O SÍNODO DIOCESANO – 22 de Junho de 2014

1. Nos primeiros encontros que o Senhor D. Manuel Clemente, como Patriarca de Lisboa, teve com as estruturas Diocesanas, logo afirmou o desejo de realizar, em 2016, um Sínodo. Assim se iria comemorar os 300 anos do Patriarcado a que fora elevada a Diocese de Lisboa. O Senhor Patriarca seguiu assim o pensamento do Papa Francisco que, na Evangelium Gaudium, considerou o Sínodo como uma forma privilegiada de renovação da Igreja na sua dimensão missionária.
Agora, no Dia da Igreja Diocesana, 15 de Junho, o Senhor D. Manuel lançou oficialmente o programa pastoral dos próximos dois anos como forma privilegiada de preparação do Sínodo Lisboa 2016. O título dado a este programa é lindíssimo: “O sonho missionário de chegar a todos”. Esta fórmula contempla três realidades: uma Igreja em saída que quer chegar à cidade dos homens para lhe revelar o Senhor, a universalidade da salvação que deve chegar a toda a gente e a esperança que o sonho missionário contempla. Pode dizer-se que o Patriarcado de Lisboa já está a viver em estado sinodal.

2. Foi no dia de S. Vicente, 22 de Janeiro, que o Senhor Patriarca fez a proclamação solene do Sínodo Diocesano. Tinha presente a proposta do Papa na Evangelium Gaudium que pede às Igrejas locais (as Dioceses espalhadas pelo mundo) se organizem numa preocupação missionária, mas sempre a partir da comunhão eclesial. De facto, a renovação não é possível, como também não se consegue a acção missionária, sem uma profunda unidade nas comunidades cristãs. Jesus no Evangelho foi muito claro ao dizer que “todos sejam um como Tu ó Pai és um em mim e eu um em Ti, por isto creia o mundo que Tu me enviaste (Jo 18, 23). O Papa quer uma Igreja em saída, de portas abertas para chegar a todos, mas o ponto de partida é a comunhão, a unidade profunda, dentro da mesma Igreja. O Sínodo Diocesano é uma forma privilegiada de gerar comunhão e de anunciar essa comunhão ao mundo. Foi na homilia de S. Vicente que D. Manuel Clemente definiu claramente as linhas de força do Sínodo Diocesano.

• O que é um Sínodo?

“A palavra tem origem no grego “synodos” e significa: caminho feito em conjunto. Foi traduzida para o latim como “concilium”, que quer dizer assembleia. O Sínodo Diocesano é uma assembleia que reúne leigos, consagrados e sacerdotes dessa Igreja particular, escolhidos para auxiliar o Bispo Diocesano no exercício da sua função, para o bem de toda a comunidade cristã. É um caminho de reflexão, avaliação, renovação, planeamento e programação, feito em conjunto, com a participação de todos.”

• O porquê de um Sínodo?

“A inspiração para a realização de um Sínodo em Lisboa nasce como acolhimento e resposta à Exortação Apostólica do Papa Francisco, “A Alegria do Evangelho” (publicada a 24 de Novembro de 2013), um programa de missão geral e evangelizadora, em estreita sintonia com o processo de renovação da pastoral da Igreja em Portugal, a que fomos recentemente convidados. O Sínodo acontece no contexto da celebração dos três séculos sobre a qualificação patriarcal de Lisboa, que ocorrerá em novembro de 2016. A sua preparação, a começar já, envolve-nos a todos num processo de discernimento, purificação e reforma, que, como diz o Papa, “não pode deixar as coisas como estão”. Neste sentido, o nosso Bispo a todos quer escutar e convidar a vivermos em estado permanente de conversão e missão.

• O que se pretende?

“Tempo de oração: o “segredo” para que o Sínodo seja um autêntico evento de graça para a Igreja de Lisboa é a oração. Rezemos, desde já, pelos bons frutos do Sínodo.

