1. Todos os cristãos são chamados por Jesus Cristo a uma fé consciente, livre e responsável. No Baptismo, sacramento da Fé, este chamamento concretiza-se no coração da comunidade. É a vocação cristã. No Ano da Fé, os cristãos têm o dever de repensar a sua própria vocação numa fidelidade acrescida aos valores do Evangelho que Jesus anunciou. Há, porém, na vida da Igreja vocações específicas, a que correspondem missões diferentes no serviço aos outros. Entre estas, podem distinguir-se: a vocação sacerdotal, a vocação religiosa, a vocação missionária, a vocação laical. Em cada uma destas vocações aparece a missão que aos chamados é entregue. É sempre Cristo que chama. Mas o Espírito Santo, segundo as características de cada um, ilumina o crente para se sentir feliz na missão que lhe é confiada.
• A vocação sacerdotal chama alguns ao ministério da palavra, da liturgia e da caridade. Sem o sacerdócio ministerial não chegaria a todos a mensagem de Jesus, não se concretizaria o perdão dos pecados, nem pela fracção do pão se tornaria presente Jesus na Eucaristia, também os doentes não seriam ungidos no tempo do sofrimento, nem o viático seria oferecido como apoio para o caminho até à Casa de Deus.
• A vocação religiosa convida ao testemunho da alegria pascal. Consagrados pelos votos, os religiosos servem o povo de Deus em campos de profunda inserção da Igreja na vida da cidade. Pela educação das crianças e dos jovens, pelo cuidado a ter com os doentes e os mais frágeis, pelo apoio às comunidades cristãs, os religiosos revelam uma capacidade de estar próximo, atitude de que Jesus deu o exemplo.
• A vocação missionária responde ao grande apelo feito por Jesus aos discípulos no dia da Ascensão: “ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova a todos os povos, baptizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19) Deixando as suas terras, os missionários partem para as zonas mais pobres do mundo, para ali serem fermento de esperança, pelo anúncio da verdade, o desafio da justiça, o sentido da liberdade e a prática generosa do amor. Os missionários apostam no desenvolvimento, não apenas material, anunciando os valores que podem salvar o homem todo e todos os homens.
• A vocação laical é a mais ignorada na vida da Igreja. Os leigos não são simples fiéis. Também eles têm uma missão definida. Compete-lhes “tratar da ordem temporal, e orientá-la segundo Deus para que progrida e assim glorifique o Criador e Redentor” (LG 31). Os leigos exercem a sua missão na família, no trabalho, na cultura, na vida económico-social, na intervenção política, na construção da paz. Missão sublime.
Compete a cada um descobrir a sua missão ao serviço da Igreja e do mundo. Todos são indispensáveis na presença efectiva que a Igreja tem no mundo em ordem à sua redenção e salvação. É o mundo novo que é preciso construir. Os cristãos são chamados a fazê-lo.
2. Na semana de oração pelas vocações está muito presente a preocupação da Igreja pelo sacerdócio ministerial. São muito poucos os sacerdotes que, nas comunidades, apoiam os crentes no seu caminho de fidelidade ao Evangelho e de compromisso cristão no mundo. A 50 anos do Concílio, com as grandes transformações que no mundo aconteceram, facilmente se dá conta do escasso número de sacerdotes. As vocações escasseiam. Alguns reveem o compromisso de consagração que haviam feito. Muitos sacerdotes estão envelhecidos. A simples reestruturação do trabalho pastoral é insuficiente quando os sacerdotes são cada vez menos. Repete-se a Palavra do Senhor no Evangelho “A messe é grande e os operários são poucos; pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (Lc 10, 2). Nas nossas comunidades cristãs há o dever de promover as vocações sacerdotais. Não é uma simples propaganda, uma vez que o Espírito Santo não passa por aí. É necessário dar às comunidades a consciência de que o seu futuro depende dos sacerdotes que tiverem. Daqui resulta um trabalho persistente que motive os jovens para abraçarem a vocação sacerdotal.
