“VIU E ACREDITOU”
(Jo, 20, 8)
I Leitura – Act. 10, 34a, 37-43
Pela Ressurreição, de que Pedro é testemunha, Jesus de Nazaré é o Juiz dos vivos e dos mortos, é o Salvador de todos os homens, judeus ou pagãos.
Leitura dos Actos dos Apóstolos Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se¬, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados». Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial – Sal. 117(118), 1-2, 16ab-17, 22-23
Refrão: Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Diga a casa de Israel: é eterna a Sua misericórdia. Refrão
A mão do Senhor fez prodígios, a mão do Senhor foi magnífica. Não morrerei, mas hei-de viver, para anunciar as obras do Senhor. Refrão
A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor: e é admirável aos nossos olhos. Refrão
II Leitura – Col. 3, 1-4
Pelo seu Baptismo, o cristão morreu para o pecado e ressuscitou com Cristo para uma vida nova. Desde esse momento, recebeu a missão de, à semelhança de Cristo, conduzir os homens e todas as coisas para o Pai.
Leitura da Epístola do Apóstolo S. Paulo aos Colossenses Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória. Palavra do Senhor.
Ou: I Cor 5, 6b-8 Para significar o começo de uma nova existência, que teve lugar com a libertação do Egipto, os judeus celebravam a Páscoa com pão sem fermento, pois deitavam para fora de casa o fermento antigo.
Leitura da Primeira Epístola do Apóstolo S. Paulo aos Coríntios Irmãos: Não sabeis que um pouco de fermento leveda toda a massa? Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa, visto que sois pães ázimos. Cristo, o nosso cordeiro pascal, foi imolado. Celebremos a festa, não com fermento velho, nem com fermento de malícia e perversidade, mas com os pães ázimos da pureza e da verdade. Palavra do Senhor.
SEQUÊNCIA PASCAL
À Vítima pascal Ofereçam os cristãos sacrifícios de louvor O Cordeiro resgatou as ovelhas: Cristo, o Inocente, reconciliou com o Pai os pecadores. A morte e a vida travaram um admirável combate: depois de morto, vive e reina o Autor da vida. Diz-nos, Maria: Que viste no caminho? Vi o sepulcro de Cristo vivo, e a glória do ressuscitado. Vi as testemunhas dos Anjos, vi o sudário e a mortalha. Ressuscitou Cristo, minha esperança: precederá os seus discípulos na Galileia. Sabemos e acreditamos: Cristo ressuscitou dos mortos: Ó Rei vitorioso, tende piedade de nós.
ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO – I Cor 5, 7b-8a
Refrão: Aleluia. Repete-se
Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado: celebremos a festa do Senhor. Refrão
Evangelho – Jo 20, 1-9
Pedro e João, juntamente com Madalena, são as primeiras testemunhas do túmulo vazio, naquela manhã de Páscoa. Não foi, porém, muito facilmente que eles chegaram à conclusão de que Jesus estava vivo. A sua fé será progressiva, caminhará entre incredulidade e dúvidas. Só perante as ligaduras e o lençol, cuidadosamente dobrados, o que excluía a hipótese de roubo, se lhes começam a abrir os olhos para a realidade. No seu amor intuitivo, João é o primeiro a compreender os sinais da Ressurreição. Mas bem depressa Pedro, que, não por acaso mas intencionalmente, ocupa o primeiro lugar e nos aparece já nesta manhã como Chefe do Colégio Apostólico, descobre a verdade, anunciada tão claramente pela Escritura e pelo mesmo Jesus. Depois, em contacto pessoal com o Ressuscitado, a sua fé tornar-se-á firme como «rocha» inabalável.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. João No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo que Jesus amava e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro¬. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro:¬ viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos. Palavra da Salvação.
Em vez deste Evangelho pode ler-se o que se leu na Vigília da Noite Santa.
Jesus amou “até ao fim”(Jo 13, 1), a seu Pai e a seus irmãos. O Pai, que se mantivera em silêncio no Jardim das Oliveiras, durante o Julgamento e nas longas horas da Cruz, respondeu à sua fidelidade ressuscitando-O dos mortos; e a ressurreição foi para os Apóstolos a prova de que o seu Mestre é realmente “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).
Escrevendo aos Coríntios, pelo ano 57, S. Paulo recorda: Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos, a maior parte dos quais ainda vive. Depois, apareceu a Tiago e, a seguir, a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim …, que nem sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus.”(I Cor 15, 3-7).
Cada uma destas aparições deve ter tido um significado especial para aquele ou aqueles a quem era feita. Mas a aparição aos Apóstolos na tarde do Domingo de Páscoa era de algum modo para toda a Igreja. “Ao anoitecer daquele dia, estando fechadas as portas, … veio Jesus, colocou-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós». Em seguida, soprou sobre eles, e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados…” (Jo 21,19-23).
A missão de Jesus tinha sido fielmente cumprida, mas era preciso que a Palavra, o Batismo, a Eucaristia, fossem anunciados a todo o mundo; era preciso que o amor infinito de Jesus fosse dado a todos os homens. Na última ceia, Jesus tinha dito aos Apóstolos que os não considerava como servos, mas como amigos. Por isso os não envia como simples mensageiros, quer que a sua missão encarne neles. Reciprocamente, Jesus espera da sua Igreja – de cada um de nós – que se identifique com Ele: na maneira de tratar os pobres, os humildes, os doentes, os pecadores. Na aceitação do risco de anunciar a Verdade, isto é, a Boa Nova, como Ele anunciou. No amor – a Ele e a todos os homens, que são nossos irmãos.
Sabemos que Cristo não veio simplesmente confirmar aquilo que os judeus crentes pensavam. Veio dizer que Deus é diferente – não é o Juiz implacável de que falava a Sinagoga, é o Pai que compreende e perdoa, porque ama sem fim. Veio dizer que a santidade é diferente do que faziam supor aqueles programas antigos: é o risco de nos sacrificarmos pelo bem dos irmãos, na verdade, mas também na pobreza de nós mesmos, talvez na humilhação e no martírio. Veio dizer que aquilo que nos está prometido não é simplesmente uma felicidade maior, é a participação da própria vida de Deus: “Vede que amor tão grande o Pai nos concedeu, a ponto de nos podermos chamar filhos de Deus – e realmente o somos! (…) Quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é” (Jo 3, 2).
Esta identificação com o Senhor Jesus Cristo, nós a procuramos incorporando-nos na sua Igreja; professando a fé; recebendo o baptismo; rezando, a sós ou com os irmãos; participando na Eucaristia; dando testemunho em palavras e nas obras; aceitando o perdão dos nossos pecados e perdoando a quem nos tenha ofendido; não tendo medo da morte; amando, nós também, “até ao fim”.
(*) Uma homilia do Pe. João Resina