Tempo de formação, reflexão e partilha: a partir de “A Alegria do Evangelho”, a Igreja de Lisboa é chamada a perscrutar os desafios pastorais atuais para que, em escuta e resposta à Palavra de Deus, à Igreja e ao Mundo, possa ser fiel, credível e próxima, hoje.

Tempo de ensaio de iniciativas pastorais de âmbito missionário: «Ensaio de modos e meios de projeção missionária de cada comunidade – paróquias, institutos, famílias e todas as formas agregativas da vida cristã, local a local, ambiente a ambiente, processo a processo». (Homilia missa crismal, 2014)

• As etapas do Sínodo Diocesano.

A caminhada de preparação para o Sínodo decorrerá ao longo dos próximos dois anos pastorais: 2014-15 e 2015-16. Em cada trimestre seremos conduzidos por um dos capítulos da Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”

Setembro a Dezembro de 2014

“A transformação missionária da Igreja”

 Janeiro a Março de 2015

“Na crise do compromisso comunitário”

Abril a Junho de 2015

“O anúncio do Evangelho”

Setembro a Dezembro de 2015

“A dimensão social da evangelização”

 Janeiro a Março de 2016

“Evangelizadores com Espírito”

No último trimestre do ano pastoral 2016 (de Abril a Junho) construir-se-á o documento de trabalho sinodal, Instrumentum Laboris, a partir das reflexões feitas nos trimestres anteriores. Toda esta caminhada guiar-nos-á à Assembleia Sinodal, que se realizará em Novembro de 2016.
Se queremos mudar o mundo comecemos por nós próprios, pelas nossas famílias, grupos cristãos, comunidades religiosas, movimentos, associações, paróquias, diocese. Enquanto caminhamos em comunhão rumo ao Sínodo, deixemo-nos interpelar – transformar por Jesus Cristo, pela Palavra de Deus e pelos sacramentos, pelo conhecimento do nosso tempo, e pelas pessoas em quem Jesus vem ao nosso encontro.

3. Programa pastoral arrojado, para o Patriarcado de Lisboa. Preparar o Sínodo Diocesano para a renovação profunda de toda a actividade da Igreja, na profecia, na liturgia e, sobretudo, na socio-caridade. “No mundo actual é particularmente necessário que a Igreja Diocesana e todas as suas realidades eclesiais aprofundem em si mesmas esta comunhão, que explica o ser Igreja e o seu dever de ser para o mundo, como sinal e instrumento da comunhão a realizar. O ser e o acontecer da Igreja no mundo e para o mundo constituem o ponto essencial da reflexão e celebração no Dia da Igreja Diocesana” (Homilia 15 Junho). O nosso Patriarca indica então como linhas de força para o programa pastoral dos próximos dois anos um objectivo e uma base de acção:

• O objectivo: expressa-se o sonho missionário de chegar a todos (EG 31), isto é, conseguir levar a todos os homens a pessoa de Jesus Cristo, libertador e salvador.

• A base de acção: cada cristão e cada comunidade há-de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, sendo todos convidados a aceitar esta chamada, “sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 20).

• A prioridade aponta para a acção social e isto por duas razões: a urgência de ir ao encontro dos mais pobres que estão nas periferias, e porque os sinais de solidariedade são os que melhor revelam a pessoa de Jesus Salvador. Também a oração é indispensável. Tinha razão Paulo ao dizer que era eficaz apenas pela graça de Deus, que em si não era vã. Toda a oração faz apelo a esta eficácia de Deus.

Programa urgente, este. Pode ser difícil de executar, mas é imprescindível que as comunidades cristãs se sintam desde já em estado sinodal.

4. A Comunidade Paroquial do Campo Grande quer entrar nesta dinâmica preparatória do Sínodo Diocesano. Em breve se irão propor acções que a todos envolvem, mas que nos obrigam a partir ao encontro daqueles que pelo nosso testemunho possam também encontrar Jesus.

Pe. Vítor Feytor Pinto
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