«Todos comeram e ficaram saciados..»
(Mt 14, 20)
I LEITURA – Is 55, 1-3
«Todos vós que tendes sede, vinde à nascente das águas. Vinde e comprai, sem dinheiro e sem despesa»
Leitura do Livro de Isaías
Eis o que diz o Senhor: «Todos vós que tendes sede, vinde à nascente das águas. Vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei. Vinde e comprai, sem dinheiro e sem despesa, vinho e leite. Porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimenta e o vosso trabalho naquilo que não sacia? Ouvi-Me com atenção e comereis o que é bom; saboreareis manjares suculentos. Prestai-Me ouvidos e vinde a Mim; escutai-Me e vivereis. Firmarei convosco uma aliança eterna, com as graças prometidas a David.
Palavra do Senhor.
SALMO – 144 (145), 8-9.15-16.17-18 (R. cf. 16)
Refrão: Abris, Senhor, as vossas mãos e saciais a nossa fome. Repete-se
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas. Refrão
Todos têm os olhos postos em Vós
e a seu tempo lhes dais o alimento.
Abris as vossas mãos
e todos saciais generosamente. Refrão
O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade. Refrão
II LEITURA – Rom 8, 35.37-39
«Nenhuma criatura poderá separar-nos do amor de Deus»
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada? Mas em tudo isto somos vencedores, graças Àquele que nos amou. Na verdade, eu estou certo de que nem a morte nem a vida, nem os Anjos nem os Principados, nem o presente nem o futuro, nem as Potestades nem a altura nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, Nosso Senhor.
Palavra do Senhor.
ALELUIA – Mt 4, 4b
Refrão: Aleluia. Repete-se
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Refrão
EVANGELHO – Mt 14, 13-21
A multiplicação dos pães
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, quando Jesus ouviu dizer que João Baptista tinha sido morto, retirou-Se num barco para um local deserto e afastado. Mas logo que as multidões o souberam, deixando as suas cidades, seguiram-n’O por terra. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e, cheio de compaixão, curou os seus doentes. Ao cair da tarde, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Este local é deserto e a hora avançada. Manda embora toda esta gente, para que vá às aldeias comprar alimento». Mas Jesus respondeu-lhes: «Não precisam de se ir embora; dai-lhes vós de comer». Disseram-Lhe eles: «Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes». Disse Jesus: «Trazei-mos cá». Ordenou então à multidão que se sentasse na relva. Tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu e recitou a bênção. Depois partiu os pães e deu-os aos discípulos e os discípulos deram-nos à multidão. Todos comeram e ficaram saciados. E, dos pedaços que sobraram, encheram doze cestos. Ora, os que comeram eram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
Palavra da salvação.
XVIII DOMINGO TEMPO COMUM – AS DUAS VERTENTES DA ALIANÇA
Quem lê qualquer dos evangelhos apercebe-se rapidamente que a Aliança de Deus com o Povo hebreu continha na aparência, apenas a fidelidade a Javé. Deus, fiel, pedia a fidelidade do seu povo. Várias vezes se vê repetida esta expressão “vós sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus”, (Ezequiel?). Estas e muitas outras expressões revelavam que a Aliança estabelecida com Abraão, Isaac e Jacob, se prolongava constantemente na vida dos israelitas, garantindo o apoio de Javé nas dificuldades e a exaltação nos grandes momentos de Israel, quando celebrava a vitória sobre todas as dificuldades. A Aliança era significada pelas Tábuas da Lei, pela Arca da Aliança e pelo Santo dos Santos no templo de Jerusalém.
No Novo Testamento a nova Aliança é celebrada em Cristo Jesus. Paulo chega mesmo a afirmar na Carta aos Romanos “ninguém pode separar-nos do amor de Cristo” (Rm 8, 35). Já no evangelho de Mateus, Jesus afirmara claramente aos discípulos que ficaria com eles todos os dias até ao fim dos tempos (cf Mt 28, 22?). Paulo afirmará constantemente esta viva presença de Cristo no seio das comunidades. O Senhor Jesus, fiel à Aliança, pede também aos cristãos uma permanente fidelidade.
Jesus deu certamente o exemplo das duas vertentes da Nova Aliança, a importância da plena comunhão com Deus através da oração frequente e a grande preocupação com os irmãos numa atitude clara de amor e de partilha. O Evangelho deste domingo fala expressamente destas duas vertentes da Nova Aliança: Jesus isola-se no monte para fazer oração encontrando-se com o Pai; cura todos os enfermos que o procuram, significando com isso que a sua doutrina é verdadeira; e, finalmente, tem pena da multidão que o segue há três dias e não pode regressar a casa sem comer. Na atitude de Jesus compreendem-se as duas vertentes da Aliança: os cristãos que firmaram uma Aliança com Cristo no Baptismo comprometem-se sempre mais na oração; mas para levarem até ao fim essa mesma Aliança têm necessariamente de se preocupar com os outros através de gestos claros de caridade. Se repetir a oração é exigência imprescindível para a relação com Deus, a partilha do pão é indispensável para afirmar a Nova Aliança que com Cristo se firmou. O episódio da multiplicação dos pães é bem uma parábola de partilha. Repetindo o gesto que o jovem fez ao dar os 5 pães e dois peixes do seu lanche para serem distribuídos pela multidão, todos os milhares de pessoas que estavam com Jesus compreenderam que também tinham o dever de repartir o seu pão. Com o coração convertido, pela acção de Jesus, foi possível repartir o pão com todos, sobrando ainda 12 cestos.
A Nova Aliança com Cristo supõe o constante contacto com Ele na oração e a partilha fraterna dos bens que de Deus se receberam e de que se é apenas administrador.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto (in Revista LiturgiaDiária, ed. Paulus) Veja também “Comentários à Liturgia Dominical”