A PALAVRA DE DEUS NA NOVA EVANGELIZAÇÃO-18 de Setembro de 2011
Regressámos de férias. O desejo de todos é que os dias de descanso tenham permitido retemperar forças, para reiniciarmos a actividade pastoral da comunidade. Alguns estiveram na praia com as crianças, outros preferiram a paz dos campos para pôr em dia as leituras ou, simplesmente, para saborear o silêncio. Um ou outro ainda conseguiu fazer uma viagem ao estrangeiro por razões de cultura, para actualização profissional ou até para ver amigos. Houve ainda quem aproveitasse as férias para um retiro prolongado, tempo de meditação e de renovação interior. Um grande grupo de jovens foi a Madrid estar com o Papa e nem uma noite de vigília debaixo de chuva ou uma Eucaristia à torreira do sol, os desmotivou no seu amor à Igreja. Foram as férias de todos. Quem dera um dia podermos reunir-nos e partilharmos as nossas diversas experiências. Seria um factor de crescimento comunitário do maior interesse. Agora vamos recomeçar.
1. Com o mês de Setembro inicia-se o novo Ano Pastoral e todos os cristãos da comunidade estão mobilizados para as muitas actividades que se vão realizar ao longo dos meses. É tripla a missão da Igreja: profética, litúrgica e social. Esta missão corresponde à razão de ser de Cristo presente no mundo. Já S. Lucas no seu Evangelho teve oportunidade de dizer: “Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo.” (Lc 7, 16). Além disso, Jesus ofereceu de uma vez por todas o grande sacrifício, dando a vida pela redenção da humanidade (cf. Hb 10, 12). Cumpriu a sua missão sacerdotal. Finalmente toda a sua passagem na terra é uma mensagem de amor redentor, porque Deus enviou o seu Filho ao mundo para que todo o mundo seja salvo (cf Jo 3, 16-18).
• A profecia é o anúncio da Palavra de Deus. É missão da Igreja e responsabilidade do cristão anunciar a Palavra. Só quem vive a Palavra pode proclamar a Palavra. A missão profética é também missão de testemunho.
• A liturgia é o exercício da função sacerdotal de Cristo (SC 7). Na liturgia celebra-se o mistério de Cristo, agradecem-se os dons de Deus e compromete-se a vida no ser cristão sempre.
• A caridade é a expressão máxima da relação com o próximo. A caridade torna visível a redenção que Cristo veio operar, porque só uma linguagem de amor é compreendida por aqueles que não conhecem Cristo.
A nossa comunidade paroquial do Campo Grande é chamada a viver constantemente o tríplice ministério e todos os seus projectos se inserem na profecia, no sacerdócio e na caridade de Cristo e da Igreja. Todos os cristãos têm de anunciar, têm de celebrar e têm de servir. É um desafio para o ano inteiro.
2. O programa pastoral que a comunidade paroquial do Campo Grande pretende desenvolver é criativo, e insere-se nas grandes linhas propostas pelo Patriarca de Lisboa às comunidades da Diocese. “Assumir a Palavra de Deus como luz para a vida e alma da Nova Evangelização”, título do programa pastoral do Patriarcado que contém três sugestões fortíssimas.
• Assumir a Palavra de Deus é mais do que o simples conhecer a Palavra de Deus. É descobrir a exigência que a Palavra traz consigo, é amar a Palavra ainda que difícil de aceitar, é traduzir em actos tudo o que a Boa Nova do Evangelho comporta.
• A Palavra como luz para a vida é convite a tornar o Evangelho como referência constante em todas as atitudes. Poderia perguntar-se que lugar tem a Palavra na “minha” família, que influência tem na “minha” actividade profissional, que projecção se nota na “minha” intervenção económica e política, que referência no “meu” quadro cultural e social. A Palavra que é luz tem de iluminar todo o “meu” quotidiano.
• A Palavra é a alma da Nova Evangelização. De facto, se queremos anunciar a Boa Nova do Reino, com o sentido de novidade que lhe é dada pelos últimos Papas, é urgente tornar o anúncio interpelativo para que todos os que ainda não acreditam sintam que a adesão à Pessoa de Jesus Cristo é fonte de paz e de felicidade.
É tudo isto que o nosso Bispo, o Patriarca de Lisboa, diz ao apresentar o Programa Pastoral para a Diocese. Fala na importância da liturgia, na centralidade da Palavra de Deus, na Nova Evangelização e no desafio da caridade. É por estas linhas de força que a comunidade paroquial do Campo Grande quer também caminhar.
3. Escolheu-se para “slogan” do Programa Pastoral da comunidade paroquial do Campo Grande esta expressão: “A Palavra de Deus na Nova Evangelização”. São dois elementos essenciais na vida pessoal e comunitária de todos os que se sentem membros desta Paróquia. É o alimento essencial, a Palavra, e é também o desafio missionário, a Nova Evangelização. Há na Paróquia muitas actividades, são 39 os projectos em curso, na área profética, na litúrgica e na social, mas todos têm de se alimentar na Palavra de Deus e todos têm que assumir a missão evangelizadora.
• Não é possível uma actividade cristã sem que, aqueles que a exercem se não alimentem na Palavra de Deus. Diz com razão a Dei Verbum, do Vaticano II: “A Deus falamos quando rezamos, a Deus escutamos quando lemos a Sua Palavra” (D.V. 25). Só quem se alimenta da Palavra de Deus recebe de Deus a mensagem para a actividade que vai desenvolver no anúncio do Evangelho.
• A Nova Evangelização está no coração da Igreja de hoje. Para além de um novo ardor, de uma nova paixão profética, são precisos novos métodos e novas expressões. Que desafio descobrir formas novas de catequese, de anúncio da Palavra, de celebração litúrgica, de apoio aos mais pobres, de acompanhamento aos que mais sofrem! Que criatividade necessária para dar à vida toda da comunidade cristã um sentido de alegria e de felicidade fundamentada na certeza de que Jesus não veio para condenar o mundo, mas para que seja salvo. A Nova Evangelização não tem limites, deve ser sempre uma manifestação do extraordinário amor de Deus.
Só com uma criatividade pastoral alicerçada no exercício da caridade vamos ser capazes de reinventar a maneira de anunciar Jesus Cristo a todos os que nos procuram.
4. Um apelo muito firme: que todos os que vêm à comunidade paroquial do Campo Grande, na sua oração pessoal se alimentem da Palavra de Deus. E que todos se insiram com plena liberdade na tarefa evangelizadora que dê sentido à sua vida de cristãos. Nenhum de nós está na comunidade cristã para consumir o que os outros produzem. Todos estão na comunidade a gerar graça e caridade. É assim que somos evangelizadores.