O JUBILEU DA MISERICÓRDIA – 6 de Dezembro de 2015

1. O Papa da ternura, Francisco, ao olhar para o mundo contemporâneo teve consciência de que se vive num tempo onde não há lugar para o amor. Multiplicam-se os conflitos, marginalizam-se as pessoas, complicam-se as relações humanas numa sociedade dominada quase exclusivamente pelos egoísmos pessoais ou de grupo. É a economia que mata, o dinheiro que se sobrepõe ao cuidado das pessoas, as desigualdades gritantes entre a pobreza e a abundância, a marginalização de muitos que ficam deixados à beira do caminho. Perante tudo isto, o Papa Francisco decidiu convocar o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, como tempo favorável para a Igreja, a fim de tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes. Este Ano Santo deverá ser para todos um verdadeiro momento de encontro com Deus, uma experiência viva de proximidade do Pai, uma oportunidade de sentir pessoalmente a ternura do Senhor para que a fé de cada crente se revigore e, assim, o testemunho se torne cada vez mais eficaz. 

. Este Ano Santo da Misericórdia começa a 8 de Dezembro, sob a protecção de Maria, a Mãe da Misericórdia. 

. Abrem-se as Portas Santas, em Roma e em todas as catedrais do mundo. Passar a Porta Santa é uma oportunidade de aceitar a misericórdia de Deus e viver o carinho e a ternura de um Deus que perdoa sempre. 

. Passar a Porta Santa significa também o compromisso de ser misericordioso para com todos os outros, sobretudo para com os mais pobres, os mais vulneráveis, os que mais sofrem. 

. Finalmente, entrar num santuário por uma porta diferente, suscita uma profunda comunhão com o Papa para com ele estabelecer uma aliança, em trabalho organizado, para a transformação da Igreja e do mundo. Este é o significado da oração que se faz pelas intenções do Santo Padre.

Todos os cristãos entram em estado de Jubileu, com a certeza de uma maravilhosa relação com o Senhor que é “clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia” (Slm 103). Ao mesmo tempo, cada cristão assume ser missionário da misericórdia para levar a todos resposta aos seus inúmeros problemas. É o desafio da caridade.

2. Mas, afinal, o que é a Misericórdia? Neste tempo privilegiado, independentemente dos pecados dos homens, Deus responde sempre com a plenitude do perdão. A misericórdia será sempre maior do que qualquer pecado e ninguém pode colocar qualquer limite ao amor de Deus que perdoa. O que é, então, a misericórdia? 

. É fonte de alegria, serenidade e paz. Sabe-se que Deus está sempre com o ser humano, seja qual for a sua história.

. É condição da nossa salvação. Se o homem é pecador, só pode ser salvo pelo perdão incondicional e, esse, é dado por um Deus que é Pai. 

. É revelação do mistério da SS. Trindade. Deus Pai amou tanto o mundo que lhe deu o seu próprio Filho, não para condenar o mundo, mas para que este, pelo Amor (Espírito), seja salvo. 

. É o acto último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Um Deus que se faz próximo, que compreende a fragilidade humana e se torna disponível para um amor que perdoa sem condições. 

. É a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa. Permite a aproximação com ternura a qualquer irmão que se encontra no caminho da vida. “O que fizeres ao mais pequenino, é a mim que o fazes” (Mt 25, 40), disse o Senhor. 

. É o caminho que une Deus ao homem, abre o coração de cada um à esperança de ser amado para sempre, apesar da limitação da sua culpa.

Esta descrição da misericórdia, na dupla vertente da relação com Deus e da relação com os outros, indicada pelo Papa Francisco na Bula da criação do Jubileu, é de uma beleza incalculável, mas é sobretudo uma extraordinária razão de amor e de esperança.

3. Viver o Jubileu, em termos pastorais, constitui uma experiência única de pôr em prática a afirmação de Tiago na sua carta. Ele diz que “a fé sem obras é morta”. No Jubileu tem de experimentar-se, pela fé, a misericórdia infinita de Deus. Têm, também, de realizar-se obras de misericórdia reveladoras da fé que se vive em comunhão com Deus.

. A misericórdia de Deus celebra-se na consciência do perdão que, com a maior ternura, Deus concede ao homem. Um Deus que é Pai nunca condena; está sempre disposto a acolher e a perdoar. 

. A misericórdia de Deus vive-se também no sacramento da Reconciliação que, no dizer do Papa Francisco, não é uma câmara de tortura, mas é um lugar privilegiado da ternura e da misericórdia de Deus (EG 44). 

. A misericórdia na relação humana é vivida por todos os cristãos através de expressões muito concretas que, na tradição cristã, se chamam obras de misericórdia corporais e espirituais. 

. Com a misericórdia corporal, dá-se de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, de vestir a quem tem frio, de presença serena a quem está preso ou doente. 

. Com a misericórdia espiritual, acolhem-se os indecisos, consolam-se os aflitos, perdoam-se as ofensas, suportam-se os que nos incomodam.

Que grande programa para o Ano Santo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia! Às vezes anda-se à procura do que será necessário para se ser cristão. Tudo se resume no duplo amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. É a síntese maravilhosa da misericórdia.

4. Na nossa comunidade paroquial do Campo Grande, vamos celebrar com exigência o Ano Santo da Misericórdia, o Jubileu Extraordinário. Começamos com dois convites: 

. Participar no início do Jubileu, a 9 de Dezembro, pelas 19.30h, numa vigília conduzida pelos jovens da nossa comunidade. 

. Viver o mistério da Reconciliação, na Vigília da Misericórdia, a 16 de Dezembro, pelas 21h, podendo participar individualmente no sacramento do perdão.

Será a melhor forma de nos prepararmos com exigência e alegria para celebrar o Natal. Neste ano a misericórdia é a chave deste tempo de Advento. E que Maria, Senhora da Misericórdia, nos acompanhe.

Pe. Vítor Feytor Pinto - Prior

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