A ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES – 11de Maio de 2014

1. Quem vem acompanhando a vida da Igreja tem a certeza de que são hoje muito poucos os sacerdotes e os religiosos que servem a comunidade cristã proporcionando-lhe os três ministérios, da Palavra, da Liturgia e da Socio-caridade.

• Há inúmeras paróquias sem sacerdote para a celebração habitual da Eucaristia e dos outros Sacramentos.

• São muito poucos os jovens que, no discernimento sobre o seu futuro, se põem a possibilidade de seguir o sacerdócio ou a vida religiosa.

• Há várias razões para esta quebra nas vocações. São factores: a escolaridade obrigatória, o estilo de vida das camadas mais jovens da população, a desestruturação da família, mas sobretudo a perda da fé e da prática religiosa nas comunidades.

• Em 2013, em todo o Portugal, só se ordenaram 31 sacerdotes e faleceram uma centena deles.

Nesta perspectiva compreende-se que é preciso forçar o Céu: “A messe é grande, os operários são poucos, pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (Lc 10, 1-9).

2. As vocações sacerdotais e religiosas são uma urgência na vida da Igreja. É certo que foram instituídos os diáconos como complemento para a vida pastoral dos sacerdotes. Também há a mobilização do laicado, para fazer, nas comunidades cristãs, muitas coisas que antes eram atribuídas aos sacerdotes. O padre hoje está mais disponível para o exercício da Palavra, da Eucaristia e dos outros sacramentos. Os sacerdotes são, porém, cada vez mais insuficientes.

• A proclamação da Palavra é sempre mais exigente. Falando sobre as homilias, o Papa Francisco pedia, na exortação Evangelii Gaudium, uma preparação rigorosa, uma linguagem acessível, uma alegria no anúncio, uma verdadeira revelação de Jesus Salvador. A profecia é missão do sacerdote, para a iluminação da vida toda, também na cidade dos homens.

• A celebração da Eucaristia é uma missão exclusiva do sacerdote. Na partilha do pão, o sacerdote afirma a unidade e a comunhão, gera o amor maior como serviço aos mais pobres, afirma a alegria pascal no grande banquete do Corpo do Senhor e recorda a paixão, morte e ressurreição de Cristo.

• A pastoral da caridade é da competência do sacerdote que preside à comunidade cristã. Só ele pode discernir, com suficiente exigência e liberdade, sobre as necessidades concretas daqueles a quem se ajuda. A solidariedade, concretizada numa partilha grande, torna-se instrumento de salvação não só humana, mas também espiritual.

• A acção missionária, anúncio de Jesus Cristo aos pobres, é tarefa realizada pelos consagrados que se dedicam à missão de evangelizar. A dedicação completa ao anúncio de Jesus Cristo constitui a primeira responsabilidade da Igreja de hoje. A acção missionária foi sublinhada pelo Papa Francisco na Exortação Pastoral Evangelii Gaudium.

Na mensagem do Papa para a Semana das Vocações, ele refere também a vocação dos leigos a uma vida familiar identificada com os valores do Evangelho. É que também estes têm uma vocação cristã. O testemunho do sacramento do matrimónio vivido marca esta vocação à qual as famílias devem ser fiéis.

3. A oração é privilegiada nesta semana das vocações. Há inúmeras formas de oração, mas em qualquer delas, o que está em causa é “pedir ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (Lc 10, 2). Entre as diversas formas de oração, há algumas que são mais significativas.

• A Eucaristia é a oração por excelência. Nela deve pedir-se sempre pelos sacerdotes. São eles que “fazem” a Eucaristia. É necessário que haja muitos sacerdotes, para multiplicar as celebrações eucarísticas. Rezar pelos sacerdotes, na Eucaristia, é forma de pedir a comunhão na Igreja, o aumento do amor entre os homens, a alegria pascal essencial para toda a vida cristã. Na Eucaristia supliquemos ao Senhor que envie sacerdotes para a sua Igreja.

