O NOSSO TESTEMUNHO DA ALEGRIA-15 de Fevereiro de 2015
1. A comunidade cristã tem a sua expressão máxima na Diocese que integra um grande número de outras comunidades a que se chamam paróquias. O Papa Francisco considera a Diocese uma “família de famílias”, o que implica relações de proximidade muito grande entre todas as pessoas, na comunhão com o Bispo e na caridade fraterna com todos os irmãos. À frente desta grande família que é a Diocese está sempre o Bispo, um sacerdote que recebeu a ordenação episcopal e tem como missão governar espiritualmente a Igreja no espaço do território que lhe foi confiado pelo Santo Padre. A relação de todos os cristãos com o seu Bispo é essencial para garantir a unidade da Igreja local. Os sacerdotes participam do único sacerdócio vivido pelo Bispo; os cristãos exercem, a seu modo, a tríplice função profética, sacerdotal e pastoral de Cristo que, em comunhão com o Bispo, lhes é própria. O Bispo está sempre em comunhão total com o Papa, a quem fez um juramento de fidelidade. Com todas estas características da comunhão eclesial cultiva-se, em tudo e sempre, a unidade. O Bispo, no Patriarcado de Lisboa, é o Senhor D. Manuel Clemente. Depois de licenciado em História, sentiu-se chamado ao sacerdócio, frequentou o Seminário dos Olivais, foi ordenado presbítero, trabalhou em várias paróquias, foi professor da Universidade Católica e, depois, reitor do Seminário dos Olivais. O Papa João Paulo II chamou-o ao episcopado no ano 2000, tornando-se então Bispo Auxiliar de Lisboa. Em 2007 o Papa Bento XVI escolheu-o para ser Bispo do Porto e já o Papa Francisco nomeou-o Patriarca de Lisboa. O Senhor D. Manuel Clemente é o nosso Bispo.
•O Bispo é o pai desta grande família diocesana que com extraordinária ternura e muita sabedoria conduz o povo de Deus na nossa diocese, o Patriarcado de Lisboa.
•O Bispo é o pastor que “guarda e conduz as ovelhas”, que está próximo das ovelhas, que no dizer do Papa Francisco tem o cheiro das ovelhas.
•O Bispo é o sacerdote escolhido pelo Papa para ser coordenador do tríplice ministério de Jesus Cristo, a profecia, o sacerdócio e a acção pastoral.
•O Bispo é quem, na grande família de Deus, vai à frente indicando o caminho, aceitando correr os riscos, reafirmando constantemente um profundo amor a todos os cristãos.
O Senhor Patriarca é na Diocese tudo isto, mas é sobretudo uma presença viva de Jesus para ajudar todos os cristãos no seu caminho de fidelidade ao Evangelho, no seu esforço de presença no mundo para irradiar valores que a sociedade actual parece desconhecer, para testemunhar alegria em todas as situações. Porque o ser cristão implica viver sempre em Alegria Pascal.
2. O Senhor D. Manuel Clemente acaba de ser criado Cardeal da Santa Igreja pelo Papa Francisco. Foi neste dia 14 de Fevereiro que em Roma o Papa lhe impôs o chapéu cardinalício. Aos 15 cardeais que o Papa Francisco acaba de criar, o Santo Padre enviou uma carta interessantíssima que define o papel de um Cardeal na Santa Igreja. Vale a pena transcrevê-la na íntegra:
“Caro irmão,
Hoje foi publicada a tua designação como Cardeal da Santa Igreja Romana. Que a minha saudação e minhas orações cheguem a ti. Peço ao Senhor que te acompanhe neste novo serviço, que é um serviço de ajuda, suporte e proximidade especial à pessoa do Papa e para o bem da Igreja. E justamente para que essa dimensão de serviço seja exercitada, o cardinalato é uma vocação.
O Senhor, por meio da Igreja, chama-te uma vez mais a servir, e a ti fará bem ao coração repetir na oração a expressão que Jesus sugeriu aos seus discípulos para que se mantivessem na humildade. Digam: ‘Somos servos inúteis’, e isso não como fórmula de boa educação mas como verdade depois do trabalho ‘quando fizerdes tudo o que vos foi mandado’ (Lc 17, 10).
Manter-se com humildade no serviço não é fácil quando se considera o cardinalato como um prémio, como o ápice de uma carreira, uma dignidade de poder ou de distinção superior. Desde já, o teu compromisso quotidiano para manter afastadas estas considerações e, sobretudo, para recordar que ser Cardeal significa servir na Diocese de Roma para dar testemunho a esta Ressurreição do Senhor e dá-lo totalmente, até o sangue, se necessário.
Muitos ficarão felizes por esta tua nova vocação e, como bons cristãos, farão festa (porque é característica do cristão alegrar-se e saber festejar). Aceita-o com humildade. Faz com que, nestes festejos, não se insinue o espírito da mundanidade que embriaga mais do que ‘grapa’ (aguardente) em jejum, desorienta e separa da cruz de Cristo.
Ver-nos-emos no dia 14 de Fevereiro. Prepara-te com oração e um pouco de penitência. Mantem-te em paz e alegria. E por favor peço-te que não te esqueças de rezar por mim. Deus te abençoe e a Virgem Maria te proteja. Fraternalmente, Franciscus”.
Nesta maravilhosa carta sublinham-se notas extraordinárias sobre o que é o cardinalato:
•Ser Cardeal é uma vocação, é um chamamento de Deus, não é nem um prémio, nem o topo de uma carreira. É portanto uma missão extraordinária em que se é conduzido pelo Espírito Santo na comunhão total com o Papa.
•Ser Cardeal é um serviço. Há inúmeras actividades na Igreja Universal que devem ser realizadas com um sentido missionário profundo. Servir o Evangelho, servir os mais pobres, servir os que andam longe da fé, servir a todos, segundo as orientações do Papa é missão de um Cardeal.
•Ser Cardeal é um exercício de humildade que exige muita simplicidade no trato, a maior disponibilidade para todos, a alegria serena só possível quando se tem um coração universal.
•Ser Cardeal é estar próximo do Papa para trabalhar em Roma sempre que necessário nas tarefas específicas que lhe sejam confiadas.
•Ser Cardeal é, finalmente, participar nos Consistórios, nas reuniões dos cardeais e estar no Conclave, na eleição dos Papas futuros.
É para esta missão, tão bela mas tão delicada, que o Senhor D. Manuel Clemente foi escolhido. A partir de agora o Cardeal Clemente, nosso Patriarca, participará activamente na vida da Igreja Universal.
3. Com razão o Papa Francisco afirmou ser natural a alegria das comunidades cristãs quando o Bispo de uma Diocese é chamado ao Colégio Cardinalício. Neste fim de semana a Igreja de Lisboa está em festa. Todos os cristãos do Patriarcado de Lisboa estão felizes com o seu Bispo. Acompanhamos pela televisão as cerimónias de Roma, rezamos pelo Senhor D. Manuel agradecendo a Deus a vocação a que foi chamado, pedimos para ele o dom da fidelidade e sobretudo as graças necessárias para exercer tão delicada função na Igreja. Que o Senhor o encha das maiores graças. No próximo dia 22 de Fevereiro, no Mosteiro dos Jerónimos, o Cardeal Clemente, nosso Patriarca, agradecerá todas as expressões de amizade que nesta altura lhe são prestadas. Que os cristãos do Campo Grande possam participar nesta maravilhosa homenagem.
Pe. Vítor Feytor Pinto
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