-15.22-24 (R. 1)

Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia. Repete-se

Ou: Aclamai o Senhor, porque Ele é bom:
o seu amor é para sempre. Repete-se

Ou: Aleluia. Repete-se

Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia. Refrão

Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia.
Empurraram-me para cair,
mas o Senhor me amparou. Refrão

O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória,
foi Ele o meu Salvador.
Gritos de júbilo e de vitória nas tendas dos justos:
a mão do Senhor fez prodígios. Refrão

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria. Refrão

II LEITURA – I Pedro 1, 3-9

Em Cristo Ressuscitado está a razão suprema da nossa vida cristã.

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança que não se corrompe, nem se mancha, nem desaparece. Esta herança está reservada nos Céus para vós que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que se vai revelar nos últimos tempos. Isto vos enche de alegria, embora vos seja preciso ainda, por pouco tempo, passar por diversas provações, para que a prova a que é submetida a vossa fé – muito mais preciosa que o ouro perecível, que se prova pelo fogo – seja digna de louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo Se manifestar. Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, acreditais n’Ele. E isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque conseguis o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas.
Palavra do Senhor.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO – Jo 20, 29

Refrão: Aleluia. Repete-se

Disse o Senhor a Tomé:
«Porque Me viste, acreditaste;
felizes os que acreditam sem terem visto.» Refrão

EVANGELHO – Jo 20, 19-31

Jesus Cristo ressuscitado aparece aos discípulos reunidos na tarde do primeiro dia da semana. Oito dias depois, já com Tomé integrado na comunidade, mostra-nos  que devemos acolher o anúncio da Ressurreição sem quaisquer reservas.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.
Palavra da salvação.

II DOMINGO DA PÁSCOA – O DIA DA MISERICÓRDIA

Hoje é para os cristãos um dia definitivamente diferente. Em Roma, o Papa Francisco, canoniza dois santos do nosso tempo, João XXIII e João Paulo II. Todos conhecem Karol Wojtyla que esteve à frente dos destinos da Igreja mais de 26 anos. Veio a Portugal por três vezes, beatificou os Pastorinhos de Fátima, tinha um grande amor a Portugal. O Cardeal Roncali só esteve em Roma no exercício do Pontificado durante quatro anos. Mas que maravilha na maneira simples de ser Papa, na capacidade de entender os problemas do mundo que iniciaram no pós guerra e, sobretudo, convocou o Concílio Vaticano II para a renovação profunda da Igreja que somos. Dois papas cheios de amor e de misericórdia. João Paulo II conhecia as revelações místicas da irmã Faustina Kowalska, a sua mensagem era afirmar a misericórdia de Deus. João Paulo II canonizou-a e instituiu para a Igreja Universal a festa litúrgica da Divina Misericórdia.

A liturgia de hoje fala-nos precisamente, desta extraordinária maravilha de Deus, sempre disponível para compreender e perdoar. O Senhor acolhe sempre o pecador e ajuda-o na forma de vencer as dificuldades, de superar as dúvidas e encontrar, na vida, saídas de redenção.

É paradigmático o episódio de Tomé, Apóstolo. Na sociedade actual em que tudo se prova pela evidência, compreende-se a atitude de Tomé. Queria ver para acreditar. Ainda não tinha compreendido que a relação com Deus faz parte das relações de amor. Só no conhecimento profundo do Deus que salva é possível um compromisso definitivo nas propostas que Ele nos faz. O amor a Deus, por Cristo, abre a porta ao compromisso de vida. Muitos outros discípulos tinham duvidado. Quantas vezes se lê no Evangelho que Jesus se dá conta de que muitos não acreditam n’Ele como Ressuscitado. Tomé valorizou a dúvida, começou por exigir a evidência, mas perante Jesus só lhe restou uma atitude, dizer: “Meu Senhor, meu Deus”. Tudo isto se realiza pela força do Espírito que, transmitido por Jesus, invadiu completamente a inteligência, a vontade e o coração.

Toda esta relação com Cristo realizou-se no contexto da comunidade dos Apóstolos reunidos no Cenáculo. De facto, nas comunidades cristãs “todos estavam unidos na doutrina dos Apóstolos, na fracção do pão e nas orações. E tudo o que tinham, punham em comum. Não havia necessitados entre eles” (Act 2, 42-45). A misericórdia era vivida nas primeiras comunidades, por isso se conheciam, se amavam, se perdoavam e até partilhavam os bens, um extraordinário quadro de solidariedade.

Durante este domingo, contemplada a misericórdia de Deus, temos a certeza do perdão de toda a nossa culpa. Mas, também, temos o desejo de sermos cheios de misericórdia, na relação de uns para com os outros. João Paulo II foi mestre em misericórdia e João XXIII deu testemunho da Misericórdia de Deus, convocando o Concílio Vaticano II.

Comentários de Monsenhor Vítor Feytor Pinto (in Revista LiturgiaDiária, ed. Paulus)

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