• A oração pessoal deve privilegiar as coisas mais importantes da vida de cada um. Na oração pelos sacerdotes, pede-se a sua capacidade para nos acolher, nos perdoar os pecados, nos aconselhar, interceder por nós. A relação pessoal do cristão com os sacerdotes convida à oração por eles para serem fiéis, mas também para que se multipliquem, a fim de a eles se poder recorrer.

• A oração a Nossa Senhora, sobretudo na reza do rosário, constitui uma oração muito forte pelos sacerdotes. Maria é a mãe de todos os sacerdotes e como tal a sua protectora. Rezar a Maria tem o efeito de multiplicar a força do Espírito Santo sobre tantos jovens que se querem entregar à missão sacerdotal.

Há inúmeras formas de fazer oração pelas vocações sacerdotais. Todas elas, no entanto, dependem em grande parte do amor que se tem a Cristo Sacerdote. Pela oração os cristãos pedem a Jesus, Sacerdote Eterno, que chame à missão de serem seus continuadores muitos jovens que depois, pelo sacerdócio, serão nas comunidades presença de Cristo Sacerdote.

4. Todas as comunidades cristãs deveriam estar envolvidas nos movimentos vocacionais. De facto, os sacerdotes vão envelhecendo e é preciso encontrar quem os substitua. Nas primeiras comunidades, as vocações, com a chamada de alguns e a sua resposta para a missão, realizavam-se com extraordinária facilidade. Cada comunidade escolhia os seus sacerdotes. Foi assim com Dionísio Areopagita, nas comunidades gregas, com Tito e Timóteo, nas comunidades fundadas por Paulo. Infelizmente, hoje já não é assim e, por isso, as comunidades não estão preocupadas com a sucessão dos pastores. É uma razão acrescida para a nossa oração. A Paróquia do Campo Grande tem a obrigação de se preocupar com as vocações sacerdotais, religiosas e missionárias. Provavelmente não nos damos conta de que já nasceram vários sacerdotes na nossa comunidade cristã.

• Há 3 sacerdotes diocesanos que cresceram aqui para a fé e para a vocação sacerdotal: o P. César Chantre, pároco no Algarve, o P. Gonçalo Teixeira Dinis, pároco na Sé de Leiria e o P. Valter Malaquias, pároco de S. Pedro em Alcântara. Saudamo-los e rezamos por eles.

• Também aqui nasceram para a vocação alguns sacerdotes na Fraternidade Sacerdotal Verbum Dei: o P. Henrique, o P. Daniel, o P. Filipe e o P. Bernardo. Temo-los muito presentes, acompanhando a sua missão pelo mundo.

• Temos algumas religiosas que, em várias congregações, com os próprios carismas, vão servindo o anúncio do Evangelho. As principais congregações que colaboram com a Paróquia são: a Fraternidade Verbum Dei, as Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo, as Irmãs Teresianas e ainda as Paulinas e as Irmãs de Maria Imaculada.

O que nos é pedido hoje é que se multipliquem as vocações e que tenhamos muitos e santos sacerdotes, muitos e santos religiosos.

5. O Papel das famílias, na procura de vocações, é absolutamente indispensável. As famílias cristãs são alfobre de vocações. O valor máximo da família é a sua fecundidade integral. Não basta a fecundidade física e afectiva, também não basta a fecundidade cultural e social; é fundamental descobrir a fecundidade vocacional, isto é, a ajuda a que os filhos saibam escolher o seu caminho, um itinerário de disponibilidade para os outros. Neste contexto, preocupem-se os pais em que os filhos façam discernimento sobre a sua vocação sacerdotal e missionária, paradigma das famílias cristãs. Que saibam pedir ao Senhor da messe que os seus filhos sejam operários na messe da evangelização.
Peço ao Senhor que toda a comunidade Paroquial do Campo Grande faça oração instante pelas vocações sacerdotais e religiosas.

Pe. Vítor Feytor Pinto
Prior

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