UMA CERTEZA, A PROTECÇÃO DE DEUS – O acto de fé começa sempre por ser um acto de confiança. Deus que é Pai não pode deixar de preocupar-se com os seus filhos, querendo para eles tudo o que seja de melhor. Por isso mesmo justifica-se que, nos tempos de aflição, o ser humano recorra a Deus para que, protegendo-o, lhe dê força para ultrapassar as dificuldades. Com razão Lucas, no seu Evangelho, coloca na boca de Jesus palavras que convidam à confiança. “Batei e abrir-se-vos-á, buscai e encontrareis, pedi e dar-se-vos-á” (Lc 11, 9) são convite para ir ao encontro de Deus, pedindo apoio para os problemas que surgem no dia a dia. Esta é a oração súplica, própria daqueles que, conscientes da sua fraqueza, têm a certeza de que é Deus a sua força.

A liturgia deste domingo revela duas situações em que a súplica é fonte de eficácia. Foi o caso de Moisés na luta de Josué contra os Amalecitas. Quando Moisés tinha os braços erguidos em súplica a Deus os exércitos israelitas avançavam confiantes e venciam, se deixava cair os braços Israel perdia terreno. Aarão e Ur seguraram os braços de Moisés em súplica que não podia esmorecer. Depois, o Evangelho fala também do juiz iníquo que acabou por acolher o pedido de justiça daquela mulher viúva que lhe batia à porta. Atendeu-a, não pela justiça do pedido, mas para não ser perturbado no seu conforto. O Evangelho recomenda a insistência na súplica, para que, nessa prova de confiança, as respostas de Deus sejam constante razão de esperança.

Os cristãos têm o dever de orar sempre e nunca desanimar (cf Lc 18). A súplica é a forma mais simples de orar, mas não deixa por isso de ser a expressão de uma grande confiança no Senhor que salva. Na Carta a Timóteo, Paulo convida à fidelidade na relação com Deus. Os cristão aprenderam a orar, inspiraram-se na Palavra, querem viver a sabedoria de Deus. Tudo isto só é possível numa relação pessoal que a oração súplica facilita. Se outras formas se não conseguem para fazer oração, que ao menos a súplica nas horas difíceis, seja expressão de uma confiança que é o primeiro sinal do amor.

 Monsenhor Vítor Feytor Pinto

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LITURGIA DA PALAVRA

«Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos,

que por Ele clamam dia e noite?»

(Lc 18, 7)

I LEITURA – Ex 17, 8-13

O poder da fé e da oração, apresentado numa narrativa tradicional.

Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias, Amalec veio a Refidim atacar Israel. Moisés disse a Josué: «Escolhe alguns homens e amanhã sai a combater Amalec. Eu irei colocar-me no cimo da colina, com a vara de Deus na mão». Josué fez o que Moisés lhe ordenara e atacou Amalec, enquanto Moisés, Aarão e Hur subiram ao cimo da colina. Quando Moisés tinha as mãos levantadas, Israel ganhava vantagem; mas quando as deixava cair, tinha vantagem Amalec. Como as mãos de Moisés se iam tornando pesadas, trouxeram uma pedra e colocaram-na por debaixo para que ele se sentasse, enquanto Aarão e Hur, um de cada lado, lhe seguravam as mãos. Assim se mantiveram firmes as suas mãos até ao pôr do sol e Josué desbaratou Amalec e o seu povo ao fio da espada.
Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 120 (121), 1-8 (R. cf. 2)

Refrão: O nosso auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Repete-se

Levanto os meus olhos para os montes:
donde me virá o auxílio?
O meu auxílio vem do Senhor,
que fez o céu e a terra. Refrão

Não permitirá que vacilem os teus passos,
não dormirá Aquele que te guarda.
Não há-de dormir nem adormecer
Aquele que guarda Israel. Refrão

O Senhor é quem te guarda,
o Senhor está a teu lado, Ele é o teu abrigo.
O sol não te fará mal durante o dia,
nem a lua durante a noite. Refrão

O Senhor te defende de todo o mal,
o Senhor vela pela tua vida.
Ele te protege quando vais e quando vens,
agora e para sempre. Refrão

II LEITURA – 2 Tim 3, 14 – 4, 2

S. Paulo incute no seu discípulo Timóteo a leitura e a divulgação da Sagrada Escritura.«

Leitura da Segunda Epístola do Apóstolo São Paulo a Timóteo
Caríssimo: Permanece firme no que aprendeste e aceitaste como certo, sabendo de quem o aprendeste. Desde a infância conheces as Sagradas Escrituras; elas podem dar-te a sabedoria que leva à salvação, pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça. Assim o homem de Deus será perfeito, bem preparado para todas as boas obras. Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há-de julgar os vivos e os mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: Proclama a palavra, insiste a propósito e fora de propósito, argumenta, ameaça e exorta, com toda a paciência e doutrina.
Palavra do Senhor.

ALELUIA – Hebr 4, 12

Refrão: Aleluia. Repete-se

A palavra de Deus é viva e eficaz,
pode discernir os pensamentos
e intenções do coração. Refrão

EVANGELHO – Lc 18, 1-8

O juiz desonesto fez justiça à viúva porque ela a importunava.  Deus é por nós, mas quer que insistamos.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar: «Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário’. Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens; mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me indefinidamente’». E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!… E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?».
Palavra da salvação.