1. O Dia Mundial das Missões celebra-se todos os anos no terceiro domingo de Outubro. É o mês inteiro consagrado à oração pelas missões “Ad Gentes”, isto é, as missões que se desenvolvem em zonas do Mundo onde o cristianismo está a ser anunciado. Todo o cristão tem de ser missionário. Tem que conhecer a Pessoa de Jesus para O anunciar’ em todo o lugar. Foi o mesmo Jesus que no-lo disse: “Ide, anunciai o Evangelho a toda a criatura, fazei discípulos em todas as nações, baptizando a todos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Esta responsabilidade missionária, não é apenas dos Apóstolos, é de todos os cristãos.
• Os Apóstolos, a partir do Pentecostes, pregaram o Evangelho. Depois, escolheram colaboradores que, pela imposição das mãos, passaram a tomar parte directa no anúncio da Boa Nova. Assim se deu início à Evangelização.
• Ao longo dos três primeiros séculos, muitos deram a vida porque não tinham medo de anunciar o Evangelho. São eles os mártires que, na defesa da fé, não tiveram medo de enfrentar os poderes do mundo.
• Depois de Constantino, no séc. IV, a Igreja pôde organizar-se, de tal maneira que cada Bispo, com os seus colaboradores, proclamava Jesus Cristo Ressuscitado, fonte de salvação para todos os homens. Foi Assim até ao séc. XII.
• É no séc. XIII que se organiza o Movimento Missionário. Os Papas chamaram as ordens e as congregações religiosas a irem pelo mundo inteiro a anunciar a fé cristã.
• No tempo das grandes descobertas os reis de Portugal e Espanha, na sua expansão, faziam acompanhar os marinheiros com missionários para poder dilatar-se a fé e o império. Com a Lei do Padroado, os Papas acompanhavam esta iniciativa missionária.
• Gregório XV, no séc. XVII, 1622, funda a Sagrada Congregação para a propagação da fé, hoje Congregação para a Evangelização dos Povos. É a organização de toda a acção missionária da Igreja.
• No séc. XIX, surgem inúmeras associações missionárias de apoio a quantos evangelizam em terras longínquas.
• É Bento XV, o Papa Missionário, que escreve Maximum Illud responsabilizando todas as Dioceses pela acção missionária da Igreja.
• E é Pio XI que institui, depois da Encíclica Rerum Ecclesia, o Dia Mundial das Missões. Está-se em Abril de 1926 e, a partir daí, toda a Igreja celebra no terceiro domingo de Outubro o Dia Mundial das Missões.
A acção missionária, não pode deixar de interpelar todos os cristãos que, motivados pela oração e pela partilha, se tornam eles também missionários, anunciadores da Boa Nova.
2. “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20, 21). Este é o título da mensagem que Bento XVI envia a toda a Igreja no Dia Mundial das Missões de 2011. A actividade missionária, diz o Papa, “é o serviço mais precioso que a Igreja pode render à Humanidade e a cada pessoa, que busca razões profundas para viver em plenitude a própria existência. Com João Paulo II, Bento XVI vem afirmar que “a missão renova a Igreja, revigora a fé e a identidade cristã, dá novo entusiasmo e novas motivações. A fé reforça-se quando se transmite. A Nova Evangelização dos povos cristãos encontrará inspiração e sustento no empenho para a missão universal” (João Paulo II, RM 2). A mensagem do Papa sintetiza-se em alguns pontos essenciais:
• Vai e anuncia. É o mandato que todos recebem para proclamarem a sua fé. Pais, educadores, catequistas, cristãos de boa vontade, todos têm responsabilidade na transmissão da fé.
• A todos. A mensagem do Evangelho pode ser transmitida a todos os homens, mesmo não crentes. Porque a dimensão humana da proposta apaixona quem, de coração aberto, escuta tudo o que Jesus veio ensinar. É por isso que todos somos responsáveis pela acção missionária.
• Evangelização global. É preciso eu dar a conhecer toda a Boa Nova. Ela contém a busca da verdade, a exigência da justiça, a simplicidade no amar, a liberdade essencial à dignidade humana. O Evangelho relaciona o homem com os valores espirituais da vida, mas também com a realidade temporal a transformar.
O Dia Mundial das Missões, diz o Papa, revive em cada um o desejo e a alegria de “andar” ao encontro da humanidade levando a todos o Cristo Senhor.
3. Nova Evangelização no Ano da Fé. Foi o desafio que nos lançou Bento XVI, ao convocar a Igreja inteira para o jubileu do Concílio Vaticano II. Passaram 50 anos sobre esse grande tempo de reflexão e compromisso vivido por todos os Bispos do mundo e com eles por todos os cristãos. Infelizmente todo este tempo volvido, grande parte do Concílio está por levar à prática. No ano da fé, instituído agora por Bento XVI, os cristãos são convidados a 4 dinamismos:
• Redescobrir a Igreja como Povo de Deus “que tem como referência Cristo, como condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, como lei única o amor, como projecto a felicidade de todos no tempo e na eternidade” (LG 9).
• Assumir a Palavra de Deus como orientação para toda a vida, porque “se a Deus falamos quando rezamos, a Deus escutamos quando lemos a Sua Palavra” (DV 25). É impensável a vida cristã sem estar iluminada, em todas as circunstâncias, pela Palavra de Deus.
• Renovar a Liturgia, sabendo que esta é “o exercício da função sacerdotal de Cristo” (SC 7). Quantos cristãos, na celebração litúrgica, se perdem em pormenores secundários, acabando por esquecer que estão sobretudo a viver o mistério de Jesus Cristo que se quis fazer homem para que, n’Ele e por Ele, todos os homens se aproximassem de Deus.
• Intervir na ordem temporal, uma vez que o cristão tem os pés na terra e, por isso mesmo, se preocupa com toda a realidade humana. O cristão promove a dignidade, desenvolve a comunidade, projecta a actividade humana. É neste contexto que é chamado a reestruturar a vida familiar, a realidade socioeconómica, a acção política, a promoção da cultura e a construção da paz.
Os 4 documentos fundamentais do Concílio do Vaticano II devem ser estudados profundamente neste Ano da Fé. Levá-los à prática é uma extraordinária acção missionária.
4. Neste Dia Mundial das Missões todos os cristãos deverão assumir três coisas: conhecer melhor a Pessoa de Jesus Salvador, testemunhar o ser cristão em todas as situações da vida e, na medida do possível, anunciar aos outros a sua fé, tornando-se, no seu meio, autêntico missionário.