1. Nas primeiras comunidades cristãs, em Jerusalém, como em muitos outros lugares onde foi chegando a mensagem do Evangelho, os cristãos “estavam unidos na doutrina dos Apóstolos, na fracção do pão, nas orações, e tudo o que tinham era posto em comum de tal maneira que não havia necessitados entre eles” (cf. Act 2, 42-47). Eram os Apóstolos e, mais tarde, os bispos e os presbíteros que animavam a vida destas comunidades.
• Proclamavam a Palavra de Deus recordando tudo o que Jesus lhes tinha dito e que deviam anunciar. Foi assim que nasceram os Evangelhos, verdadeiras catequeses dos Apóstolos.
• Celebravam a fracção do pão, repetindo os gestos que Jesus fizera na Última Ceia. Assim faziam memória de Jesus Cristo Ressuscitado. Era a Eucaristia.
• Apoiavam os mais carenciados, pondo em comum todos os seus bens. Tinham entendido que eram apenas administradores de quanto possuíam e que valia a pena partilhar com quantos eram pobres e viviam situações de sofrimento.
• Provocavam a unidade, vivendo em comunhão total. “Num só coração e numa só alma” (Act 4, 32) era o lema que marcava todas as suas relações humanas, levando-os a cumprir o mandamento novo, a exigência do amor.
Bispos e presbíteros, mais do que presidir à comunidade, eram os orientadores de uma vida marcada pelos valores do Evangelho. Pedro, Paulo, João, Barnabé, Silas, João Marcos, Timóteo, Tito, Dionísio, grandes líderes que, empurrados pelo Espírito Santo, foram construindo a Igreja nas inúmeras comunidades cristãs que fundaram. Chegaram de Jerusalém a Roma e os cristãos,
possuídos por Jesus, foram capazes de dar a vida pela loucura do Evangelho.
2. Continua a ser assim. Não pode haver uma comunidade cristã sem a presença do sacerdote, seu constante animador. À Diocese preside o Bispo, à Paróquia preside o Pároco. Num e noutro caso “a verdadeira forma de poder está no serviço”. Esta fórmula simples do Papa Francisco aplica-se de maneira maravilhosa ao poder espiritual do sacerdote. A missão do padre é servir, a preferência do padre são os mais pobres e a alegria do padre é a comunhão plena na comunidade que acompanha. Toda a acção pastoral é conduzida pelo sacerdote que preside à comunidade. Realiza esta acção acompanhando o crescimento na fé, celebrando em festa a liturgia, provocando gestos de caridade fraterna. Hoje, nas grandes comunidades cristãs, este trabalho sacerdotal é realizado por uma equipa que, depois, se apoia num corpo de leigos que levam à prática inúmeros projectos. Podem ser muitos os responsáveis pela animação pastoral:
• Ao Pároco é confiada pelo Bispo a responsabilidade por toda a vida espiritual e social de quantos peregrinam no espaço que lhe foi entregue. Na Paróquia geográfica ou na Paróquia pessoal, a relação de proximidade é o elemento mais belo que o Pároco pode realizar. Está sempre disponível.
• Ao Vigário Paroquial, colaborador directo na vida da Paróquia, são-lhe entregues tarefas por vezes difíceis, como o cartório ou a administração económica. Garantir as estruturas da comunidade constitui também acção pastoral indispensável, pois sem “papéis” e sem “contas”, a Paróquia corria o risco de se perder.
• Aos sacerdotes colaboradores são entregues alguns projectos, quer na área profética, quer na litúrgica ou socio-caritativa. Podem ser os responsáveis da catequese, os orientadores da liturgia, os que conduzem a vida do Centro Social. Na necessária complementaridade, o seu trabalho é de grande relevo.
• Aos leigos é pedido um apoio estruturado consoante a sua competência e a sua capacidade de realização. É frequente, numa comunidade paroquial, confiar aos leigos a colaboração na gestão económica. Têm, também, responsabilidades na catequese das crianças e dos adultos. Nas liturgias, são leitores e ministros extraordinários da comunhão. Exercem, ainda, voluntariado social com inúmeras valências.
Numa comunidade grande, implantada na cidade, só com uma equipa sacerdotal se poderá responder a todas as exigências da evangelização, na linha da fé e da caridade. Os sacerdotes, membros desta equipa pastoral, trabalham em profunda comunhão, permitindo a complementaridade necessária a todos os desafios pastorais que a cidade pede.
3. A Paróquia do Campo Grande tem, desde sempre, uma equipa sacerdotal que acompanha o Pároco em todas as iniciativas. A história da Paróquia recorda sempre o P. Armindo, o P. João e o P. António, três sacerdotes que acompanharam a vida desta comunidade ao longo de 22 anos.
• Depois de 97, manteve-se uma equipa base. O novo Pároco pediu ao P. António e ao P. João para continuarem a ajudá-lo. A equipa sacerdotal manteve-se com uma profunda comunhão sacerdotal e entreajuda pastoral.
• Dois anos depois, a actividade pastoral aumentava. Veio trabalhar para a Paróquia o P. Jimmy, sacerdote inglês, que aqui esteve a fazer o seu ano sabático. Continua profundamente amigo, até passando aqui sempre as suas férias.
• Em 2001, chegou à Paróquia o P. Lázaro, sacerdote moçambicano que o seu Bispo mandou estudar para Lisboa. Durante 9 anos fez aqui a licenciatura, o mestrado e o doutoramento. Hoje é Pároco da Sé de Quelimane. Continua nosso amigo e fica sempre na Paróquia quando vem a Lisboa.
• Em 2009, chegou o P. Arcanjo. Vindo da Áustria iria preparar o seu doutoramento que agora está a concluir. A sua disponibilidade nos projectos que lhe foram confiados, sobretudo com os jovens, foi total. Vai regressar agora a Quelimane, sua Diocese de origem.
• Em 2010, a equipa sacerdotal sofreu uma perda incalculável. Viu partir para Deus o P. João Resina. O seu trabalho na Paróquia ao longo de trinta anos constitui uma mais-valia em tudo aquilo que, no seu espírito, continua a ser feito. Está junto de Deus a interceder por nós.
• Nos últimos meses de 2010 chegou à Paróquia o P. Joaquim. Vindo de Angola, prepara também na Universidade Católica o seu doutoramento. Acompanha com total generosidade a vida da Paróquia nas áreas que lhe estão confiadas.
• Em todos estes anos, a equipa sacerdotal tem sido ainda enriquecida com o apoio do P. Ernesto, do P. Fernando Guerra e do P. Filipe. As tarefas que assumem são vividas com a maior intensidade pastoral. Completam, com a sua generosidade, imensos campos de acção onde a comunidade paroquial quer ter uma presença activa.
A equipa sacerdotal é constituída por um grupo de sacerdotes cheios de alegria na sua realização sacerdotal e com uma generosidade invulgar no estar disponíveis para tudo aquilo que aqui lhes é pedido. Os sacerdotes querem ser uma referência de fé e de caridade nesta pequenina porção do Povo de Deus. É a Paróquia do Campo Grande.
4. Agora, o P. Arcanjo vai regressar a Quelimane, a sua Diocese. Continuará sempre a ser membro desta comunidade paroquial. Tem sempre um quarto aqui quando vier até Lisboa. Ficamos-lhe sempre unidos na oração e desejamos que a tarefa que o seu Bispo lhe vai confiar, seja a sua paixão no serviço à Igreja. A equipa sacerdotal da Comunidade Paroquial do Campo Grande só não fica mais pobre porque continuaremos unidos nas inúmeras experiências que podemos partilhar.
Pe. Vítor Feytor Pinto
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