ADVENTO 2012 – Crescer na fé

Face à crise com que nos defrontamos, todos nos sentimos inquietos e preocupados. Compreendemos que vivemos num mundo cujas transformações súbitas e imprevisíveis nos perturbam e interrogamo-nos: como viver a fé, nesta situação diferente a exigir de nós atitudes e práticas diferentes, como crescer na confiança e no testemunho, como viver o Advento, o tempo em que queremos converter-nos para celebrar o nascimento de Jesus?

Num “e.mail” que recebemos havia uma proposta clara: “que o Advento de 2012 seja o tempo de uma Igreja em gestação”.

Pensar a Igreja como uma realidade viva, em gestação, põe-nos o desafio de crescer na fé, de não nos permitir que a nossa vida de relação com Deus, com a sociedade, com o nosso próximo mais próximo, decorra sem mudança, como um rio que, tranquilamente, vai correndo, entre margens desde sempre familiares.

É-nos proposto, pelo contrário, que vivamos num mundo e numa Igreja que vive as dores do parto. As mudanças e as dores do passado terão sido dolorosas, mas o que se passa hoje é a ruptura de um modo de estar na Igreja e no mundo, o nascimento de uma civilização diferente, cujo dinamismo nos escapa e em que temos dificuldade de intervir.

Dizer que a Igreja está em gestação, supõe que

nós, cristãos fortalecidos na força do Evangelho, temos de nos pôr à escuta dos sinais dos tempos, e mais que lamentar-nos, temos que, apoiados na oração e no compromisso de membros da Igreja, dar uma atenção muito séria e comprometida à justiça, nomeadamente para que os mais frágeis deixem de ser atingidos na sua dignidade de cidadãos e de filhos de Deus.

Acreditar numa Igreja em gestação

é viver na fé e manter a esperança que a amendoeira vai de novo florescer, ou seja que pelo poder do Evangelho pode nascer uma primavera nova, que não será obra das nossas mãos, mas o fruto da graça que nos convida, com urgência, a entrar em sintonia com a vontade de Deus (a preparar o caminho do Senhor, a endireitar as suas veredas).

Igreja em gestação,

é estar em sintonia com a vontade Deus, realizá-la no concreto da vida!

Quem nos ajudará a fazê-lo? Certamente:

a) O Espírito Santo que habita os nossos corações, que acende neles o fogo do amor de Deus e que, na medida da nossa docilidade, renova a face da Terra.
A nossa docilidade que cresce na medida em que formos fieis a uma oração mais constante, mais despojada, mais atenta ao que o Espírito tem a dizer a cada um de nós.
A oração ajuda-nos a crescer na fé.

b) A Igreja, Mãe e Mestra, que, como sabemos, propõe ao Povo de Deus que faça memória da História da Salvação ao longo do Ano Litúrgico, dando particular relevo ao Natal de Jesus, cuja vinda é preparada no Advento, à Sua morte e ressurreição – a Páscoa que é preparada na Quaresma e à efusão do Espírito Santo – o Pentecostes. A celebração da Liturgia ajuda-nos a crescer na fé.

c) Maria – Se é verdade que Jesus é o centro da nossa fé, pensar em Jesus que se fez homem por amor de nós é evocar Maria que, na fé disse sim a Deus, consentiu em acolher Jesus no seu seio, permitiu que ao longo da gestação, Ele crescesse e, chegado o tempo pudesse vir ao mundo. A Tradição apresenta Maria como a figura da Igreja em gestação.
Olhar para Maria, aprender com ela a viver e crescer na fé é, seguramente, um bom caminho para participar na construção desta Igreja, sempre em gestação!

Judite Grilo - Adaptação de um texto de Patrick Prélot osb in www.croire.com

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