1. Há muitos que passam o ano inteiro a pensar nas férias. Não é que não gostem do trabalho que fazem, mas as férias são sempre um tempo privilegiado de descontracção em que se faz apenas aquilo que é agradável. Há a excepção das donas de casa que, em férias, têm sempre o trabalho redobrado. Felizmente, um toque de ternura maternal ajuda a não pensar no cansaço de tudo fazer para que a família toda esteja feliz. É por tudo isto que, ao longo do ano, todos nos surpreendemos ao conversar como vão ser as férias de Verão. Sonham-se lugares idílicos, pesquisam-se espaços culturais, imaginam-se livros que ainda não foram lidos, pensa-se em festas que só em férias é possível viver e, sobretudo, espera-se ter uns dias de descanso essenciais para retomar actividades no ano seguinte. Este ano 2011, porém, as férias são forçosamente diferentes porque uma crise económica e social se abateu sobre a Europa e sobre o país. Para todos, as férias serão de austeridade com o realismo das dificuldades que todos sentimos. Ao preparar proximamente as nossas férias, vamos assumir que deverão ser:
• mais económicas – seria injusto fazermos despesas inúteis quando, à nossa volta, há tanta gente com dificuldades económicas no essencial para manter a casa, para educar os filhos, para acompanhar os mais velhos, talvez para sobreviver.
• mais curtas – neste momento não pode estar-se longe da nossa casa habitual, até porque há perigos que os prédios vazios avolumam. Já não é um problema de despesas a poupar, é, sobretudo, uma questão de segurança num tempo de violência para muitos que a própria situação agrava.
• mais calmas – depois de um tempo politicamente agitado é urgente saborear uma certa paz, longe dos centros de decisão, sem a leitura de todas as manchetes e artigos de opinião, num certo distanciamento que prepara para um ano de austeridade e de trabalho intenso.
• mais simples – não é a altura de programar viagens complicadas, com a normal agitação para ver monumentos, entrar em museus, escutar a explicação dos guias, e caminhar 8 ou 15 dias com pessoas que até aí não se conheciam. Se uma viagem turística é elemento importante na nossa cultura, há muitos lugares que podem esperar um tempo novo mais propício ao normal enriquecimento dos nossos conhecimentos. A simplicidade é hoje a norma das nossas férias.
• mais repousantes – os anos de 2011 e 2012 são anos difíceis que a todos pedem sacrifícios. Não é a perda de privilégios, mas é a descoberta do novo estilo de vida, mais solidário. A melhor forma de nos prepararmos para a atenção aos outros neste tempo difícil é fazer das férias tempo de suficiente repouso para as tarefas que a todos esperam.
Estamos habituados a programar as nossas férias mas, porque este tempo se reveste de uma crise global, as nossas férias têm de tê-lo em conta. As nossas férias têm que corresponder ao ambiente de dificuldade que, no país, toda a população está a viver. Não pode acontecer que ao ver as férias da nossa comunidade humana muitos se perguntem: onde está a crise?
2. O tempo de férias para ser tempo de autêntico descanso deve exigir atitudes concretas. Há por vezes o hábito de fazer as férias sempre nos mesmos lugares, sempre com as mesmas festas, sempre com as mesmas pessoas que, aliás, são as mesmas com que se vive durante o ano. Na praia, no café, nas termas, muitas senhoras entretêm-se a ler revistas cor-de-rosa onde o jet-set é constituído pelos mesmos personagens sem nada de original. Será isto um tempo de férias? É claro que não! Férias verdadeiras exigem atitudes muito concretas:
• mudar de actividade – é incompreensível que se vá para férias levando consigo uma série de assuntos por resolver e que ficaram atrasados ao longo dos meses.
• fazer exercício – se na roda do ano não se tem tempo para andar a pé, para praticar um desporto, para ir ao ginásio, as férias são um tempo privilegiado para esse tipo de iniciativas. Aumenta-se a saúde do corpo, e o espírito solta-se na simplicidade dos gestos.
• pôr em dia alguma leitura – os romances, os livros de poesia, os policiais, os “thriller” são campo de libertação do espírito. Na trama que se pretende descobrir, no ritmo que se sente vibrar, na história cujo desfecho é surpresa, tudo isto ajuda ao desenvolvimento interior indispensável para o melhor domínio da inteligência e da vontade.
• criar tempos de silêncio – um passeio à beira-mar, caminhar entre as árvores ao entardecer, ver um pôr-do-sol ou levantar-se cedo para ver o sol nascer, tudo isto pode gerar tempos de silêncio que tonificam a alma, enquanto a respiração serena marca o ritmo de um tempo livre para si próprio.
• estar com outros amigos – na praia ou no campo, as férias permitem cruzar com pessoas que só se vêem de ano a ano. Novas linguagens, novos interesses, novas histórias são um entretém maravilhoso que nos deixam felizes ao ver que os outros são felizes também.
• dar diariamente alguns minutos a Deus – é frequente durante o ano nos desculparmos dizendo não ter tempo para a oração. Se utilizarmos tempo livre durante as férias para falar com o nosso Deus, e escutá-l’O, de certeza se vai descobrir que a oração é sempre possível, mesmo quando muito atarefados com os afazeres do dia-a-dia.
Estas e outras sugestões, a serem vividas, podem permitir a construção de umas férias diferentes, em que cada um se realiza plenamente e se predispõe a ir ao encontro dos outros para, com eles, construir um tempo de renovação interior.
3. Na nossa comunidade vamos entrar em férias. Os meses de Julho, Agosto e Setembro são meses em que as actividades se simplificam porque grande parte dos membros da comunidade estão fora. É por isso que em tempo de férias é bom conhecer os nossos limites.
• As liturgias – entre 15 de Julho e 15 de Setembro, temos menos celebrações da Eucaristia Dominical. Se no sábado se mantém as missas das 16h e das 19h, no domingo não haverá as celebrações das 13,15h e das 17,45h. Mantém-se apenas Eucaristias às 9h, às 10,30h, ao meio-dia e às 19,15h. Na liturgia semanal elimina-se a missa das 12,15h.
• Os sacerdotes descansam durante um mês. O P.e Vítor em Agosto, o P.e António em Setembro, o P.e Joaquim entre 14 de Julho e 16 de Agosto, o P.e Arcanjo entre 16 de Agosto e 15 de Outubro. O P.e Aracanjo estará dois meses em Moçambique a fim de recolher elementos para a sua tese de doutoramento.
• Na actividade pastoral suspendem-se até Setembro a catequese de infância, a catequese de jovens, e os grupos de adultos em reflexão. Mantém-se porém a trabalhar, o cartório e a preparação para os sacramentos do Baptismo e do Matrimónio.
• A pastoral social, com a vida do nosso centro e com as Conferências de S. Vicente Paulo, procurará manter-se porque os pobres não podem sofrer as férias dos outros. Há no entanto campos de férias para grupos de jovens e grupos de seniores.
• O acolhimento estará sempre aberto para quem passe pela Paróquia e sinta a necessidade dos nossos serviços.
• Actividades extraordinárias são a Jornada Mundial dos Jovens em Madrid onde estarão 75 jovens da Paróquia e a missão de Moçambique, com 12 jovens na Paróquia de S. João Baptista do Fomento.
Em Setembro, por volta do dia 15, reiniciaremos em pleno as nossas actividades, num novo ano pastoral que beneficiará das férias de todos.
4. É tempo de cada um preparar bem as suas férias. Faça-o com alegria e este tempo vai ser um tempo novo para uma vida cada vez mais bela.