1. O primeiro domingo do Ano Novo está consagrado aos Santos Reis Magos. É certo que a festa se celebra a 6 de Janeiro, mas como não está assinalada como um feriado, então é antecipada para o domingo anterior. Hoje sabe-se que a história dos Reis Magos não é mais do que um mito, nascido nas catequeses dos primeiros cristãos, como forma de afirmar a universalidade da salvação. Foi o evangelista Mateus que escreveu esta história lindíssima no seu Evangelho. Jesus não podia ter nascido apenas para o Povo Hebreu que, por sinal, nem o recebeu. São João, no prólogo do Evangelho, diz que Jesus veio para o mundo que O não conheceu e que mesmo os seus não o quiseram considerar como o Messias esperado (cf. Jo 1). Na narrativa evangélica, ficou claro que o menino nascido em Belém não era o desejado, para Ele não há lugar na estalagem; Herodes pretendia matá-lo e os seus não o receberam. O mito dos Magos revelará, por isso, que a sua mensagem será acolhida por todos: “os povos que andavam nas trevas viram uma grande luz” (Is 9.2) e “todos os confins da terra verão a salvação do novo Deus” (Sl 97.3) Os Reis Magos são o sinal da universalidade.
• Vêm dos 3 continentes então conhecidos: África, Ásia e Europa.
• Têm as raças próprias das suas terras longínquas: são um preto, outro mestiço e um branco.
• Trazem especiarias das suas terras: ouro de África, incenso da Ásia e mirra da Europa.
• Todos viram a Estrela e decidiram segui-la.
É muito bela a história dos Magos contada no Evangelho de Mateus. A tradição completou o quadro. Eles voltaram à sua terra, deixando Herodes com as suas intenções maquiavélicas. Viveram até aos 120 anos, encontrando-se na Anatólia a celebrar o Natal e rumaram para a Europa. Os seus corpos, diz a lenda, estão sepultados em urna de ouro e cristal, na catedral de Colónia. Sejam quem forem os Magos, figuram no catálogo dos Santos.
2. A Paróquia dos Santos Reis Magos, ao Campo Grande, é uma das 30 paróquias que, no mundo, tem os Magos por patronos. Então, vale a pena descobrir as linhas de força do maravilhoso mito, para daí tirar conclusões para a nossa vida comunitária. A Igreja do Campo Grande foi construída sobre uma pequena ermida que havia, com outras, no Campo da Feira, às portas de Lisboa. Como o juiz da Irmandade era o Rei de Portugal, a pequenina ermida foi dedicada aos Reis Magos. Em 1730 foi construída a nossa igreja e logo depois considerada paróquia. Passados quase 300 anos, seguir os padroeiros continua a ser um dever para os cristãos desta comunidade. Como será possível fazê-lo?
• Seguindo a Estrela que é Cristo – A única estrela que poderia ter sido vista no Oriente era Jesus Cristo. Foi tal o seu brilho que inundou toda a terra. Jesus ilumina todo o homem que vem a este mundo. Acolhê-lO, amá-lO e segui-lO em tudo é o normal caminho dos cristãos. Cristo está no centro das nossas vidas, é para nós a única referência.
• Enfrentando as dificuldades do caminho longo a percorrer – Quantos problemas ao vir de tão longe. As encruzilhadas, as hesitações, as surpresas, tudo se multiplica na adolescência, na juventude, no estudo, na profissão, na família ou fora dela. Continuar a seguir Jesus, a tê-lo como único objectivo, reformular sempre a fé, não é fácil, mas vale a pena.
• Vencendo os ambientes adversos – Os convites para deixar Jesus, para lhe voltar as costas, são tentações permanentes nalgumas etapas da vida. Fazer discernimento e ter capacidade de ir por outro caminho é o grande apelo para quem é cristão de verdade.
• Oferecendo os melhores presentes – Quantas coisas não há para dar ao nosso Deus! É tempo de pôr ao seu serviço a inteligência, a vontade, a sensibilidade, a riqueza das iniciativas que permitem fazer felizes todos os outros. Se tudo o que se tem é um dom de Deus, retribuí-lo em generosidade acrescentada é sempre uma oportunidade. Aliás, nada melhor do que oferecer a Jesus a própria vida.
• Levando a mensagem de esperança a todo o mundo – Ninguém pode guardar para si aquilo que ama. Se se ama a pessoa de Jesus Cristo, é preciso proclamar a sua mensagem, anunciá-la a toda a gente. Tornar-se mensageiro desta boa nova que é Ele, é a missão do cristão.
A experiência dos Magos é interpelativa. Pode fazer-se como eles: ver a estrela, segui-la no meio das dificuldades, descobrir outros caminhos, oferecer presentes e anunciar o Salvador a toda a gente.
3. A riqueza maior de uma comunidade está no encontro amigo entre todas as pessoas que a constituem. O dia de reis é o dia da festa da Comunidade Paroquial do Campo Grande. Por isso, no dia 6 de Janeiro:
• Celebrar-se-á a Eucaristia da Comunidade às 19 horas. Que todas as pessoas possam estar presentes.
• Será cantada a Misa Criolla, composta pelo argentino Ariel Ramírez, com solos maravilhosos e harmonias para afirmar a nossa fé.
• Depois teremos um convívio de amigos, com bolo-rei e um cálice de Porto. Fazer festa é o sinal maior do nosso amor fraterno e da nossa relação com Deus.
Vamos afirmar a nossa comunidade cristã. Com a protecção dos Santos Reis Magos afirmemos a nossa fé, celebremos a nossa vida cristã em comunidade e perguntemo-nos que melhores respostas a dar aos apelos que nos vêm da cidade.
“Todos os confins da terra verão a Salvação do nosso Deus!” (Sl 97.3)
Bom ano pastoral, em 2015.
Padre Vítor Feytor Pinto – Prior