1. Depois da renúncia ao pontificado de Bento XVI, pode dizer-se que não há na Igreja lugares vitalícios. Com o Vaticano II ficou decidido que os Bispos diocesanos deveriam pedir a renúncia aos 75 anos. Esta norma ficou consagrada no código de Direito Canónico, Cânon n.º 401 § 1. Para se cumprir este desejo da Igreja, Lisboa vai ter um novo Patriarca. A 18 de Maio, o Papa Francisco escolheu o Sr. D. Manuel Clemente parta Patriarca de Lisboa. Tomará posse a 6 de Julho na Sé Patriarcal e no dia seguinte presidirá no Mosteiro dos Jerónimos à primeira Eucaristia com todo o Povo Santo de Deus.
• Conheço o Senhor D. Manuel desde que entrou no Seminário dos Olivais. Licenciado em Letras, escolheu o sacerdócio como vocação para toda a sua vida. Tive a alegria de orientar o seu primeiro retiro, que recordo bem pela excelência dos jovens que na altura se preparavam para o sacerdócio.
• Acompanhei depois todo o seu caminho sacerdotal, na experiência que fez em várias paróquias, no Seminário dos Olivais onde acabou por ser reitor, na Universidade Católica onde foi professor de História.
• Em 2000, recebeu a ordenação episcopal, depois de escolhido pelo Papa João Paulo II para auxiliar de Lisboa.
• Em 2007, Bento XVI chamou-o para lhe confiar a diocese do Porto. Agora é Francisco que lhe pede para liderar a comunidade cristã no Patriarcado de Lisboa.
O Senhor D. Manuel Clemente é o Bispo que a Igreja nos concede para nos ajudar a crescer na fé, a deixar-nos possuir pela esperança, a exercermos generosamente a caridade.
2. O Senhor D. Manuel, logo no dia da sua eleição, quis dirigir uma saudação amiga a todos os cristãos do Patriarcado de Lisboa:
“Caríssimos diocesanos do Patriarcado de Lisboa
Por nomeação do Santo Padre, o Papa Francisco, regressarei a Lisboa em julho próximo, para vos servir como Bispo Diocesano. É um regresso enriquecido por quanto aprendi na Igreja Portucalense, na grande generosidade e aplicação dos seus membros, a tantos títulos notáveis. Como sabeis, não é a primeira vez que um bispo portucalense continua o seu ministério entre vós: assim aconteceu designadamente com D. Tomás de Almeida, que daqui partiu para ser o primeiro Patriarca de Lisboa, em 1716.
De Lisboa trouxe eu para o Porto cinquenta e oito anos de vida convivida, como leigo e ministro ordenado, sob o pastoreio dos Cardeais Cerejeira, Ribeiro e Policarpo. De todos eles guardo larga e agradecida recordação, em especial do Senhor D. José Policarpo, de quem fui aluno e depois colaborador próximo no Seminário dos Olivais e no serviço episcopal, muito ganhando com a sua amizade, inteligência e conselho. A ele dirijo neste momento palavras sentidas de muita gratidão e estima, sabendo que posso contar com a sua sabedoria e experiência. Do Porto levo para Lisboa mais seis anos, plenos de vida pastoral intensa nesta grande Igreja e região, quer no dia a dia das suas comunidades cristãs, quer no dinamismo cívico e cultural dos seus habitantes e instituições.
Assim vos reencontrarei. As minhas palavras vão cheias do grande afeto que sempre mantive por todas e cada uma das terras e populações que, de Lisboa a Alcobaça e do Ribatejo ao Atlântico, integram o Patriarcado de Lisboa. Falo das comunidades cristãs e de quantos, ministros ordenados, consagrados e fiéis leigos, nelas dão o seu melhor nas diversas concretizações apostólicas. Falo das associações de fiéis e movimentos, dos institutos religiosos e seculares, das famílias, das instituições e iniciativas de todo o tipo em que a seiva evangélica dá bom fruto. E refiro-me também a todas as realidades sociais e cívicas onde se constrói aquele futuro melhor, justo e solidário de que ninguém de boa vontade pode e quer desistir. Da minha parte, contareis com tudo o que puder, n’ Aquele que nos dá força (cf. Fl 4,13).