• As famílias são o primeiro elo da lindíssima cadeia da vocação sacerdotal. O ambiente da casa, com pais unidos no processo da educação dos filhos, com a preocupação de os iniciar na fé pelo conhecimento de Jesus, com a capacidade de fazer oração em comum, e de juntos celebrarem a Eucaristia Dominical, tudo isto se torna fermento de vocações que podem surgir.
• As catequeses, verdadeira iniciação cristã, podem ser o suporte da paixão que algumas crianças vêm a ter por Jesus Cristo e por sua mãe, Maria. Foi nas salas de catequese que nasceram muitos sonhos de ser sacerdote para o serviço dos mais pobres, o anúncio do Evangelho, e a participação na Eucaristia. A responsabilidade dos catequistas é imensa.
• O acolitado, isto é, os adolescentes que servem o altar, é um campo para o despertar da vocação. Quantos e quantos rapazes presentes na Eucaristia com as suas túnicas brancas sentem o apelo de Deus para um dia presidirem à assembleia cristã. A experiência do apoio ao sacerdote na celebração leva o acólito a saborear a beleza do rito, mas sobretudo a riqueza do seu encontro pessoal com Cristo sacerdote.
• Os grupos de jovens são um espaço privilegiado para a descoberta da vocação sacerdotal. A pastoral de jovens implica três campos de acção: o aprofundamento da fé, o exercício da caridade e a descoberta da vocação. Qualquer jovem tem o dever de se confrontar com as opções de vida a que é chamado. O sacerdócio permite uma realização plena do ser humano. O encontro profundo com Cristo e a disponibilidade incondicional para com os irmãos. É uma opção apaixonante.
• O testemunho da comunidade é indispensável para que nela nasçam vocações sacerdotais. A vida dos sacerdotes, o ambiente que se vive com todos os colaboradores, a distribuição de tarefas, a descoberta das missões a que se é chamado, tudo isto constitui clima em que alguns jovens escutam a voz que no seu coração está a chamar: “vem e segue-me, quero fazer de ti pescador de homens” (Mt 4, 19).
Nesta semana de oração pelas vocações não bastam as súplicas que se fazem a Deus por muitos e santos sacerdotes. É necessário que cada grupo se sinta enviado a acompanhar as vocações que na comunidade vão surgindo.
3. “As vocações são sinal de esperança fundada na fé”. É este o slogan para a semana das vocações em 2013 que se celebra entre 14 e 21 de Abril. Este refrão, que é oferecido a todas as Dioceses e todas as Paróquias. contém três exigências:
• Ser sinal de esperança impõe-se num mundo onde o sofrimento é imenso, os horizontes se fecham e tudo parece perder-se. Todo o sacerdócio é portador da esperança, isto é, da capacidade de ultrapassar os próprios limites. Para o mundo de hoje sacerdotes precisam-se.
• O fundamento da esperança está na fé, isto é, na adesão incondicional à pessoa de Jesus Cristo. A missão do sacerdote está precisamente em anunciar Jesus Cristo ao mundo através de uma acção profética e eficaz. “Não há salvação em nenhum outro senão em Jesus Cristo Senhor” (Act 4, 12) era o que já dizia Pedro em Jerusalém.
• A vocação sacerdotal pela consagração na transmissão da fé abre portas de esperança a todos aqueles que, no meio das dificuldades, querem descobrir um sentido novo para a vida.
Por tudo isto a oração proposta para esta semana reza assim “… continua Senhor a chamar muitos, para que nunca faltem testemunhas autênticas, transfiguradas no encontro contigo, e anunciadoras da tua alegria à comunidade cristã e aos irmãos”.
4. Um voto: que a Comunidade Paroquial do Campo Grande, que já deu sete sacerdotes à Igreja, seja agora fonte de muitos e santos sacerdotes.