1. É já da tradição, no Patriarcado de Lisboa, que se celebre, no Domingo da Santíssima Trindade, o Dia da Igreja Diocesana. A Igreja local é uma porção do Povo de Deus onde se exerce o tríplice ministério recebido de Cristo: a profecia, o sacerdócio e a acção social. A profecia reclama o anúncio da Palavra de Deus; o sacerdócio revive o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo; a acção social exige o cuidado com os mais pobres e com todos aqueles que sofrem. É grande a missão da Igreja cuja responsabilidade não cabe apenas ao Bispo diocesano, o Senhor Patriarca, nem simplesmente aos sacerdotes que com ele colaboram. A missão da Igreja é da responsabilidade de todos os cristãos: todos são profetas a anunciar o Senhor Jesus Cristo; todos são sacerdotes participando no sacerdócio comum dos fiéis; todos são apóstolos da caridade, preocupando-se com os mais carenciados, os mais sós ou que mais sofrem. É esta missão da Igreja que se celebra no Dia da Igreja Diocesana, avaliando o caminho percorrido ao longo do ano, anunciando novas perspectivas de acção para o ano pastoral que começa em Setembro. É então urgente ser fiel às exigências da Igreja local. Isso exige:
• Ser fiel à Igreja Universal que, no dizer do Concílio Vat. II tem como referência Cristo, tem como condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, tem como mandamento o amor e como projecto a felicidade para todos (cf. LG 9).
• Ser fiel à pequena comunidade de que se faz parte, a Paróquia onde se respira a dinâmica comunitária da Diocese e se vivem as grandes linhas programáticas que em cada ano por ela são propostas.
• Ser fiel à missão salvífica de Cristo que se concretiza no acolhimento de todos, no acompanhamento de cada um, na partilha da vida que faz crescer a comunidade e a leva a revelar-se ao mundo com perspectivas de salvação.
• Ser fiel ao ideal cristão que permite levar ao mundo em cada situação concreta os valores fundamentais da verdade, da justiça, da liberdade e do amor, essenciais ao desenvolvimento e à paz.
O Dia Diocesano, sendo tempo de festa, é também tempo de reflexão sobre o caminho percorrido, e tempo de lançamento das linhas programáticas que podem levar à aventura do Evangelho, à cidade dos homens.
2. O Patriarcado de Lisboa, Bispo, sacerdotes e fiéis tem-se preocupado por responder aos grandes desafios da cidade actual. O mundo contemporâneo tem perdido o sentido de Deus. Tem mergulhado numa cultura que perdeu valores, deixou-se afundar numa permissividade hedonista que liberta de responsabilidades. É num ambiente assim que as comunidades cristãs se têm que virar para o mundo a fim de o transformar tornando-o mais justo e mais fraternal. Para tanto o Patriarcado de Lisboa tem um programa que sublinha 4 linhas de acção: a referência à Palavra de Deus, a dinâmica da nova evangelização, a inserção dos cristãos no mundo actual e a urgência da contemplação e do silêncio como suporte de vida.
• A Palavra de Deus constitui o vade mecum de qualquer cristão. É na Palavra escrita e proclamada que os cristãos descobrem linhas de acção que permitem a construção do mundo novo. Não há situação humana que não possa ser iluminada pela Palavra de Deus. É por isso que esta constitui a referência para as grandes opções de vida.
. A Nova Evangelização tornou-se um desafio para toda a acção pastoral vencendo a tentação de repetir o déjà vu. O amor apaixonado pelo Evangelho que se quer transmitir aos outros, exige a descoberta de novas formas de acção que surpreendam os nossos contemporâneos.
• A inserção no mundo pode ser considerada como uma nova encarnação. Os cristãos em qualquer actividade da ordem temporal têm que oferecer valores que convertam o mundo para que este se torne fonte de justiça e paz. É função dos cristãos em qualquer actividade económica ou política apelar à construção do “bem comum”, sem o que a sociedade não pode renovar-se.
• A oração contemplativa é um elemento extremamente importante na pacificação das consciências e na reflexão essencial à acção transformadora. Sem o silêncio indispensável cai-se facilmente na agitação que compromete toda a acção salvífica que no mundo o cristão quer exercer. A contemplação valoriza a acção responsável.
Estas linhas programáticas para o ano pastoral 2011/2012 abrem perspectivas de acção apaixonantes que qualquer cristão pode desenvolver quer a nível pessoal, quer de forma organizada nas comunidades cristãs.
3. Inserida no Patriarcado, a nossa Comunidade Paroquial sente também a urgência de definir acções prioritárias. Tendo em atenção o futuro da cidade e a influência que nela pode exercer uma comunidade cristã, a Paróquia sente dever aprofundar a dinâmica catequética, a ajuda à família, a formação das novas gerações, a preocupação pelos mais pobres.
• A pastoral catequética: a catequese não é aprendizagem, é iniciação à vida cristã. A catequese não se esgota no acompanhamento com as crianças. São também os jovens e os adultos que têm de reiniciar-se na vida cristã para serem mais do que catecúmenos (cf. CT 43 e 44). Por isso é urgente descobrir formas de aprofundamento da fé para todos.
• A pastoral familiar: os problemas actuais na família revelam uma nova cultura que admite as roturas conjugais, os casamentos à experiência, a dificuldade na educação dos filhos. Reinventar formas de apoio à família, onde nasce e cresce a vida para a felicidade de todos, constitui um apelo que muitos sentem urgente e não está organizado numa acção pastoral eficaz.
• A pastoral juvenil: é com muita alegria que vemos centenas de jovens na comunidade paroquial. Eles já são uma presença na Igreja mas devem ser ajudados para que na descoberta de Cristo não só vivam uma espiritualidade exigente, mas também possam intervir na cidade com os valores do Evangelho. Os jovens de hoje serão amanhã responsáveis políticos, económicos e sociais, agentes da transformação do mundo.
• A pastoral social: num tempo de crise profunda, os cristãos são obrigados a ver as situações que reclamam a intervenção urgente. Irão então aproximar-se para tentar resolver os problemas que a tantos atormentam. Tudo isto pede austeridade pessoal que se torna sinal na cidade empobrecida, e partilha fraterna com o sacrifício do supérfluo, do necessário não tão urgente.
Estas são linhas inovadoras que poderão constituir preocupação na Comunidade Paroquial do Campo Grande neste fim de ano em que para além de avaliar, se querem abrir no trabalho paroquial novas portas de esperança para toda a gente.
4. Um desafio prático: procure cada um nos próximos dias ver o que pode fazer de acção pastoral no próximo ano. Venha oferecer-se como colaborador, como voluntário, ou simplesmente como amigo para que a Comunidade possa levar à cidade razões de esperança.