EM COMUNHÃO COM TODOS, NA PEREGRINAÇÃO AOS LUGARES SANTOS-15 DE JULHO DE 2012

Queridos amigos,
ao longo do ano, todos os domingos, nos encontramos para celebrar a fé. Partilhamos a Palavra e celebramos a Eucaristia. Não acontece isto hoje, a 15 de Julho, porque, com 44 peregrinos da Paróquia, estou a viver dias inolvidáveis na Terra Santa. A última vez que a Paróquia tinha organizado uma peregrinação como esta, fora no ano 2000, na viragem do milénio. Ainda hoje muitos recordam a estadia em Jerusalém com a passagem depois por Roma, a cidade eterna. Doze anos depois, a pedido de muitos, organizou-se mais uma peregrinação à Terra Santa. Saímos de Lisboa ao fim da manhã do passado dia 10. Fizemos uma óptima viagem com paragem de  algumas horas em Bruxelas. Pudemos já descansar em Tel-Aviv para, na manhã seguinte, iniciarmos a peregrinação. Seria muito longo contar-vos o sortilégio, as emoções, os desafios espirituais de cada lugar. Limitar-me-ei a dizer-vos o que foi celebrar a Eucaristia em lugares tão ligados à pessoa de Jesus Cristo e à aventura da fé cristã.

1. A Nazaré chegámos ao fim da tarde do primeiro dia. O sol dourava as velhas pedras da cidade. Entrámos na Basílica da Anunciação e celebrámos, logo depois, na casa de José. Invocar a infância de Jesus marcou-nos profundamente porque todos fomos crianças, adolescentes e jovens. Todos agradecemos a Deus os nossos pais, a nossa família. Todos pedimos pelas famílias do mundo.

2. As Bem-Aventuranças constituem o Código do comportamento cristão. No segundo dia da nossa peregrinação subimos ao monte onde Jesus proclamou as Bem-Aventuranças. Celebrámos ao ar livre num pequeno recanto do jardim que envolve a igrejinha do local. Não resistimos a ficar em silêncio longo tempo, quer a contemplar a paisagem, quer a sentir os desafios de Jesus que nos convida a ter um coração de pobre, um coração humilde, um coração sincero, um coração que perdoa, um coração que constrói a paz. Tudo ao redor nos falava das propostas de Jesus. Ao longe, via-se a capela do Primado, e um pouco adiante Tabca, o lugar da multiplicação dos pães. Sentimos neste dia a missão de Jesus na Galileia.

3. O Tabor é um lugar de paz. Foi por aqui que começámos o terceiro dia. Celebrar a Eucaristia no lugar onde a tradição diz que Cristo se transfigurou foi oportunidade de revermos a Nova Lei, o Amor, e as novas profecias, a Boa Nova para os pobres, a libertação para os oprimidos, a alegria para os que sofrem. Evocámos no alto do monte as palavras de Jesus quando ficou só com os discípulos: “não contem a ninguém o que viram e ouviram, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos”. Terminámos este dia às portas de Jerusalém verdadeiramente fascinados com a cúpula de ouro da Mesquita de Omar e com a cor, também ela dourada, das muralhas de Jerusalém. Cantar Jerusalém foi o momento mais alto deste fim de tarde.

4. A Gruta de Belém é na tradição o lugar onde Jesus nasceu. Não se pode celebrar ali porque este espaço religioso está confiado aos monges ortodoxos. O altar da adoração dos Magos, na área da Gruta da Natividade, conhecida como a Gruta das Manjedouras, está confiado aos católicos. Ao lado está a Basílica de Santa Catarina. É ali que hoje vamos celebrar a Eucaristia. Podem imaginar como é que o nosso coração está em festa, por descermos de Jerusalém até à pequenina cidade do rei David. Chegar a Hebron, aproximarmo-nos da esplanada em frente da gruta, conversarmos com os actuais habitantes de Belém, é tudo motivo que nos entusiasma para a celebração que faremos esta tarde. Como está próximo o domingo, sentimos uma comunhão maior convosco que vos reunis na nossa igreja, certamente, em oração pela nossa viagem. Também a todos recordaremos junto do lugar do Nascimento, quando Jesus viveu o primeiro Natal.

5. O Jardim das Oliveiras, lugar onde Jesus fez a sua vigília de sofrimento, numa singular agonia, é o lugar que escolhemos para celebrar o domingo. Vamos estar à volta do lajedo em oração profunda, vamos, depois, sair até ao jardim, ficando ao lado das oliveiras centenares que recordam a solidão a que Jesus foi vetado. Tentaremos, cada um à sua maneira, viver um tempo forte de reconciliação.

6. O Santo Sepulcro é o lugar onde José de Arimateia e Nicodemos depositaram o corpo de Jesus. Será aqui que vamos celebrar a última Eucaristia antes de partirmos para a Jordânia. A igreja do Calvário é o mais importante lugar de referência na peregrinação à Terra Santa. Podemos subir até ao monte onde Jesus foi crucificado. Ali, entre dois altares, o católico e o copta, está uma maravilhosa imagem de Nossa Senhora das Dores, oferta de D. João IV, Rei de Portugal. Vamos depois celebrar ao lado da capela do sepulcro, no altar de Santa Maria Madalena. Nesta celebração teremos presente toda a comunidade paroquial do Campo Grande. É pelo mistério da Cruz, pela Morte e Ressurreição de Jesus que todos nos tornamos irmãos e somos um só na comunhão de vida.

7. Em Petra teremos oportunidade de rever antigas culturas reveladoras de civilizações de grande esplendor onde também as igrejas revelavam a fé das populações, depois do cristianismo. Este será um dia de aprofundamento cultural que não nos dispensará, porém, de partilhar a fé, ao fim do dia, numa grande celebração da Palavra, numa das salas do hotel.

8. Monte Nebo, o lugar de onde Moisés viu a Terra Prometida, a terra onde corre o leite e o mel. Deixando a Jordânia, regressaremos a Jerusalém, para celebrarmos em Emaús. Aquela casa de campo onde Jesus se revelou Ressuscitado a dois dos seus discípulos. Os discípulos de Emaús, depois de reconhecerem Cristo Ressuscitado, voltaram à sua comunidade de Jerusalém. Também nós, depois de repartirmos o pão em Emaús, regressamos à nossa Comunidade do Campo Grande, onde iremos partilhar as inúmeras experiências espirituais destes dias.

Queridos amigos, esta é a última Folha Informativa antes de férias. Aproveito a oportunidade para desejar a todos o suficiente descanso para retemperar forças, a fim de recomeçarmos com nova energia o Ano Pastoral 2012/2013. E não podemos esquecer que o próximo ano pastoral é o Ano da Fé. Aceitem um abraço amigo do vosso Prior.

P. Vítor Feytor Pinto
 Prior

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