(…) Todos juntos, na complementaridade dos carismas e ministérios que o Espírito distribui, seremos o Corpo eclesial de Cristo, para que o seu programa vivamente continue, como o enunciou na sinagoga de Nazaré: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres…’ (cf. Lc 4, 18 ss).
Vosso irmão e amigo, com Cristo e Maria,
+ Manuel Clemente
Porto, 18 de maio de 2013”
3. O Senhor D. José Policarpo foi Patriarca de Lisboa durante 16 anos. Não parte, fica connosco no silêncio da oração e, simultaneamente, na simplicidade de uma vida reservada, que constitui também uma forma de servir o Povo de Deus que aqui peregrina. No Dia do Corpo e Sangue de Cristo, na Sé Patriarcal dizia-nos que não sabia onde iria ficar mas que todos poderiam encontrá-lo diante do SS. Sacramento em oração de súplica e de acção de graças. Expressão muito bela, reveladora da sua nova “missão”.
• Conheci o Padre José Policarpo no dia da defesa da sua tese de doutoramento na Universidade Gregoriana. Foi no Verão de 1970.
• Estive com o Doutor José Policarpo quando foi reitor do Seminário dos Olivais e também professor e reitor da Universidade Católica.
• Em 1977 foi eleito Bispo como auxiliar do Patriarca de Lisboa.
• Em 1998 sucedeu como Patriarca ao Sr. D. António Ribeiro.
Uma vida de grande amor à Igreja e de uma total disponibilidade para servir na comunidade cristã e no mundo. O Ano da Fé foi a iniciativa que de alguma maneira sintetiza toda a sua acção pastoral no Patriarcado de Lisboa.
4. O Senhor D. José Policarpo deixa-nos também uma mensagem lindíssima:
CARTA AO POVO DE DEUS DO PATRIARCADO DE LISBOA
Irmãos e Irmãs,
Como já foi amplamente divulgado, o Senhor D. Manuel Clemente foi nomeado pelo Papa Francisco como novo Patriarca de Lisboa. É com muita alegria que o acolhemos como Bispo desta nossa diocese. Se, em 2007, o vimos partir para o Porto a fim de ali exercer o ministério apostólico, é agora com esperança que o vemos regressar como Patriarca de Lisboa.
O novo Patriarca vai entrar solenemente na Diocese numa celebração eucarística a ter lugar no Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa) no próximo dia 7 de Julho, pelas 16 horas. Estou certo de que, mesmo aqueles que não puderem participar, não deixarão de acompanhar o nosso novo Bispo através da oração.
Ao mesmo tempo, convido-vos a, comigo, darmos graças a Deus pelo caminho que como irmãos na fé, percorremos desde 1997 até agora. Será no próximo dia 29 de Junho, Solenidade de S. Pedro e S. Paulo, também na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, pelas 10:30, altura em que serão ainda ordenados novos sacerdotes para o serviço da nossa diocese.
Neste último dia do Mês de Maria e Festa da Visitação de Nossa Senhora, estou certo de que não deixareis de rezar pelo nosso novo Patriarca, e de que, também a mim, que fui vosso Bispo durante 16 anos, não me esquecereis. Saúda-vos com amor fraterno.
Lisboa, 31 de Maio de 2013
+ José, Cardeal-Patriarca Emérito
Administrador Apostólico de Lisboa
5. Bem-vindo seja Sr. D. Manuel Clemente. Estamos consigo em plena comunhão eclesial.
Obrigado Senhor D. José Policarpo. A Paróquia do Campo Grande quer testemunhar-lhe o quanto recebeu do seu Bispo durante estes maravilhosos dezasseis anos.
Muito unidos no Senhor para o serviço da Igreja.
Pe. Vítor Feytor Pinto – Prior