1. Estamos em pleno tempo de Natal. Já celebrámos a Festa do Nascimento do Menino Deus e esperamos agora a passagem do ano, na noite de 31 de Dezembro. Certamente que a “consoada” foi um momento de reunião de família. A vinda à “Missa do Galo” sem dúvida “encharcou” de espiritualidade esta noite mágica por todos vivida. Os que não vieram à igreja, não deixaram de espreitar na televisão essa celebração festiva que exprimiu a alegria própria dos cristãos pelo nascimento do Salvador. Distribuiram-se presentes, expressão de muita ternura, sobretudo na atenção que se dá aos mais pequeninos. As crianças rejubilaram. Também demos atenção aos mais pobres com quem quisemos partilhar mais do que as sobras, o muito que o coração tem para dar. Acontece que o Papa Francisco quis falar, à sua maneira, do Natal. Não podemos deixar de conhecer este texto lindíssimo. Tem dois pontos: Deus está connosco e confia em nós; o grande presente de Natal do Menino de Belém é uma nova energia para ser Apóstolo.
2. Deus está connosco e confia em nós.
“Este nosso encontro desenvolve-se no clima espiritual do Advento, tornado ainda mais intenso pela Novena do Santo Natal, que estamos a viver nestes dias e que nos conduz às festas natalícias. Por isso, hoje gostaria de reflectir convosco sobre o Natal de Jesus, festa da confiança e da esperança, que supera a incerteza e o pessimismo. E a razão da nossa esperança é esta: Deus está connosco e confia ainda em nós. É generoso este Pai Deus! Ele vem morar com os homens, escolhe a terra como sua morada para estar junto ao homem e faz-se encontrar cá onde o homem passa os seus dias na alegria ou na dor. Portanto, a terra não é mais somente um “vale de lágrimas”, mas é o lugar onde o próprio Deus colocou a sua tenda, é o lugar do encontro de Deus com o homem, da solidariedade de Deus com os homens. Deus quis partilhar a nossa condição humana, a ponto de fazer-se um só connosco, na Pessoa de Jesus, que é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Mas há algo ainda mais surpreendente. A presença de Deus no meio da humanidade não foi realizada de modo ideal, sereno, mas neste mundo real, marcado por tantas coisas boas e ruins, marcado por divisões, maldade, pobreza, prepotência e guerras. Ele escolheu habitar a nossa história assim como ela é, com todo o peso dos seus limites e dos seus dramas. Assim fazendo, demonstrou de modo insuperável a sua inclinação misericordiosa e repleta de amor para com as criaturas humanas. Ele é o Deus-connosco; Jesus é Deus-connosco. Acreditam nisso? Façamos juntos esta profissão de fé: Jesus é Deus-connosco! Jesus é Deus-connosco desde sempre e para sempre, nos nossos sofrimentos e nas dores da história. O Natal de Jesus é a manifestação de que Deus se colocou de uma vez por todas do lado do homem, para nos salvar, para nos levantar do pó das nossas misérias, das nossas dificuldades, dos nossos pecados.”
3. O grande presente do Menino de Belém, uma energia espiritual.
“Vem daqui o grande “presente” do Menino de Belém: Ele traz-nos uma energia espiritual, uma energia que nos ajuda a não nos abatermos com os nossos cansaços, os nossos desesperos, as nossas tristezas, porque é uma energia que aquece e transforma o coração. O nascimento de Jesus, de facto, traz-nos a bela notícia de que somos amados imensamente e singularmente por Deus, e este amor não somente o faz conhecer, como o oferece, o comunica! Da contemplação alegre do mistério do Filho de Deus nascido por nós, podemos tirar duas considerações. A primeira é a de que, se no Natal Deus se revela não como um que está no alto e que domina o universo, mas como Aquele que se humilha, vindo à terra pequeno e pobre, tal significa que para sermos semelhantes a Ele nós não devemos colocar-nos acima dos outros, mas antes aproximarmo-nos, colocando-nos ao seu serviço, fazendo-nos pequenos com os pequenos e pobres com os pobres. É uma coisa má quando se vê um cristão que não quer estar próximo, que não quer servir. Um cristão que se exibe é sempre mau: esse não é cristão, é pagão. O cristão serve, humilha-se. Façamos com que os nossos irmãos e irmãs mais pobres e que mais sofrem nunca se sintam sozinhos! A segunda consequência: se Deus, por meio de Jesus, se envolveu com o homem a ponto de se tornar como um de nós, quer dizer que qualquer coisa que fizermos a um irmão ou a uma irmã a teremos feito a Ele. Recordou isso o próprio Jesus: quem tiver alimentado, acolhido, visitado, amado um dos mais pequeninos e dos mais pobres entre os homens, terá feito isso ao Filho de Deus. Confiemo-nos à materna intercessão de Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, para que nos ajude neste Santo Natal a reconhecer no rosto do nosso próximo, especialmente das pessoas mais frágeis e marginalizadas, a imagem do Filho de Deus feito homem.”
4. As mensagens do Papa Francisco são constantes. Se pudermos acolhê-las na nossa vida de cristãos transformamo-nos completamente. A sua preocupação pelos pobres, pelos que sofrem, por todos os doentes, pelos idosos, e também pelas crianças, sobretudo as mais pequeninas, são sinal de um amor carregado de generosidade com o qual multiplica gestos de ternura e gestos de paz.
Três festas dominam os dias que separam o nascimento de Jesus do Ano Novo. A 26 recordamos Santo Estêvão, o primeiro mártir; a 27, S. João Evangelista, arauto da Palavra de Deus; a 28, os Santos Inocentes, na tradição mortos pela arrogância de Herodes que queria não ter opositores. Estas três festas cruzam bem com o espírito de Francisco, Papa. Enquanto Santo Estêvão foi o primeiro a dar a vida por Jesus Cristo, o Papa pede a todos os cristãos que dêem a vida pelos irmãos, presença viva de Cristo na terra. Se João Evangelista escreveu o evangelho do amor, completou este evangelho com cartas extraordinárias e continuou no Apocalipse a fazer a exaltação de Cristo, na plenitude da entrega, também o Papa Francisco convida os cristãos a uma comunhão profunda com todos os outros, redescobrindo o evangelho do amor e da ternura, da confiança e da esperança, da alegria e da paz. Assim como os Santos Inocentes foram vítimas da ânsia de poder que dominava Herodes, também hoje, milhões de crianças sofrem o despotismo de tantos que os condenam à fome, à marginalização, por vezes até à destruição da sua vida. Também neste caso o Papa Francisco se tornou arauto dos direitos das crianças para que tenham uma vida de qualidade sendo amados por todos. Estas três memórias entre as festas do Natal e do Ano Novo evocam o nosso Papa preocupado com todos os outros a quem os cristãos têm o dever de servir.
5. Que o Ano Novo de 2014 se transforme para os cristãos, guiados pelo Papa Francisco, em tempo de atenção a todos os outros, de partilha generosa com os mais carenciados, de perdão total para a reconciliação geral que se torna uma urgência no mundo de hoje, de redescoberta de Cristo, o único verdadeiro Salvador. Boas Festas, Feliz Ano Novo.