MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO – 12 de Junho de 2011

1. Na noite do primeiro dia da semana em que Jesus ressuscitou, Ele apareceu aos discípulos que estavam reunidos no Cenáculo. Deu-lhes a paz e depois acrescentou: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20, 22-23). Assim, foi no dia da ressurreição que o Senhor deu aos discípulos o Espírito Santo que lhes prometera. Jesus viveu ainda com eles durante 40 dias. Depois, no Monte da Ascensão, pediu-lhes que se mantivessem reunidos. Finalmente, no Dia de Pentecostes, o Espírito Santo manifestou-se por muitos sinais, o vento impetuoso, as línguas de fogo e, sobretudo, a eloquência de Pedro que anunciou a todos Cristo Ressuscitado. Foi nesse dia que 3.000 judeus, vindos de toda a parte de Jerusalém, para celebrarem a festa, tiveram a certeza de que Jesus estava vivo e aderiram à comunidade cristã nascente. Os Actos dos Apóstolos que contam os factos anotam que aqueles 3.000 homens quiseram perguntar a Pedro o que tinham que fazer, a que Pedro respondeu: aceitai a senhoria absoluta de Cristo Ressuscitado (cf. Act 2, 38). Os sinais do Espírito descritos por Lucas no Livro dos Actos são estes:

• uma rajada de vento impetuoso, expressão do sopro do Espírito que a todos possuiu para serem capazes de anunciar a Boa Nova;

• as línguas de fogo que pousaram sobre os Apóstolos, símbolo do amor que os dominou completamente para irem ao encontro de todos os homens levando-lhes a verdade, a justiça, a paz;

• o dom das línguas, permitindo a todos os judeus vindos de muita parte do mundo, entenderem a mensagem de Pedro apesar da diversidade da linguagem;

• o discurso de Pedro, pescador humilde e sem cultura, mas que, com a eloquência da fé, soube proclamar claramente a ressurreição do Senhor;

• a aceitação incondicional daqueles homens que, na força do Espírito, se abriram completamente às maravilhas de Deus;

Estes sinais foram tão convincentes que, a partir deles, nasceu a primeira comunidade de Jerusalém onde todos “estavam unidos na doutrina dos Apóstolos, na fracção do pão, na Eucaristia e nas orações, pondo tudo em comum” (Act 2, 42). O Dia de Pentecostes foi o dia da manifestação do Espírito.

2. O Espírito Santo vem com todos os seus dons para iluminar o homem crente tornando-o capaz de irradiar o Evangelho. Pelos dons do Espírito o ser humano é enriquecido na inteligência, na vontade e na sensibilidade. Sem os dons do Espírito, o cristão não seria capaz de manter-se fiel até ao fim, no mundo adverso onde percorre caminhos sempre difíceis. Pelo Espírito Santo recebido no Baptismo e reafirmado no sacramento da Confirmação o “homem peregrino” consegue ultrapassar as dificuldades e viver de forma mais intensa o projecto de Deus. Pelos dons do Espírito o cristão é um homem novo que irradia em todo o lugar a sua fé, a sua esperança, o seu amor.

• Os dons que iluminam a inteligência são: a sabedoria que permite conhecer o mistério de Deus, o entendimento que ajuda a compreender as verdades que de Deus nos vêm e a ciência que leva a ver realidades humanas com os olhos de Deus.

• Os dons que valorizam a vontade são: a fortaleza que dá coragem para ser fiel mesmo a contra-gosto e o conselho que favorece o discernimento para que sejam correctas as escolhas a fazer.

• Os dons que enriquecem a sensibilidade são: a piedade que valoriza a relação de amor com Deus, o amor filial resposta ao dom gratuito e o temor de Deus que outra coisa não é do que o receio de não amar Deus quanto Ele tem direito a ser amado.

Os sete dons do Espírito Santo constituem a força maior que leva o cristão a ser capaz de viver sempre como tal em todas as situações da sua vida. Invocar o Espírito Santo e pedir-lhe a abundância dos seus dons é elemento facilitador de uma vida cristã comprometida na família, no trabalho, na sociedade. Do Espírito Santo poderia dizer-se também “tudo posso naquele que me dá força” (Fil 4, 13).

3. Quando possuídos pelo Espírito Santo os cristãos participam dos seus frutos. O Espírito Santo não é estéril, transforma completamente aqueles que n’Ele crêem e que com Ele contam. É Paulo na Carta aos Gálatas que o diz expressamente quando, ao falar da liberdade, faz a distinção entre a liberdade dos instintos e a liberdade do Espírito. Se a primeira gera conflitos e discórdias, a liberdade do Espírito gera uma série de dons que provocam a comunhão. Há 3 ordens de frutos:

• O amor, a alegria e a paz são frutos do Espírito que moram no homem cristão e o transformam profundamente a ponto de, nas situações mais difíceis, se manter tranquilo e mesmo “feliz”.

• A paciência, a benignidade e a bondade são frutos do Espírito que alimentam a relação humana tornando cada crente capaz de serenidade em situações difíceis, de ternura junto dos que mais precisam, de simpatia e afabilidade para com todos.

• A fidelidade, a mansidão e o auto-domínio são frutos do Espírito que geram a capacidade de ir até às últimas consequências nos grandes compromissos que o cristão é capaz de assumir.

Todos os cristãos devem ter consciência destes frutos do Espírito em toda a sua vida. Eles são o resultado da mais profunda comunhão com o Espírito de Cristo, o Consolador, que constantemente ensina toda a verdade e recorda o que cada um vai esquecendo ao longo da vida.

4. O Sacramento da Confirmação dá a plenitude do Espírito Santo. Sábado passado 58 cristãos da nossa comunidade receberam, das mãos do nosso Patriarca, a Confirmação ou Crisma. Marcados pelo óleo santo passaram a ser apóstolos na comunidade. Todos os que recebemos este grande Sacramento não só descobrimos a alegria da fidelidade aos dons de Deus, como assumimos o compromisso de transmitir aos outros Aquele em quem acreditamos. Neste Dia de Pentecostes pedimos ao Espírito Santo que nos possua e nos torne apóstolos para levarmos “o Evangelho a toda a criatura” (cf. Mc 16, 15).

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