VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM-2 de Março de 2014

«Ninguém pode servir a dois senhores.

  Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.

(Mt 6, 24)

I LEITURA – Is 49, 14-15

«Eu não te esquecerei»

Leitura do Livro de Isaías
Sião dizia: «O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim». Poderá a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do filho das suas entranhas? Mas ainda que ela se esquecesse, Eu não te esquecerei.
Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 61 (62), 2-3.6-7.8-9ab (R. 6a)

Refrão: Só em Deus descansa, ó minha alma. Repete-se

Só em Deus descansa a minha alma,
d’Ele me vem a salvação.
Ele é meu refúgio e salvação,
minha fortaleza: jamais serei abalado. Refrão

Minha alma, só em Deus descansa:
d’Ele vem a minha esperança.
Ele é meu refúgio e salvação,
minha fortaleza: jamais serei abalado. Refrão

Em Deus está a minha salvação e a minha glória,
o meu abrigo, o meu refúgio está em Deus.
Povo de Deus, em todo o tempo ponde n’Ele
a vossa confiança,
desafogai em sua presença os vossos corações. Refrão

II LEITURA – 1 Cor 4, 1-5

«O Senhor manifestará o desígnio dos corações.»

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Todos nos devem considerar como servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora o que se requer nos administradores é que sejam fiéis. Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por um tribunal humano; nem sequer me julgo a mim próprio. De nada me acusa a consciência, mas não é por isso que estou justificado: quem me julga é o Senhor. Portanto, não façais qualquer juízo antes do tempo, até que venha o Senhor, que há-de iluminar o que está oculto nas trevas e manifestar os desígnios dos corações. E então cada um receberá da parte de Deus o louvor que merece.
Palavra do Senhor.

ALELUIA – Hebr 4, 12

Refrão: Aleluia. Repete-se

A palavra de Deus é viva e eficaz,
conhece os pensamentos e intenções do coração. Refrão

EVANGELHO – Mt 6, 24-34

Jesus pede aos seus discípulos que ponham toda a sua confiança em Deus: «Não vos inquieteis com o dia de amanhã.»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Por isso vos digo: «Não vos preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o vosso Pai celeste as sustenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Quem de entre vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura? E porque vos inquietais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam; mas Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos inquieteis, dizendo: ‘Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que havemos de vestir?’ Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso. Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de ama­nhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado».
Palavra da salvação.

  VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – UM APELO À CONFIANÇA

A liturgia deste domingo coloca um problema da maior actualidade: “Em quem coloco a minha confiança?”

Vive-se num tempo de enormes dificuldades. A perda de um emprego, o baixo salário, um certo desnorte de adolescentes e jovens, a desestruturação das famílias, tudo isto contribui para agravar a angústia que caiu sobre a vida da maioria das pessoas. No dia mundial da luta contra a pobreza, dizia-se que havia 30 milhões de pessoas a viverem em escravidão; também se afirmava que estavam a morrer à fome, por ano, 5 milhões de crianças; e a viver abaixo do nível de pobreza é uma constante em inúmeras famílias. Só na Europa, em pobreza extrema, são mais de 120 milhões. Em Portugal são 2 milhões e meio.

Compreende-se o lamento que faz o Profeta Isaías, cinco séculos antes de Cristo: “O Senhor abandonou-me, esqueceu-se de mim” (Is 49, 14). Apesar deste lamento do profeta, nós sabemos que Deus nunca abandona o seu povo. Mesmo quando o Povo de Israel lhe era infiel, Deus vinha sempre em seu auxílio. É este o espírito que , em tempo de dificuldade, é preciso manter.

Quem quer que seja, o cristão é sempre um servidor. Resta saber quem é que quer servir. Esta é a questão central do Evangelho. “Não procures servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro”. Com a crise económica em que se vive, compreende-se com clareza que, quem quer servir o dinheiro, com facilidade o perde. Ao contrário, quem servir a Deus, mesmo no tempo de dificuldade, em que a confiança esmorece, tem a certeza de que o Senhor lhe não vai faltar. O Evangelho prossegue com o desafio à confiança. O Senhor não falta nem às aves do céu, nem às flores do campo e vai faltar aos homens que O amam? Isso não é possível. Ele estará sempre connosco, para nos dar força nas dificuldades, coragem nas iniciativas, ou suporte nas adversidades e a capacidade de esperar para além de toda a esperança.

O Senhor falou com uma clareza extrema ao dizer: “Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (Mt.6, 33). Promessa absolutamente extraordinária. E o Senhor não falta às suas promessas.

Da parte do cristão exige-se fidelidade. É o que diz Paulo na Carta aos Coríntios: “Todos nos devemos considerar como servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (1 Cor. 4, 1). Então cada um receberá da parte de Deus tudo o que merece.

Monsenhor Vítor Feytor Pinto (in Revista LiturgiaDiária, ed. Paulus)

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