1. A igreja tem três ministérios, isto é, três formas para realizar integralmente a sua missão. Correspondem à tríplice função de Cristo, que é sacerdote, profeta e pastor. Como sacerdote, Cristo relaciona-se com o Pai; como profeta, transmite aos homens a verdade e anuncia o Reino de Deus; como pastor, preocupa-se com todos, congrega a comunidade e serve os mais pobres e os que mais sofrem. A Igreja completa, na sua missão, as funções de Cristo, já que, por Ela, o Senhor continua a sua acção salvífica através de todos os tempos. Jesus foi muito concreto antes de partir para o Pai. Disse aos seus discípulos: “Ide e anunciai o Evangelho a todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos” (cf Mt 28, 19-20).
• Anunciar o Evangelho é continuar a missão profética de Cristo. Nas comunidades cristãs há responsabilidade permanente de crescer na fé.
• Baptizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo é exercer o sacerdócio de Cristo através dos Sacramentos da Igreja, “sinais que transmitem a fé e a fortalecem” (CDC 840).
• O Senhor estará connosco todos os dias é acção pastoral salvífica. Por Jesus Cristo, a salvação atinge o homem todo, o seu espírito e também o seu corpo. Cuidar do homem todo, em todas as circunstâncias, é missão da Igreja.
A missão da Igreja continua a missão de Cristo. e, em cada comunidade cristã há sempre a urgência de ensinar, baptizar e salvar.
2. Neste início do ano é essencial olhar para o ministério profético da Igreja e procurar vivê-lo na comunidade cristã. Se pela profecia se cresce no conhecimento do mistério de Deus, e simultaneamente, na aventura redentora de Jesus Cristo, então não pode deixar-se de aprofundar as grandes verdades do Evangelho a ponto de poder trazê-las para a vida. A profecia tem de provocar consequências no quotidiano dos cristãos, qualquer que seja a sua idade, cultura, estatuto social. O cristão tem o dever de acreditar sempre mais e de se comprometer cada vez melhor na “loucura do Evangelho”. É pelo ministério profético da Igreja que os cristãos crescem na fé.
• A maior parte dos crentes tem uma fé pouco fundamentada. Por isso, como diz João Paulo II, “muitos cristãos adultos não passam de catecúmenos” (CT 43), sem a formação necessária para viver a fé em plenitude.
• A fé não pode consistir num sentimento que gera confiança. Isto é importante, mas é insuficiente. Ao mais pequeno problema, logo leva com facilidade a perguntar: “Que mal fiz eu a Deus”. Este grito origina muitas vezes a revolta, e, depois, o esquecimento total de Jesus.
• A fé exige um conhecimento profundo da pessoa de Jesus para a Ele se adorar sem condições. Não se pode amar o que não se conhece. A melhor maneira de se conhecer Jesus é através da Palavra de Deus que, uma vez “estudada”, se converte em oração.
• A fé tem depois de ser testemunhada em todos os lugares, pelas atitudes. A fé não se vive no templo, vive-se no tempo, isto é, na família, no trabalho, na responsabilidade social e económica, na intervenção política. Já S. Tiago dizia: “Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé” (Tg 2, 18).
Se é certo que os ministérios litúrgico e pastoral são essenciais para a presença da Igreja no mundo, o ponto de partida é sempre o ministério profético que permite ao cristão aprofundar constantemente a sua fé. E não pode esquecer-se que “uma fé não reflectida dificilmente é sentida”.
3. À Comunidade Paroquial do Campo Grande compete ajudar os cristãos a crescer na fé. A organização do ministério profético é uma das principais responsabilidades da Paróquia. Não é fácil atingir todos os sectores, desde as crianças aos mais velhos. Pretende-se, porém, criar uma “rede” de aprofundamento da fé, considerando este esforço a melhor resposta ao Ano da Fé que está a terminar.
• A catequese de infância constitui um apoio muito importante às famílias. Os pais são os primeiros catequistas, mas entre os seis e os treze anos, a Comunidade Paroquial ajuda os pais na educação cristã dos seus filhos.
• Os jovens fraternos congregam adolescentes, jovens e até já jovens adultos. Através de uma responsabilidade partilhada, com monitores preparados, os jovens, entre os 14 e os 29 anos, são convidados a redescobrir a pessoa de Jesus Cristo e a comprometer-se n’Ele.
• Os serões de cristãos adultos que querem conhecer melhor os desafios do Evangelho, são oportunidade para debate sobre questões que, analisadas à luz da fé, obrigam a uma alteração de vida.
• As homilias dominicais proporcionam uma catequese continuada ao longo do ano, uma reiniciação constante à vida cristã, uma avaliação dos problemas humanos com a luz do Evangelho.
• O grupo de preparação do Crisma (CPC) acompanha muitas dezenas de cristãos que ao longo da vida não tiveram oportunidade de celebrar este sacramento de confirmação da fé. Constitui-se mesmo uma micro comunidade em que a partilha e a amizade fazem crescer a todos na alegria de serem cristãos.
• Os tempos de preparação dos pais para o Baptismo das crianças (CPB) são oportunidade para ajudar famílias inteiras a serem cristãs de verdade. O Baptismo de uma criança não é um ritual social, é um sacramento, provavelmente mais importante para os pais do que para as crianças que ainda são pequeninas.
• Os cursos de preparação para o Matrimónio (CPM) ajudam jovens no seu amor humano. Deixar invadir este amor pela ternura de Deus, supõe um tempo de formação que enriquece imenso, na linha da fé, aqueles que querem contrair o Matrimónio.
• As conversas pessoais com os sacerdotes ou alguns catequistas facilitam também o aprofundamento na fé e tantas vezes, até, a conversão.
Na Comunidade Paroquial, todos os cristãos deviam escolher uma forma de se actualizarem no ser cristão. Não basta o que se conheceu quando se era menino, ou se aprofundou, quando já perto da autonomia. A fé nunca está parada, ou está a crescer ou a perder-se. Cada um é responsável pela fé, um dom que Deus lhe concedeu.
4. Está a terminar o Ano da Fé. É urgente dar a maior atenção ao grau de fé dos nossos cristãos e tudo inventar para ajudá-los a ter uma fé adulta. Fazer este caminho, passo a passo, numa entreajuda constante, é responsabilidade de todos. Que cada um se inscreva na actividade paroquial que deseje para crescer mais e mais na fé que do Senhor recebeu.