(Jo 6, 51 e 56)
I LEITURA – Is 25, 6a.7-9
O profeta anuncia que Deus, vai convidar “todos os povos”, para um “banquete de manjares suculentos”, com vista a estabelecer laços de família com “todas as nações”.
Leitura do Livro de Isaías
Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos. Sobre este monte, há-de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; Ele destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o próbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 22 (23), 1-3a.3b-4.5.6 (R. 1 ou 4a)
Refrão: O Senhor é meu pastor: nada me faltará. Repete-se
Ou: Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
nada temo, porque Vós estais comigo. Repete-se
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma. Refrão
Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo
me enchem de confiança. Refrão
Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça,
e o meu cálice transborda. Refrão
A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre. Refrão
II LEITURA – 1 Tes 4, 13-18
«Estaremos sempre com o Senhor»
Leitura da Primeira Epístola do Apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos, para não vos contristardes como os outros, que não têm esperança. Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido. Eis o que temos para vos dizer, segundo a palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido. Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
Palavra do Senhor.
ALELUIA – Jo 6, 51
Refrão: Aleluia Repete-se
Eu sou o pão vivo que desceu do Céu;
quem comer deste pão viverá eternamente. Refrão
EVANGELHO – Jo 6, 51-58
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».
Palavra da salvação.
TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS – A TERNURA DE DEUS
Neste domingo, por coincidir com o 2 de Novembro, Dia de Fiéis Defuntos, a liturgia da Palavra centra-se no grande mistério da vida, a sua finitude. De facto, todos terão um dia o momento da morte, isto é, o tempo da passagem da vida terrena para a vida eterna na casa de Deus. Nas três leituras sente-se a ternura que Deus tem pelo homem. S. Paulo poderá mesmo dizer “que a vida não acaba apenas se transforma” (1 Cor 15), acrescentando também que como Cristo ressuscitou todos vamos ressuscitar (1 Cor 15). Neste sentido a celebração dos Fieis Defuntos refere-se não à morte, mas à vida.
O Livro de Job é paradigmático. Diz-se mesmo que é a história da natureza humana. Job tinha tudo, uma família numerosa, muitos campos, grande influência social e política, um número incontável de amigos. A pouco e pouco vai perdendo tudo, restando-lhe apenas três amigos que lhe perguntam como é que com tanto sofrimento ele continua a confiar em Deus. A resposta constitui a primeira afirmação na Sagrada Escritura de que o nosso Deus é um Deus de vivos: “Eu sei que o meu Redentor está vivo,…Eu próprio O verei, meus olhos O hão-de contemplar” (Job 19, 27). Na simplicidade da palavra de Job sente-se um Deus que é vida e o ser humano que vai participar da ternura de Deus por toda a eternidade.
O Evangelho de Mateus refere expressamente que a relação de Deus com o homem privilegia os mais pequeninos, os mais pobres, os que mais sofrem. Deus enviou ao mundo o seu Filho para que todos os homens, na sua debilidade, sejam salvos. Não é por acaso que Jesus diz “vinde a Mim todos os que andais cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei”(Mt 11, 28). Numa perspectiva de vida para além da morte, aqueles para quem foi pesada a sequência dos dias, o Senhor Jesus também os ressuscitará para a vida eterna.
A grande síntese encontra-se no dizer de Paulo: “desfeita a morada do exílio terrestre adquirimos no céu uma habitação eterna”(2 Cor 5, 1). A morte não é um fim, é apenas uma passagem para a vida. Jesus Cristo ressuscitando celebrou a Páscoa e, todos os homens, também, perante o mistério da morte celebram a Páscoa definitiva. Com razão Paulo acrescenta: “Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos há-de ressuscitar com Jesus e nos levará convosco para junto d’Ele” (2 cor 4, 14). A Bem-Aventurança eterna é a expressão máxima da ternura de Deus.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto (in Revista LiturgiaDiária, ed. Paulus