UMA COMUNIDADE MISSIONÁRIA-21 de Outubro de 2012

1. No Ano da Fé há uma razão acrescida para celebrar o Dia Mundial das Missões. Não nos basta acreditar. O cristão tem o dever de proclamar a toda a gente a fé que tem no coração. Por isso, a mensagem de Bento XVI para este dia, que se celebra a 21 de Outubro, tem um título lindíssimo: “Chamados a fazer brilhar a Palavra da verdade” (PF 6). De facto, Jesus, no rito de despedida, disse aos Apóstolos: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda a criatura. Baptizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai a viver como eu vos pedi” (cf. Mt 28 e Mc 16). Se O Concílio Ecuménico Vaticano II foi um sinal luminoso da universalidade da Igreja pelo número elevado de padres conciliares que nele se congregou, vindos de todo o mundo, hoje é fundamental contribuir, de todas as formas possíveis, para reafirmar a necessidade e a urgência da evangelização. Os homens à espera de Cristo constituem ainda um número imenso, como dizia João Paulo II na Encíclica Redemptoris Missio, pelo que a responsabilidade da missionação é de todos os cristãos. Diz Bento XVI, ao proclamar o Ano da Fé: “Cristo, hoje como outrora, envia-nos pelas estradas do mundo para anunciar o seu Evangelho a todos os povos da terra” (PF 7). Também Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi, afirma com clareza, que “a acção missionária, não é para a Igreja uma contribuição facultativa: é um dever que lhe incumbe pelo mandato de Jesus Cristo, a fim de que os homens possam acreditar e ser salvos” (EN 5). Bento XVI conclui: “temos necessidade de reaver o mesmo ímpeto apostólico das primeiras comunidades cristãs que, apesar de pequenas e indefesas, foram capazes, com o anúncio e testemunho, de difundir o Evangelho por todo o mundo.” Nesta mesma mensagem para o Dia Mundial das Missões, Bento XVI sublinha três coisas:

• A prioridade da Evangelização. É indiscutível que o Evangelho deve ser anunciado a toda a gente. Aos cristãos compete dar a Boa Nova aos pobres, dar a libertação aos oprimidos, dar a liberdade aos cativos, dar a alegria aos que sofrem e instaurar o ano da reconciliação e da paz (cf Luc 4, 16-19). Esta acção evangelizadora deve ser o paradigma de toda a actividade eclesial. Todos os cristãos, pelo testemunho e pelo anúncio explícito, têm o dever de ser missionários.

• Fé e anúncio. Ao ler a história compreende-se que perante os problemas, as aspirações e as esperanças da humanidade, Cristo quis fazer tudo para a curar, a purificar, e a congregar com a sua presença. De maneira extraordinária, Santo Agostinho referia-se à mulher samaritana, dizendo que depois de ter acolhido no coração Cristo Senhor, que mais poderia ela fazer senão deixar ali o cântaro e correr a anunciar a Boa Nova (in Ioannis Ev., 15,30) Quem dera que os cristãos, que também acolhem Cristo no coração fossem capazes de O proclamar pelo testemunho constante e pelo anúncio explícito, sem medo de falarem de Jesus Cristo, Salvador.

• O anúncio faz-se caridade. “Ai de mim se não evangelizar”, dizia o Apóstolo Paulo (1 Cor 9, 16). Mas, a verdadeira evangelização começa em gestos de caridade. Através da sua acção, o anúncio do Evangelho torna-se “intervenção a favor do próximo, justiça para com os mais pobres, possibilidade de instrução nas aldeias mais distantes, assistência médica em lugares remotos, emancipação da miséria, reabilitação de quem vive marginalizado, apoio ao desenvolvimento dos povos, superação das divisões étnicas, respeito pela vida em todas as suas fases” (Bento XVI, DMM). Brilhante esta exigência do Papa para uma missionação assente na caridade, com a promoção integral do homem que adere à Pessoa de Cristo e se deixa tomar pelo Evangelho.

É uma síntese magnífica que o Papa faz, da evangelização, na sua mensagem para o dia Mundial das missões para 2012.

2. A Comunidade Paroquial do Campo Grande quer, no Ano da Fé, aprofundar mais e mais a sua acção missionária. Tem-se a consciência de que Lisboa também é país de missão. Aqui, como em todos os lugares, é urgente anunciar o Evangelho. Sente-se a necessidade de aprofundar a fé, para o maior conhecimento da Pessoa de Jesus Cristo a quem se adere sem condições. Quantas pessoas na nossa cidade deixaram de acreditar, quantas abandonaram a prática religiosa, quantas, movidas pelos seus interesses, são incapazes de seguir os valores cristãos, optando por outros caminhos. Nestas circunstâncias, anunciar Jesus Cristo é um imperativo, uma vez que, sem Ele, não é possível a salvação. Se no mundo se cumprissem os valores do Evangelho, aceitando-se Cristo como referência, todas as crises seriam vencidas. Que fazer, então?

• O testemunho cristão. Na família, no trabalho, na vida social, na cultura, na intervenção política, os cristãos têm que revelar à saciedade que seguem os parâmetros propostos por Jesus Cristo. Ser autêntico na vida cristã, contraria a hipocrisia que domina em grande número de cidadãos.

• O anúncio explícito. Muitas pessoas passam pela nossa comunidade à procura de Deus. Muita gente se sente insatisfeita com as soluções ideológicas e políticas que lhe são propostas. Querem mais, procuram coisas melhores. É tempo de dizer que “não há salvação em outro, senão na Pessoa de Jesus” (Act 4, 12). Em acção pessoal, ou nos diversos grupos da Paróquia, podem encontrar-se respostas para a angústia que domina tantas vidas.

• A acção missionária. Também como comunidade cristã, somos responsáveis pelo anúncio do Evangelho aos povos que estão distantes. Podemos fazê-lo pelas férias missionárias de tantos jovens, em comunidades africanas com quem temos geminação; pelo apoio às dioceses de África, através da formação dos seus padres; pela dádiva de pequenos contributos a paróquias e missões que a nós recorrem.

• A celebração do Dia Mundial das Missões. Privilegiamos hoje a oração e a partilha. Assim somos solidários com o movimento missionário no mundo inteiro, uma vez que a oração afirma a unidade de uma só Igreja e a partilha compensa os sofrimentos das comunidades mais pobres.

Ter espírito missionário é elemento fundamental em qualquer comunidade cristã, uma vez que todos os cristãos fazem parte da mesma Igreja que querem ver cumprir o mandato de Cristo: “Ide por todo  o mundo e anunciai o Evangelho”.

3. Somos chamados “a fazer brilhar a Palavra da Verdade”. Perante esta proposta de Bento XVI, todos os cristãos sentimos o dever de revelar Jesus Cristo presente na nossa vida, mas também a capacidade de O anunciar àqueles que estão perto de nós. Todos somos missionários.

P. Vítor Feytor Pinto
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