MARIA, MÃE DA EVANGELIZAÇÃO – 9 de Novembro de 2014

1. A Igreja missionária, anunciada pelo Papa Francisco como enviada ao mundo para o transformar, pode encontrar referência na pessoa de Maria, que trouxe à vida o seu filho Jesus, que seria para todos a Salvação. Quando, na anunciação do Anjo, Maria deu o seu “sim” ao projecto de Deus, ela tornou-se corredentora da humanidade. Como diz Francisco na Evangelii Gaudium: “Maria é serva humilde do Pai que transborda de alegria no louvor; é a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida; é aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas; é o sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça; é a missionária que se aproxima de nós para nos acompanhar ao longo da vida, abrindo os corações à fé com a seu afecto materno; é uma verdadeira mãe que caminha connosco, que luta connosco, que nos aproxima incessantemente do amor de Deus” (EG 286). Esta é uma das páginas mais belas da Exortação Pastoral do Papa. Onde poderá encontrar-se esta Mãe evangelizadora?

• No Evangelho da Infância – Lucas conversou com Maria em Éfeso e Maria falou-lhe da anunciação do anjo, do seu “sim” sem condições, da visita à prima Isabel, do nascimento do Menino em Belém, da fuga para o Egipto e do regresso a Nazaré.

• Nos encontros da vida pública – foi em Caná da Galileia que Maria interpelou Jesus quase forçando-O a um milagre que revelava aos discípulos o Filho de Deus feito Homem. Também em Jerusalém, Maria procurou o seu filho; é certo que Jesus disse que sua mãe e seus irmãos eram os que ouviam a Palavra de Deus e a punham em prática, mas ninguém como Maria obedeceu à Palavra de Deus.

• No silêncio difícil do Calvário – de pé, junto à Cruz, Maria aceitou a responsabilidade de ser mãe de todos os homens. “Mulher, eis aí o teu filho”, estas palavras do crucificado tornavam-na mãe da humanidade inteira.

• Na alegria da manifestação do Espírito, o Pentecostes – naquela manhã de Jerusalém, sentiram-se rajadas de vento impetuoso, desceram línguas de fogo sobre os Apóstolos e Pedro anunciou Cristo Ressuscitado. Maria foi, então, a testemunha que aceitou dedicar o resto da sua vida ao serviço da Igreja nascente.

Desde então, através dos séculos, Maria está sempre presente quando os discípulos de Cristo, em qualquer parte do mundo, anunciam Jesus Ressuscitado. Maria é a Mãe da evangelização.

2. Faz parte da tradição da Igreja cantar hinos de louvor a Maria. Os poemas entoados a Nossa Senhora tornaram-se hinos litúrgicos, as ladainhas afirmaram títulos de extraordinária beleza e até o povo simples construiu cânticos que repetidos pelas multidões revelam a maior devoção e amor. O Papa Francisco, quase a terminar a Evangelii Gaudium, faz invocações a Maria atribuindo-lhe títulos do significado mais profundo.

• Ela é a Mãe da evangelização – foi Maria que anunciou Jesus aos pastores de Belém, aos Magos do Oriente, ao velho Simeão e à profetiza Ana, e até aos discípulos quando se encontraram juntos nas bodas de Caná. Evangelizar é anunciar Jesus.

• Ela é a Mãe da ternura e dos afectos – com estas expressões o Papa Francisco define o que há de mais belo na maternidade. Em qualquer idade as mães desvelam-se em ternura e carinho, em compreensão e ajuda, em preocupação e alegria. Maria é tudo isto para aqueles que por ela conheceram Jesus.

• Ela é a Mãe do amor – esta palavra amor pode ter dois sentidos: o amor divino é o seu Filho que ela oferece incessantemente à humanidade; o amor humano é o sentimento que ela revela em todos os contactos com o mistério dos homens. Este amor assim manifesta-se em todas as visitas que Maria hoje faz à terra nas inúmeras aparições.

• Ela é a Mãe de todos os homens – se Jesus ao dar a vida não excluiu ninguém, se a Igreja através dos séculos se aproxima de todos, Maria é também uma mãe universal que acolhe quem quer que seja independentemente do que é. A mãe de Jesus quer sempre dá-lo a conhecer, por isto a tradição afirma que é por Maria que se chega a Jesus: “per Mariam ad Jesum”.

• Ela é a Mãe da Igreja – quem lê o capítulo 12 do Apocalipse tem consciência de que Maria é mãe universal. De facto, depois de dar à luz o seu filho varão ficou vigilante para proteger todos os seus outros filhos. Neste texto do último livro da Revelação, Maria e a Igreja confundem-se na mesma atitude maternal.

Maria é de facto a mãe da evangelização. Centrou a sua vida toda, desde Belém ao Calvário, na pessoa de Jesus; anunciou-O sempre, no meio de silêncios, como o Filho de Deus feito homem; esteve presente à Igreja no tempo da provação, como depois da Ressurreição, acompanhando os discípulos no Cenáculo, no Pentecostes, em Éfeso, por toda a parte; continua a estar com os cristãos nos muitos caminhos da Igreja.

3. O Papa Francisco, pelo seu amor a Maria, termina a Evangelii Gaudium com uma oração de rara beleza. Vale a pena fazer nossa a oração do Papa, invocando Maria como Mãe da Igreja e nossa Mãe; como Mãe da escuta e da contemplação; como Estrela da nova evangelização; como Mãe do evangelho vivo que é Jesus.
É um convite do Papa a que se confiem a Maria os esforços de evangelização que se fazem nas comunidades cristãs. Com a protecção de Maria todos seremos capazes de anunciar Jesus Cristo àqueles que andam mais longe.

P. Vítor Feytor Pinto
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